Olá meu
povo, como estamos? Hoje temos a resenha de mais um thriller por aqui. Dessa
vez, é sobre ‘As Esposas’, um lançamento de 2022 que li pelo Clube Lendo com Os Morcegos.
Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna |
Obs.: Pode ter gatilhos de violência doméstica
46/24
Livro: As Esposas
Autora: Tarryn Fisher
Tradução: João Pedroso
Editora: Record
Páginas: 336
Ano: 2022
Seth tem um arranjo matrimonial nada convencional, vivendo com três esposas. Cada uma delas tem um único dia na semana para viver como marido e mulher com ele. Porém, todas o amam tanto que não se importam nem um pouco em dividi-lo. Bom, pelo menos é isso que a esposa das quintas-feiras diz a si mesma. Um dia, no closet do marido, a esposa das quintas-feiras encontra um recibo de uma consulta médica no nome de Hannah Ovark e jura que essa mulher é uma das esposas. Até então, ela achava que lidava bem com a situação, mas, depois de encontrar algo que poderia ser uma potencial pista, não consegue se controlar. Ela vai atrás da suposta esposa, a encontra e faz de tudo para ficar amiga dela. Só que a mocinha não tem a menor ideia de nada. Até que algo muito curioso começa a acontecer. Toda vez que elas se encontram para tomar um café, Hannah está com um novo hematoma no corpo, e a mulher das quintas-feiras tem certeza de que a outra está em um relacionamento abusivo. O problema é que Seth nunca demonstrou ser um homem violento com a esposa das quintas-feiras. O que poderia estar acontecendo, então? Isso faz com que ela comece a se perguntar se conhece de fato o marido. E quem seria a terceira esposa? Estaria ela correndo perigo também?
Seth é um homem
de gostos peculiares, ao menos é o que acha uma de suas esposas. Sim, você leu
certo. Ele tem três mulheres com as quais vive um casamento do tipo poligâmico.
Os
relacionamentos são em casas distintas e cada uma das parceiras tem um dia
exclusivo para passar com o marido. Por conta disso, Seth não as chama pelo
nome, mas pelo dia da semana que elas representam: Segunda, Terça e Quinta.
No entanto, os
casamentos parecem ter segredos demais e logo Quinta percebe que mal conhece o
próprio marido, especialmente quando descobre quem são as outras mulheres. Aos
poucos, ela começa a investigar fatos do passado de Seth e passa a temer pela
própria vida.
“O cair da ficha é um processo lento, em banho-maria, mas, uma vez que acontece, a raiva é fervente e transbordante.”
‘As Esposas’ é um
lançamento de 2022, mas que só conheci através do clube de Lendo com os
Morcegos. Do contrário, passaria batido do meu radar.
A trama é narrada
em primeira pessoa, pelo ângulo de Quinta. Confesso que fiquei o tempo todo me
perguntando se esse, de fato, era o nome dela ou apenas apelido, já que as
demais esposas eram denominadas de Segunda e Terça, cujos respectivos nomes
foram revelados depois.
Talvez até seja, se levar em consideração que o nome
original em inglês pareça mais sonoro como nome próprio do que a tradução.
A protagonista é
uma esposa dedicada, sempre ansiosa pelo seu dia exclusivo de encontrar o
marido. Quando está por perto, Seth é o parceiro perfeito.
Sempre atento ao que
a mulher precisa, faz de tudo para agradá-la em todos os sentidos e fazê-la
viver um paraíso até o final do dia.
Depois ele parte de volta para a cidade
onde trabalha e convive com as outras, virando quase um fantasma até a próxima
semana.
E, durante esse
intervalo, Quinta se pergunta o que as outras mulheres fazem, quem poderiam ser
e como agradariam seu marido quando ela estava longe.
Tais questionamentos,
apesar de cansativos, repetitivos e até chatos em um primeiro momento, passam a
ter certo fundamento ao longo da leitura.
“A vida é isso para as mulheres, um jogo no qual elas ficam esperando.”
Seth faz questão
de manter segredos sobre cada esposa, embora jure que todas estão de comum
acordo com o casamento poligâmico.
Além disso, seu próprio passado permanece um
grande mistério para Quinta. Ela parece cada vez mais desconfiada de que haja
algo errado com o comportamento do marido, o qual muda da água para o vinho.
O homem
simpático, charmoso e doce passa a ser um cara grosso e violento, para depois
fingir que nada aconteceu. Isso, por si só, já é assustador. Quinta precisa
saber se as demais esposas sofrem o mesmo tipo de abuso ou não.
Suas
investigações começam quando ela acha uma pista com o nome de uma das possíveis
esposas, Hannah.
Logo, as moças fazem amizade e começam a conversar bastante.
Contudo, Quinta percebe que sua nova amiga sempre aparece com um hematoma no corpo.
Embora Hannah
alegue não ser nada demais e sempre mude de assunto, Quinta está muito
determinada a descobrir do que seu marido é capaz, especialmente se ele julga
que tais mulheres não se conhecem.
Assim, a protagonista começa a investigar a
fundo que está acontecendo entre todos e vai parar numa teia de segredos cada vez
mais difícil de sair.
O tempo é curto e
Quinta precisa saber se pode salvar a si mesma e as outras envolvidas no caso.
Porém, vários acontecimentos fazem dela uma narradora não confiável.
Além disso,
nada parece fazer sentido e todo mundo mente o tempo inteiro. O que é verdade
em um capítulo deixa de ser no seguinte e eu me perguntava quem era o
verdadeiro vilão ou vítima dessa história.
Eu precisava de
respostas e a escrita fluida da autora também me ajudou a praticamente devorar
o livro em poucos dias.
E, mesmo criando n teorias no decorrer da leitura, fui
feita de trouxa e terminei sem acreditar no que havia lido, de tão absurdo, mas
ao mesmo tempo, real e perfeitamente possível de acontecer.
No
entanto, mesmo que a ideia central da obra seja maravilhosa, passei raiva em
diversos momentos com os personagens.
A começar pela própria Quinta, minha
impressão a seu respeito variou bastante ao longo da leitura.
Comecei sentindo
verdadeiro ranço por ela, por conta de comparações constantes que fazia e
sempre queria ser a esposa favorita de Seth.
Isso muito me incomodou, de modo
especial por causa do jeito depreciativo com o qual trata as demais mulheres,
como se fosse uma eterna competição.
Contudo, embora
incômoda e desnecessária ao meu ver, foi uma condição que todas supostamente
aceitaram de comum acordo.
Logo, não havia motivos para as ações de Quinta em
relação a isso. Só tornou a leitura cansativa e repetitiva em diversos
momentos. Eu já revirava os olhos a cada nova comparação.
Porém, conforme
entendia o que se passava com a moça e conhecia os demais personagens, me vi
tendo pena dela.
Além disso, me pergunto como ninguém percebeu que tinha algo
de errado. Ou pior, se notaram e fizeram nada para impedir situações
constrangedoras e humilhantes pelas quais a coitada passou.
Por isso, mesmo
achando que foram absurdas, não posso culpar a personagem por agir da forma
como agiu.
“A vergonha é uma ferramenta poderosa para te levar a cair na realidade.”
Hannah, por sua
vez, é a mais jovem e inocente das esposas. No entanto, existe um limiar entre
inocência e burrice.
Perdi as contas de quantas vezes eu queria entrar no livro
só para dar uns catiripapos nela para ver se acordava para a vida e deixava de
ser besta.
Estava na cara que todo mundo a passava para trás, mas ela
continuava no conto de fadas, vivendo seu eterno “final feliz” e agindo como
uma donzela indefesa.
Depois, queria
pagar de esperta, mas na página seguinte dava para trás e ficava com cara de
boba. Toda vez que vejo uma personagem com meu nome, torço para que se dê bem,
pois de certa forma me vejo no lugar delas, mas dessa Hannah eu quero
distância, isso sim.
Já a outra
esposa, cujo nome é revelado também, porém aqui continuarei chamando de Terça,
é uma psicopata e mal amada.
A mulher não tem empatia por ninguém e só pensa
numa vingança tão idiota que me pergunto o porquê de perder tempo mirando no
alvo errado, quando poderia fazer algo de mais útil na vida.
Tive ranço dessa
criatura desde a primeira vez que apareceu e continuei assim até o final.
Confesso que gostei do destino dela e achei que foi merecido.
Mas nada disso
teria acontecido se Seth não fosse um completo babaca, com mania de colecionar
esposas, pelo motivo mais egoísta e ridículo possível.
Sinceramente, não me
convenceu o que ele alegava para dizer que queria uma nova companheira, sem
largar das outras.
De fato, ele teve
muito jogo de cintura para dar conta de três relacionamentos. Porém, isso não o
isenta de ser um homem nojento, egoísta e ridículo.
Como resultado, o que era
para ser algo moderninho e sem rótulos só se tornou um poço de amargura para
mulheres com a mente quebrada, se sentindo um lixo e vivendo atrás de migalhas,
enquanto o “rei’ se sentia poderoso.
“Pelo amor de Deus, qual é o meu problema? Como fui me meter nessa história?”
O desfecho amarra
as pontas soltas do decorrer da trama, porém não todas. Também não achei que
foi totalmente satisfatório, em especial pelo que vinha sendo desenvolvido.
Senti que a autora queria causar demais e acabou jogando todas as respostas de
uma única vez no colo do leitor, como uma batata quente, e saiu correndo.
A impressão que
me deu foi que ela precisava fechar tudo com o prazo curto e não teve carinho
ao completar o arco de acontecimentos. Apesar disso, acho desnecessária uma
continuação.
Em relação à obra
em si, li em versão digital. Então, posso afirmar que tem uma diagramação bem
feita, assim como a revisão.
A capa é sombria e condizente com a trama, ainda
que não ache das mais bonitas, embora seja objetiva e sem muitas firulas.
Gostei
da obra, embora com ressalvas, e recomendo, se você curte um suspense com
narrador não confiável. Porém, não crie expectativas.
E aí, já leram algum esse livro, ou algum outro da autora? Me contem aí!
OBS.: Texto revisado por Emerson Silva
Oi!
ResponderExcluirSó conheço o trabalho da Tarryn por conta do "Nunca Jamais" (que não gostei) e não tinha ouvido falar dessa obra, que não me chamou a atenção, mas gostei de saber que o livro tem uma narradora não confiável.
Beijão
https://deiumjeito.blogspot.com/
Oi Giovana, essa foi minha primeira experiência com os livros da autora. Até tenho outro livro dela aqui, que ganhei de presente. Mas pelo que estão me falando, ela deve ter um padrão mesmo com os enredos meio doidos. Esse 'Nunca Jamais' não conheço.
ExcluirOlá, gostei muito da sua resenha, apesar de não ter lido esse nem outros desta autora. Parabéns pelo seu cantinho ♥ voltarei mais vezes! =*
ResponderExcluirhttps://www.namoradanerd.com.br
Fico feliz que gostou do Mundinho. Seja sempre bem vinda por aqui, viu? ^^
ExcluirOi, Hanna. Tudo bem? Que bom que gostou da obra, parece ser muito instigante essa leitura. Abraço!
ResponderExcluirhttps://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/
Sim, é boa, apesar das ressalvas, rsrs.
ExcluirOi Hanna! Eu já tinha lido sua opinião lá no Insta. Eu amo esta autora e a forma como ela consegue criar histórias envolventes, mesmo com um bando de personagens detestáveis e nada confiáveis. Este livro dela ainda não li, mas quero conferir e já vou alertada sobre esta questão do final corrido. Bjos!! Cida
ResponderExcluirMoonlight Books
Você definiu bem a obra, Cida! haha
ExcluirEspero que possa ler esse livro e depois quero saber o que achou.