As Esposas | Tarryn Fisher

em 10 setembro 2022

    Olá meu povo, como estamos? Hoje temos a resenha de mais um thriller por aqui. Dessa vez, é sobre ‘As Esposas’, um lançamento de 2022 que li pelo Clube Lendo com Os Morcegos


As Esposas | Tarryn Fisher
Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna




Obs.: Pode ter gatilhos de violência doméstica 

46/24

Livro: As Esposas

Autora: Tarryn Fisher

Tradução: João Pedroso

Editora: Record

Páginas: 336

Ano: 2022



Seth tem um arranjo matrimonial nada convencional, vivendo com três esposas. Cada uma delas tem um único dia na semana para viver como marido e mulher com ele. Porém, todas o amam tanto que não se importam nem um pouco em dividi-lo. Bom, pelo menos é isso que a esposa das quintas-feiras diz a si mesma. Um dia, no closet do marido, a esposa das quintas-feiras encontra um recibo de uma consulta médica no nome de Hannah Ovark e jura que essa mulher é uma das esposas. Até então, ela achava que lidava bem com a situação, mas, depois de encontrar algo que poderia ser uma potencial pista, não consegue se controlar. Ela vai atrás da suposta esposa, a encontra e faz de tudo para ficar amiga dela. Só que a mocinha não tem a menor ideia de nada. Até que algo muito curioso começa a acontecer. Toda vez que elas se encontram para tomar um café, Hannah está com um novo hematoma no corpo, e a mulher das quintas-feiras tem certeza de que a outra está em um relacionamento abusivo. O problema é que Seth nunca demonstrou ser um homem violento com a esposa das quintas-feiras. O que poderia estar acontecendo, então? Isso faz com que ela comece a se perguntar se conhece de fato o marido. E quem seria a terceira esposa? Estaria ela correndo perigo também?




As Esposas | Tarryn Fisher



   Seth é um homem de gostos peculiares, ao menos é o que acha uma de suas esposas. Sim, você leu certo. Ele tem três mulheres com as quais vive um casamento do tipo poligâmico.
   Os relacionamentos são em casas distintas e cada uma das parceiras tem um dia exclusivo para passar com o marido. Por conta disso, Seth não as chama pelo nome, mas pelo dia da semana que elas representam: Segunda, Terça e Quinta.
   No entanto, os casamentos parecem ter segredos demais e logo Quinta percebe que mal conhece o próprio marido, especialmente quando descobre quem são as outras mulheres. Aos poucos, ela começa a investigar fatos do passado de Seth e passa a temer pela própria vida.

 


“O cair da ficha é um processo lento, em banho-maria, mas, uma vez que acontece, a raiva é fervente e transbordante.”

 

   ‘As Esposas’ é um lançamento de 2022, mas que só conheci através do clube de Lendo com os Morcegos. Do contrário, passaria batido do meu radar.
   A trama é narrada em primeira pessoa, pelo ângulo de Quinta. Confesso que fiquei o tempo todo me perguntando se esse, de fato, era o nome dela ou apenas apelido, já que as demais esposas eram denominadas de Segunda e Terça, cujos respectivos nomes foram revelados depois. 
   Talvez até seja, se levar em consideração que o nome original em inglês pareça mais sonoro como nome próprio do que a tradução.



As Esposas | Tarryn Fisher
Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna




   A protagonista é uma esposa dedicada, sempre ansiosa pelo seu dia exclusivo de encontrar o marido. Quando está por perto, Seth é o parceiro perfeito. 
   Sempre atento ao que a mulher precisa, faz de tudo para agradá-la em todos os sentidos e fazê-la viver um paraíso até o final do dia. 
   Depois ele parte de volta para a cidade onde trabalha e convive com as outras, virando quase um fantasma até a próxima semana.
   E, durante esse intervalo, Quinta se pergunta o que as outras mulheres fazem, quem poderiam ser e como agradariam seu marido quando ela estava longe. 
   Tais questionamentos, apesar de cansativos, repetitivos e até chatos em um primeiro momento, passam a ter certo fundamento ao longo da leitura.

 

“A vida é isso para as mulheres, um jogo no qual elas ficam esperando.”

 

   Seth faz questão de manter segredos sobre cada esposa, embora jure que todas estão de comum acordo com o casamento poligâmico. 
   Além disso, seu próprio passado permanece um grande mistério para Quinta. Ela parece cada vez mais desconfiada de que haja algo errado com o comportamento do marido, o qual muda da água para o vinho.
   O homem simpático, charmoso e doce passa a ser um cara grosso e violento, para depois fingir que nada aconteceu. Isso, por si só, já é assustador. Quinta precisa saber se as demais esposas sofrem o mesmo tipo de abuso ou não.
   Suas investigações começam quando ela acha uma pista com o nome de uma das possíveis esposas, Hannah. 
   Logo, as moças fazem amizade e começam a conversar bastante. Contudo, Quinta percebe que sua nova amiga sempre aparece com um hematoma no corpo.
   Embora Hannah alegue não ser nada demais e sempre mude de assunto, Quinta está muito determinada a descobrir do que seu marido é capaz, especialmente se ele julga que tais mulheres não se conhecem. 
   Assim, a protagonista começa a investigar a fundo que está acontecendo entre todos e vai parar numa teia de segredos cada vez mais difícil de sair.
   O tempo é curto e Quinta precisa saber se pode salvar a si mesma e as outras envolvidas no caso. Porém, vários acontecimentos fazem dela uma narradora não confiável. 
   Além disso, nada parece fazer sentido e todo mundo mente o tempo inteiro. O que é verdade em um capítulo deixa de ser no seguinte e eu me perguntava quem era o verdadeiro vilão ou vítima dessa história.
   Eu precisava de respostas e a escrita fluida da autora também me ajudou a praticamente devorar o livro em poucos dias. 
   E, mesmo criando n teorias no decorrer da leitura, fui feita de trouxa e terminei sem acreditar no que havia lido, de tão absurdo, mas ao mesmo tempo, real e perfeitamente possível de acontecer.
   No entanto, mesmo que a ideia central da obra seja maravilhosa, passei raiva em diversos momentos com os personagens. 
   A começar pela própria Quinta, minha impressão a seu respeito variou bastante ao longo da leitura.
   Comecei sentindo verdadeiro ranço por ela, por conta de comparações constantes que fazia e sempre queria ser a esposa favorita de Seth. 


As Esposas | Tarryn Fisher
Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna




   Isso muito me incomodou, de modo especial por causa do jeito depreciativo com o qual trata as demais mulheres, como se fosse uma eterna competição.
   Contudo, embora incômoda e desnecessária ao meu ver, foi uma condição que todas supostamente aceitaram de comum acordo. 
   Logo, não havia motivos para as ações de Quinta em relação a isso. Só tornou a leitura cansativa e repetitiva em diversos momentos. Eu já revirava os olhos a cada nova comparação.
   Porém, conforme entendia o que se passava com a moça e conhecia os demais personagens, me vi tendo pena dela. 
   Além disso, me pergunto como ninguém percebeu que tinha algo de errado. Ou pior, se notaram e fizeram nada para impedir situações constrangedoras e humilhantes pelas quais a coitada passou. 
   Por isso, mesmo achando que foram absurdas, não posso culpar a personagem por agir da forma como agiu.

 

“A vergonha é uma ferramenta poderosa para te levar a cair na realidade.”

 

   Hannah, por sua vez, é a mais jovem e inocente das esposas. No entanto, existe um limiar entre inocência e burrice. 
   Perdi as contas de quantas vezes eu queria entrar no livro só para dar uns catiripapos nela para ver se acordava para a vida e deixava de ser besta. 
   Estava na cara que todo mundo a passava para trás, mas ela continuava no conto de fadas, vivendo seu eterno “final feliz” e agindo  como uma donzela indefesa.
   Depois, queria pagar de esperta, mas na página seguinte dava para trás e ficava com cara de boba. Toda vez que vejo uma personagem com meu nome, torço para que se dê bem, pois de certa forma me vejo no lugar delas, mas dessa Hannah eu quero distância, isso sim.
   Já a outra esposa, cujo nome é revelado também, porém aqui continuarei chamando de Terça, é uma psicopata e mal amada. 
   A mulher não tem empatia por ninguém e só pensa numa vingança tão idiota que me pergunto o porquê de perder tempo mirando no alvo errado, quando poderia fazer algo de mais útil na vida. 
   Tive ranço dessa criatura desde a primeira vez que apareceu e continuei assim até o final. Confesso que gostei do destino dela e achei que foi merecido.
   Mas nada disso teria acontecido se Seth não fosse um completo babaca, com mania de colecionar esposas, pelo motivo mais egoísta e ridículo possível. 
   Sinceramente, não me convenceu o que ele alegava para dizer que queria uma nova companheira, sem largar das outras.



As Esposas | Tarryn Fisher
Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna




   De fato, ele teve muito jogo de cintura para dar conta de três relacionamentos. Porém, isso não o isenta de ser um homem nojento, egoísta e ridículo. 
   Como resultado, o que era para ser algo moderninho e sem rótulos só se tornou um poço de amargura para mulheres com a mente quebrada, se sentindo um lixo e vivendo atrás de migalhas, enquanto o “rei’ se sentia poderoso.

 

“Pelo amor de Deus, qual é o meu problema? Como fui me meter nessa história?”

 

   O desfecho amarra as pontas soltas do decorrer da trama, porém não todas. Também não achei que foi totalmente satisfatório, em especial pelo que vinha sendo desenvolvido. 
   Senti que a autora queria causar demais e acabou jogando todas as respostas de uma única vez no colo do leitor, como uma batata quente, e saiu correndo.
   A impressão que me deu foi que ela precisava fechar tudo com o prazo curto e não teve carinho ao completar o arco de acontecimentos. Apesar disso, acho desnecessária uma continuação.
   Em relação à obra em si, li em versão digital. Então, posso afirmar que tem uma diagramação bem feita, assim como a revisão. 
   A capa é sombria e condizente com a trama, ainda que não ache das mais bonitas, embora seja objetiva e sem muitas firulas. 
   Gostei da obra, embora com ressalvas, e recomendo, se você curte um suspense com narrador não confiável. Porém, não crie expectativas. 







   E aí, já leram algum esse livro, ou algum outro da autora? Me contem aí!
















OBS.: Texto revisado por Emerson Silva

8 comentários:

  1. Oi!
    Só conheço o trabalho da Tarryn por conta do "Nunca Jamais" (que não gostei) e não tinha ouvido falar dessa obra, que não me chamou a atenção, mas gostei de saber que o livro tem uma narradora não confiável.

    Beijão
    https://deiumjeito.blogspot.com/

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    1. Oi Giovana, essa foi minha primeira experiência com os livros da autora. Até tenho outro livro dela aqui, que ganhei de presente. Mas pelo que estão me falando, ela deve ter um padrão mesmo com os enredos meio doidos. Esse 'Nunca Jamais' não conheço.

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  2. Olá, gostei muito da sua resenha, apesar de não ter lido esse nem outros desta autora. Parabéns pelo seu cantinho ♥ voltarei mais vezes! =*

    https://www.namoradanerd.com.br

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    1. Fico feliz que gostou do Mundinho. Seja sempre bem vinda por aqui, viu? ^^

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  3. Oi, Hanna. Tudo bem? Que bom que gostou da obra, parece ser muito instigante essa leitura. Abraço!


    https://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/

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  4. Oi Hanna! Eu já tinha lido sua opinião lá no Insta. Eu amo esta autora e a forma como ela consegue criar histórias envolventes, mesmo com um bando de personagens detestáveis e nada confiáveis. Este livro dela ainda não li, mas quero conferir e já vou alertada sobre esta questão do final corrido. Bjos!! Cida
    Moonlight Books

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    1. Você definiu bem a obra, Cida! haha
      Espero que possa ler esse livro e depois quero saber o que achou.

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