O Rio de Janeiro teve pessoas marcantes ao longo dos anos, sejam elas
boas ou más. Na década de 1980, a Polícia Civil tinha Iolanda Braga como
inspetora em uma das delegacias mais movimentadas de Copacabana, especialmente
a responsável pela captura de Touro Bravo, um dos bandidos mais procurados do
país.
No entanto, ele não tinha esse título à toa, já que foi capaz de fugir
da cadeia de uma maneira digna de cinema.
Começa agora a busca pela recaptura do
fugitivo e, para isso, Iolanda acaba tendo que trabalhar com Carlos, um de seus
fantasmas do passado.
Agora, a moça precisa não apenas manter o foco no trabalho, mas também
lidar com feridas que achava ter cicatrizado há tempos. A grande questão é:
será que ela vai dar conta das duas missões?
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Foto: Hanna Carolina/Mudinho da Hanna |
Há um tempo que a Luciana vinha falando sobre a história de Iolanda
Braga, só me deixando curiosa. Quando foi anunciado que alguns blogs seriam
selecionados para fazer a leitura antecipada da obra, que ainda será lançada
oficialmente no final do mês, tratei logo de tentar uma vaga.
Fiquei muito feliz por ter conseguido e posso falar com certeza que
‘Crimes em Copacabana’ superou minhas expectativas.
A trama é narrada em
terceira pessoa, porém vemos os acontecimentos pelo ângulo dos protagonistas:
Iolanda e Carlos.
Eles tiveram uma relação conturbada logo que se conheceram, o
que levou a inspetora a guardar mágoa por anos.
Infelizmente, ele não foi o único com quem a moça teve problemas, já que
é uma das poucas mulheres a entrarem na corporação, contrariando a vontade de
seus pais e da própria sociedade. Isso a faz passar, diariamente, por várias
situações que só quem é mulher entende.
Talvez por isso, ler o que ela passava no trabalho me dava agonia e
ranço, porém não posso dizer que fiquei chocada.
"Depois de doze anos na polícia, havia criado uma armadura forte o bastante para sobreviver no universo dos homens."
Fora que estamos falando do
final dos anos 1980, onde todas as piadinhas e comentários machistas passavam
batido e eram “bem aceitos”, como algo normal.
No entanto, Iolanda faz questão de mostrar que não é obrigada a baixar a
cabeça para ninguém, principalmente quando seus colegas tentam se mostrar
superiores só por serem homens. Nessas horas, eu queria estar lá para levantar
a bandeira do feminismo e lutar do lado dela.
A inspetora é uma mulher que aprendeu a criar muros diante de si, não
apenas pelo que encara dentro da delegacia, mas também para mostrar o quanto é
profissional, mais até do que seus colegas.
E engraçado que, lendo tais cenas,
percebi que pouco mudou nos dias de hoje, porque independente da profissão que
seguimos, o fato de sermos mulheres parece interferir em nossa capacidade, como
se fosse uma espécie de doença. Uma constatação triste e muito revoltante, por
sinal.
Voltando à trama central, Iolanda está passando por maus bocados, pois
ganhou pontos com a corporação ao capturar Touro Bravo, para poucos dias depois
ver o bandido escapando de seu alcance de uma maneira bastante inteligente. Por
conta disso, é uma questão de honra para ela trazer o rapaz de volta à cela,
custe o que custar.
A moça sabe que não pode agir sozinha, ainda mais porque o seu parceiro,
gravemente ferido durante a fuga, está sem condições de continuar o trabalho.
"Qual será o limite da ética num caso desse?"
Contudo,
saber que o colega provisório designado para ela seria logo Carlos de Oliveira,
seu pior pesadelo na época da academia, foi uma grande surpresa.
Ele é um homem simpático, bonito e ótimo profissional. Mas quando quer,
sabe ser um verdadeiro babaca, o que me fez revirar os olhos junto com Iolanda
em diversos momentos.
Isso gera muitas faíscas entre os dois, podendo até
comprometer a investigação logo no começo.
No entanto, embora eu tivesse medo que a trama se perdesse, mergulhando
de cabeça no clichê do “enemies to lovers”,
é inegável o quanto eles funcionam bem trabalhando juntos.
Além disso, Carlos é
um detetive dos bons e se mostra um grande parceiro, o que rendeu vários pontos
ao personagem, comprovando ser capaz de amadurecer e agir como profissional.
Nada passa batido pelos olhos de águia da dupla, o que me deixou imersa
na leitura e eu só queria saber qual era o próximo passo deles.
Não apenas no
quesito profissional, o lado pessoal desses dois me cativou bastante. Já
esperava um pé no romance, como é a marca registrada da autora, porém sem
tantas expectativas a respeito, pois são relações que não costumam me
convencer.
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Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna |
No entanto, preciso dar o braço a torcer e dizer que, aqui, o casal
funcionou. A química entre os protagonistas é um tanto óbvia e até previsível,
mas nem por isso tem que acontecer de forma corrida.
Gostei bastante da forma como o assunto foi trabalhado, sem soar batido,
nem forçado. Aqui, as coisas aconteceram de forma suave e tranquila, o que deu
bastante espaço para o romance brilhar, sem tomar o espaço do suspense.
Aliás,
acho que, de todos os livros da autora que li até agora, esse foi o que mais
teve equilíbrio nesse sentido, rendendo mais alguns pontos para a leitura.
Assim, além dos suspiros apaixonados, temos muitas cenas de “tiro,
porrada e bomba” fantásticas, que dariam bons filmes.
Fora que é tudo
ambientado em pleno Rio de Janeiro, ao som dos sucessos da época, garantindo
uma volta no tempo bem nostálgica.
Gostei também que a autora colocou vários
pontos de curiosidade ao longo da trama, o que não apenas deu ao leitor uma
experiência de leitura, mas também de viagem turística pela “Cidade
Maravilhosa”.
E me peguei com um sorriso no rosto ao perceber que a Luciana fez uma
espécie de crossover com personagens
de suas obras passadas.
Adorei matar a saudade deles, além de entender algumas
nuances que levaram à sua personalidade nos livros onde tem o papel maior. Isso
foi uma grande sacada da autora, que só me fez gostar mais ainda de seus
trabalhos.
O desfecho é rápido, porém digno. Amarra várias pontas, deixando
diversas soltas, o que me dá expectativas de ter uma continuação em vista
(nunca te pedi nada, Luciana, rsrs).
Em relação ao livro, ele será veiculado
apenas em versão digital. Então, posso falar que a revisão está muito bem
feita, confortável à leitura e com uma diagramação muito bonita.
A capa é bem condizente com a trama. Traz como pano de fundo o famoso
calçadão da praia de Copacabana, bem como o Morro da Babilônia, de onde Touro
Bravo vem.
Além disso, traz uma combinação bem carioca de preto e vermelho, que
talvez não tenha a ver, mas é o padrão de cores do Flamengo, um dos times
cariocas mais conhecidos. Se a intenção foi essa mesmo, não sei, mas só deixou
a obra mais carioca do que já era e gostei bastante (rsrsrs).
Em resumo, eu amei o livro e espero que faça
muito sucesso quando for lançado. Recomendo a leitura, especialmente se você
procura por títulos de suspense nacional.
E aí, o que acharam? Já leram algum outro livro da autora? Estão curiosxs com esse lançamento? Me contem aí.
Oie, a ambientação é muito interessante. Gostei demais de conhecer mais sobre o livro e ainda nem conhecia. O cenário é diferente, e pode me deixar desconfortável, mas deve ser uma experiência bacana. Que bom que gostou.
ResponderExcluirBjs
Imersão Literária
Sim, gostei bastante, Ley. Uma pena que iria se sentir desconfortável, mas quem sabe na próxima eu acerto com uma dica mais legal para você? =)
ExcluirOi, Hanna. Tudo bem? Parece um livro incrível, né? Fiquei curioso com a obra. Nunca li nada da autora. Que bom que curtiu. Abraço!
ResponderExcluirhttps://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/
Pois super indico os livros dela, são muito bons e esse está incrível. =)
ExcluirOlá, Hanna.
ResponderExcluirEu leio muito romance nacional, mas suspense não tenho o hábito. Por isso vou ficar de olho se o livro entrar no KU para ler ele. Está baratinho mas vai que né hehe. Quanto ao sexismo infelizmente ainda existe e até nos salários que é menor como se ser mulher fosse sinônimo de serviço não tão bem feito.
Pena que você não aproveitou que estava na promoção de lançamento, pois segundo a autora, ele não estará disponível no KU, =/. Pelo menos, não tão cedo.
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