Delito Latente | Luciana de Gnone

em 09 agosto 2022

    Olá meu povo, como estamos? A saga de Betina Zetser chegou ao fim. Depois de acompanhar sua história em ‘Súplica em Olhos Mortos’ e ‘Vestígios, muitas coisas ainda precisam ser resolvidas, porém não será tão fácil assim. 
   Vamos agora a ‘Delito Latente’, o último volume da trilogia de suspense nacional, escrita pela autora independente Luciana de Gnone.



Delito Latente | Luciana de Gnone
Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna




Obs.: E-book lido em parceria com a MS Assessoria Literária e a autora Luciana de Gnone.

Obs.: Pode conter spoilers dos primeiros volumes. A trilogia está disponível no Kindle Unlimited.

ALERTA: Contém cenas e gatilhos de violência sexual e violência contra mulher.





39/24

Livro: Delito Latente 

Autora: Luciana de Gnone 

Editora: Casa do Escritor (Independente)

Páginas: 350

Ano: 2021




Um homem perturbado. Os limites da ética. A tênue linha entre o bem e o mal. Nesse último volume da série, Betina Zetser e Bruno Jopson precisarão enfrentar desafios que, além de conduzi-los ao limite de suas existências, trarão consequências drásticas na relação do casal.

Após ser diagnosticado com um grave problema de saúde, Bruno é submetido a um transplante de fígado. Tudo corre bem com a cirurgia e os prognósticos para sua recuperação são favoráveis, mas ao tomar conhecimento sobre a origem do órgão doado, Betina, com a ajuda de um destemido e intuitivo repórter, começa uma obstinada investigação para descobrir as circunstâncias da morte do doador.

Com o avanço dos trabalhos, ela suspeita que práticas adotadas em um hospital de São Paulo escondem as reais intenções do atendimento médico. Enquanto isso, não percebe que o verdadeiro perigo está mais próximo do que imagina.





Delito Latente | Luciana de Gnone



   A vida de Betina e Bruno não tem sossego. Após os últimos acontecimentos na Colômbia, que quase mataram o casal (pela enésima vez), eles só querem descansar um pouco e sair dos holofotes
   A moça ainda está assimilando o fato de ter sido salva por João, o qual fez as vezes de “príncipe encantado em seu cavalo branco” para salvá-la do cativeiro.
   No entanto, mesmo sendo eternamente grata por isso, o fato é guardado a sete chaves, ainda mais agora que Betina se acertou com o marido. 
   De mudança para Londres, a vida deles promete ser de muita paz e tranquilidade, cada vez mais longe da mídia.
   Por outro lado, João está se entendendo com a esposa aqui no Brasil. Ambos estão seguindo com suas vidas, longe de Betina, considerada quase um “fantasma do passado” que não merece ser mencionado.
   No entanto, a paz que tanto almejavam tem data marcada para acabar. Isso porque uma matéria especial de “aniversário” do resgate da moça vem à tona, revelando os segredos mais obscuros sobre o evento. 
   Segredos esses que botam em cheque a credibilidade da delegada Mari e do próprio João, além da estabilidade emocional que buscavam reconstruir em seus respectivos relacionamentos. 
   Agora, eles precisam ser fortes, não apenas para lidar com as consequências entre si, mas também perante a mídia, que não perdoa e faz tudo parecer um episódio de ‘Casos de Família’.
   Além disso, Bruno está passando por problemas sérios de saúde, em decorrência do ataque que sofreu na ‘Fazenda Ponte da Boa Esperança’, em Alagoas. 
   No entanto, quando ele entra na fila e aguarda um transplante de fígado, Betina começa a perceber coisas estranhas em relação à forma como o órgão teria sido doado.
   A moça, que havia prometido a si mesma não entrar mais em jornalismo investigativo, não consegue resistir ao faro de detetive e começa a desvendar os mistérios por trás de tudo isso. 
   Entretanto, o que parecia ser apenas um caso isolado pode revelar um lado podre da sociedade e muito perigoso, o qual pode estar mais perto do que possamos imaginar.

 

“[...] seu desinteresse por resolver de uma vez por todas a situação apenas postergava um momento que, mais cedo ou mais tarde, teria de enfrentar.”

 

   E lá vamos nós ao desfecho da saga de dona Betina Zetser. A mocinha mal saiu de uma enrascada e já se meteu em outra ainda pior. 
   Depois do trauma de ter sido sequestrada e quase morta por Hermano na Colômbia, ela estava louca pelo seu “final feliz” com Bruno.
   O casal 20 rumou para Londres, a fim de viver uma rotina mais tranquila e longe do perigo. No entanto, as férias dos sonhos têm seu fim pouco tempo depois, porque um repórter inexperiente, porém querendo fama, resolve mexer nesse passado, exatamente para descobrir o motivo deles terem saído do radar.



Delito Latente | Luciana de Gnone
Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna




   E o que parecia ser uma espécie de homenagem à heroína do jornalismo investigativo vira “Casos de Família”, quando o rapaz revela que João a salvou do cativeiro no lugar de Mari. 
   O fato bota em cheque a credibilidade da delegada, a qual está furiosa com o ocorrido, além de questionar o que tanto João foi fazer na Colômbia, se é médico atuante no Brasil e não tinha nada para fazer no país vizinho.
   O motivo é um tanto óbvio, especialmente para Bruno (marido de Betina) e Fátima (esposa de João). Assim, não apenas a ética profissional, mas também o clima de paz dos respectivos casais é abalado, algo que pode ser complicado de restaurar.
   Tentando apagar vários incêndios de uma única vez, Betina acaba cercada de problemas que parecem sem solução. Para minha surpresa, achei a forma como ela lidou com o assunto mais madura do que esperava.
   Percebi o quanto a protagonista cresceu e apareceu neste terceiro volume. Bruno está visivelmente abalado pela forma como descobriu o segredo guardado a sete chaves da esposa. 
   No entanto, embora entenda seus motivos para confrontar a mulher, a forma como faz isso é um tanto incômoda e até imatura.
   Enquanto isso no Brasil, João enfrenta uma esposa furiosa, além de encarar a revolta de Mari, que está passando por investigação em relação à sua integridade profissional, por ter permitido que um civil entrasse em sua operação policial e “salvasse o dia”.

 

“Seu corpo era quente e acolhedor e, naquele momento, ela só queria que os ponteiros do relógio parassem de girar, para que pudesse curtir mais tempo aquele abraço.”

 

    Além dos fatos circulando na mídia, que já causam problemas por si só, todos os envolvidos precisam lidar com as questões emocionais que levaram às suas atitudes no passado. 
   Essa foi uma parte bastante dolorosa de se ler e minha vontade era dar um abraço em cada um até se acalmarem.
   Betina acaba voltando ao Brasil para tentar apagar os incêndios na fonte e, quem sabe, trazer o clima de paz para todos novamente. 
   Aqui, a moça acaba voltando ao seu antigo emprego e faz seu nome como jornalista esportiva, o que a faz rodar o mundo novamente.
   Voltar às suas raízes acaba ajudando a fazer as pazes com Bruno, que se muda para o Brasil, a fim de restaurar seu casamento, mesmo com a presença mais visível de João. 
   Apesar de os três estarem mais velhos e mais maduros, certos hábitos nunca mudam e o famigerado triângulo amoroso permanece em boa parte do livro.
   Ainda não gosto desse clichê, mas felizmente a forma como resolveram os espinhos do passado me surpreendeu positivamente. 
   Isso mostra que não apenas Betina, mas Bruno e João também foram capazes de crescer e lidar com seus problemas de uma forma mais adulta.
   O que é de grande importância nesse momento, pois o coitado do Bruno mal se entende com a esposa e fica muito doente.
   Logo descobrem que seus sintomas são consequências do ataque que sofreu de Hermano, ainda em Alagoas. 
   A ferida cicatrizou, porém, as sequelas foram tão devastadoras, que o jornalista só pode tratar através de um transplante de fígado.
   Apesar de entrar na fila, sua espera não é longa, visto que o rapaz dá sorte e logo aparece um doador compatível. 
   Após a cirurgia bem sucedida, ele agora se recupera ao lado da esposa e está cheio de esperanças de um futuro melhor. 


Delito Latente | Luciana de Gnone
Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna




   Betina, por sua vez, é convidada pela viúva do doador, a fim de manter contato, afinal, seus maridos eram velhos conhecidos e foi uma grande coincidência estarem ligados dessa forma.
   No entanto, ao conversar com a senhora, a jornalista percebe que não foi um ato do destino que os uniu. 
   Com seu faro investigativo em alerta, a moça passa a desconfiar da causa da morte do doador, o que não vai sair de sua cabeça até que comece a pesquisar mais a fundo.

 

“Nos tempos de redes sociais, encontrar alguém é só questão de vontade.”

 

   Para isso, acaba contando com a ajuda de Rubens, o jornalista inexperiente e responsável por toda a sua confusão anos atrás na mídia. 
   Porém, o rapaz se mostrou disposto a aprender com seus erros e agora são amigos. Betina vê nele um grande potencial de parceria na investigação, enquanto ela cuida de Bruno no hospital.
   O que poderia ser apenas coisa da cabeça da moça se mostra algo real e assustador, envolvendo não apenas o órgão que Bruno recebeu, mas também um grande esquema assustador no país todo. 
   Seu dilema entre manter a promessa de não trabalhar mais como repórter e levar a verdade para o povo é gritante.
   Some-se a isso o dilema de Bruno, que não para de pensar nas circunstâncias em que seu fígado novo chegou ao hospital. 
   Contudo, se não fosse por ele, o rapaz não estaria vivo para pensar nisso. Apesar do clima triste, eu gostei que a autora soube lidar muito bem com essas questões, deixando os personagens mais humanos.
   Dessa forma, pude me solidarizar com as questões que enfrentavam e, ainda assim, ler a trama bem rápido. 
   Além disso, percebi que o clima de suspense, que já brilhava mais em ‘Vestígios, se manteve aqui. Porém ele ficou bem mais equilibrado com as questões dos personagens principais
   Portanto, temos o mistério central, além do romance e outros dramas familiares, muitos dos quais envolvem assuntos pesados, inclusive.
   Esse equilíbrio, junto com a escrita fluida da autora, mantiveram a leitura prazerosa. Me senti dentro do livro, investigando junto com Betina e Rubens cada detalhe. 
   Além disso, devo dizer que o rapaz foi um grande acerto da autora. A relação dessa dupla pode ter começado com o pé esquerdo, mas se mostrou bastante promissora ao longo da trama.
   Rubens é um jovem negro e pobre, que sabe muito bem o que é ter que lutar todos os dias para se mostrar digno para estar nos lugares. 
   Seu trabalho junto com Betina é uma grande oportunidade e ele aproveita da melhor forma possível. No entanto, não deixa de ser humano, nem amigo da moça, o que lhe conferiu alguns pontinhos.
   Já Mari, que estava um tanto apagada no volume anterior, aqui mal entra em cena. Em parte, por conta das consequências da famigerada reportagem, o que a desacreditou junto aos seus superiores.    

Delito Latente | Luciana de Gnone
Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna




   Entretanto, se ela queria tanto mostrar o seu valor, acho que poderia ter brilhado um pouco mais, em vez de ter sido mera coadjuvante, que por muito pouco, não ficou naquela de “entrou muda e saiu calada”.
   O desfecho traz pontas que estavam soltas do volume anterior, além de amarrar as novas que foram criadas ao longo do terceiro. 
   Com muitas cenas de “tiro, porrada e bomba”, a Luciana soube fechar o arco de acontecimentos com maestria, mas não sem antes me deixar agoniada e até com medo do escuro.
   Porém, foi crível até a página dois. Não gostei do desfecho de alguns personagens, os quais pareceram sair de cena de forma muito conveniente para resolverem as certas coisas. Ainda, o destino de Betina fica em aberto, o que dá margem para o leitor criar suas teorias.
   Apesar de não me abalar muito com finais desse tipo, aqui eu gostaria de ter mais uma decisão da moça, em vez de eu ter que pensar por ela. No entanto, não atrapalhou a experiência de leitura como um todo, que foi muito boa, por sinal.
   Falando sobre o livro em si, li a obra em versão digital. Então, posso falar que a diagramação está muito bem feita, assim como a revisão. 
   Além disso, a narrativa é totalmente em terceira pessoa, o que foi melhor para estar a par dos acontecimentos de um ângulo mais amplo.
   Só não gostei muito da capa. Para falar a verdade, achei que não tinha muito a ver com o tema que o livro traz. 
   Olhando a versão anterior, que acredito ainda estar à venda, era mais condizente com a trama e era até mais bonita que a atual.
   Em resumo, a Saga de Betina Zetser foi uma experiência muito boa e teve um desfecho digno, especialmente se tratando de uma obra nacional. 
   Nunca tinha lido livros nacionais nesse gênero e posso dizer que, apesar das ressalvas, a Luciana ganhou uma fã. 









    Já leram alguma obra da autora? Curtem suspenses nacionais? Me contem aí. 















Obs.: Texto revisado por Emerson Silva

6 comentários:

  1. Não conhecia. É muito bom descobrir autores novos, principalmente nacionais!

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    1. Sim, é sempre bom conhecer novos nomes da literatura nacional mesmo, =). Que bom que gostou!

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  2. Oi, Hanna. Como vai? Nunca li nenhum livro da autora, mas tenho enorme curiosidade de conhecer sua escrita. Que bom que gostou, apesar das ressalvas. Abraço!


    https://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/

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    1. Ah, super indico então, Luciano. Acho que vai gostar bastante das obras dela, =).

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  3. Olá, Hanna.
    Esse povo já sabe que segredos nunca ficam escondidos e mesmo assim não contam a verdade hehe. Acho que não leria ele por conta desse triângulo, mas fiquei curiosa com o caso desse livro em especifico da coisa dos órgãos. Acho que livros nacionais do gênero só lembro de ter lido os da Claudia Lemes.

    Prefácio

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    1. Não é, Sil? hahahah. Olha, os livros da Luciana sempre tem essa pegada mais específica, que gosto bastante. E cada livro tem uma situação distinta, o que faz os livros dela ter um mega diferencial. Esses da Claudia Lemes eu não conheço. Vou procurar depois também.

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