Um Planeta em Seu Giro Veloz | Madeleine L'Engle

em 13 abril 2023

   Olá meu povo, como estamos? Hoje temos resenha de mais um livro do #12livrosrapara 2023. Para quem está chegando agora, esse projeto acontece aqui no blog desde 2019 e tem rendido descobertas incríveis na minha estante. 
   Para a versão atual, fiz o sistema de sorteio aleatório (mediado pela Ana do Morcegos Literários) e o mês de março contou com a leitura do número 11 da pilha: ‘Um Planeta em Seu Giro Veloz’, de Madeleine L’Engle.
  





Um Planeta em Seu Giro Veloz | Madeleine L'Engle
Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna





19/60

Livro: Um Planeta em Seu Giro Veloz

Autora: Madeleine L'Engle

Tradução: Érico Assis

Editora: Harper Collins

Ano: 2018

Páginas: 270




Um unicórnio, um menino e o vento, juntos em uma só velocidade!

Quando Charles Wallace Murry, agora com quinze anos, grita em desespero a invocação de uma antiga runa para afastar a escuridão, uma criatura radiante aparece. É Gaudior, unicórnio e viajante do tempo. Charles Wallace e Gaudior devem viajar até o passado através dos ventos do tempo e tentar encontrar um Pode-Ter-Sido, um momento do passado em que todos os eventos que se seguiram até o presente podem ser mudados, e o futuro da Terra – esse pequeno planeta em seu giro veloz – pode ser salvo.





Um Planeta em Seu Giro Veloz | Madeleine L'Engle




   Depois que Charles Wallace teve sua vida e suas farândolas salvas por Meg e Calvin, as coisas se acalmaram um pouco na casa dos Murry. O clima de “final feliz” de contos de fadas se manteve por anos, o que deu tempo de certas reviravoltas acontecerem.
   Meg e Calvin deram espaço para os sentimentos que surgiram e acabaram se casando. A moça agora está grávida e muito feliz pelo serzinho que cresce dentro dela. Ainda mais pela curiosidade de saber com quem se parecerá quando nascer. Sua busca inalcançável pela beleza da mãe finalmente teve fim e ela aprendeu a cultivar sua própria autoestima (eu ouvi um amém?).
   Os gêmeos entraram na universidade e não poderiam estar mais metidos. Sempre se sentiram gênios incompreendidos e acham que o mundo não está preparado para o que eles têm a oferecer. Charles Wallace (o verdadeiro gênio incompreendido dessa família), por sua vez, está com 15 anos e é um adolescente bastante recluso. Mas terá que sair de casa se quiser ver o sol nascendo novamente.
   Eis que no dia de Ação de Graças, a sogra de Meg (Sra. O’Keefe) tem um acesso de “loucura” e traz à tona uma runa antiga, que apenas o caçula dos Murry foi capaz de completar. Sua força é tão intensa que convoca Gaudior, um unicórnio viajante do tempo, para salvar o mundo de uma ameaça de guerra nuclear. Charles Wallace então parte junto ao novo personagem em busca de um Pode-Ter-Sido, uma ferramenta capaz de mudar a linha temporal e impedir que a catástrofe aconteça.

 

 

“-Sabem, meus caros, o mundo é anormal há tanto tempo que esquecemos como é viver em clima pacífico e sensato.”

 

   Nossa, como os anos passam voando. Nem me lembrava quando tinha conhecido a série Uma Dobra no Tempo. Li ‘UmVento à Porta’ (segundo volume) em 2019 e gostei bastante, mas me afastei um pouco desse universo. Agora no terceiro volume, acompanhamos os personagens mais crescidos e maduros. Porém, ainda tem espaço para aprender muitas lições e serem grandes heróis.
   Como sempre, os holofotes estão sobre os irmãos Meg e Charles Wallace. Desde o começo esses dois são muito unidos e acho linda a relação de cumplicidade deles. O menino é superdotado e nasceu numa família que vive de ciência e incentiva a curiosidade. 
  Isso é uma combinação perfeita para estimular a inteligência do menino. Mas para a vivência em sociedade, causa estranheza. Assim, o caçula é introspectivo e fala o mínimo possível.
   A situação não fica muito confortável quando a sogra de Meg é convidada para o dia de Ação de Graças. Como Calvin está viajando (o qual eu também fiquei feliz de ver que seguiu a área da ciência) a fim de apresentar trabalhos em conferências, a mocinha decidiu juntar a matriarca à sua família para não passar a data solitária em casa.
   No entanto, a sra. O’Keefe é a típica pessoa de mente limitada e acha que trabalho de verdade é aquele “serviço braçal” de 8h por dia e não pensar. Logo, o entrosamento com uma família que vive fazendo pesquisas em casa e ganhando dinheiro do governo para isso é ilógico e estranho aos olhos da idosa. E, preciso dizer, me vi representada nos Murry a cada comentário ofensivo que a velha fez para eles.
   Como uma cientista que também recebe dinheiro do governo para manter meus projetos de estudo, passei anos ouvindo que “estava na hora de parar de estudar e começar a trabalhar” em todas as variações possíveis. O engraçado é que esse comentário vem de pessoas que se preocupam comigo e querem meu bem. Mas não sabem o quanto pode soar ofensivo e constrangedor ouvir tais palavras, sendo que já estou trabalhando que nem uma condenada para garantir um mundo melhor para as pessoas viverem bem e com mais conhecimento.




Um Planeta em Seu Giro Veloz | Madeleine L'Engle
Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna






   Voltando ao livro, a sra. O’Keefe, embora seja sempre ácida e ofensiva, é bem recebida na casa dos Murry e os pais de Meg a tratam com cordialidade. Afinal, é a mãe do marido da filha mais velha deles (e que é um amor de pessoa, o completo oposto de sua progenitora, diga-se de passagem). Contudo, existe um motivo para a idosa estar mais azeda que o normal.
   Eis que o Sr. Murry recebe uma ligação desesperada do presidente americano, pedindo ajuda para participar de um conselho extraordinário, formado após a ameaça de guerra nuclear vinda de Mad Dog Branzillo. E, ao saber disso, a senhorinha começa a recitar frases desconexas de um poema, enquanto afirma que apenas Charles Wallace seria capaz de impedir a catástrofe. Apesar de ninguém lhe dar atenção na hora, o garoto parece estar cada vez mais interessado nas frases da Sra. O’Keefe, as quais ele conhece tão bem e recita as runas mais antigas do mundo.
   E assim convoca Gaudior, um unicórnio viajante do tempo, que pode ajudar o jovem na missão de salvar o mundo. A dupla improvável parte universo afora, buscando diversos buracos na linha temporal para investigar a origem da ameaça. No entanto, eles precisarão também lidar com os Ectroi, figuras já conhecidas de volumes antigos e que estão contando que a guerra aconteça (afinal, são anjos caídos e vivem de semear a discórdia).

 

“Estrelas, galáxias, circundadas em padrão cósmico, e a alegria da unidade era maior que qualquer desordem interna.”

 

   Uma coisa que gosto bastante nos livros da Madeleine é essa mistura de conceitos científicos conhecidos com a fantasia de uma história infantil. Aqui, lidamos com a ideia de realidades paralelas e a possibilidade de encontrar buracos de minhoca, as quais são chamadas de Pode-Ter-Sido. Charles Wallace segue com a teoria de que foi através de um deles que os Ectroi modificaram a linha do tempo e incitaram as guerras do mundo.
   Por conta disso, precisa encontrar o ponto certo em que a ameaça de guerra nuclear foi semeada para impedir que aconteça. Assim, o rapaz e seu novo amigo unicórnio viajam por diversas cenas da história americana, especialmente a relação dos colonizadores e povos nativos. 



Um Planeta em Seu Giro Veloz | Madeleine L'Engle
Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna





   Por ser uma trama voltada para o público mais jovem, as coisas se resolvem muito superficialmente e rápido. Entretanto, ainda foi possível causar emoções fortes, as quais eu confesso que não esperava.
   Charles Wallace sempre foi uma criança diferente e que não se encaixa nesse mundo. A única pessoa que mantinha sua vida estável era Meg. Agora, porém, ela tem sua própria vida para cuidar, bem como uma família sendo formada aos poucos. Assim, a união que eles tinham (a capacidade de desvelar) ficou “enferrujada”.
   Contudo, ainda são irmãos e a moça fará de tudo para continuar cuidando de seu irmãozinho, onde quer que esteja. O destino parece sempre conspirar para ajudar nisso, enviando uma mascote fofa e capaz de manter o elo de desvelo dos Murry. Então, contamos com a presença ilustre de Ananda, uma cadela que chega na casa em meio à confusão da runa e conquista a família toda instantaneamente.

 

“-Vocês, seres humanos, tendem a querer que as coisas boas durem para sempre. Elas não duram. Não quando estamos com tempo.”

 

   Aliás, achei bem curiosa essa forma como ela entra em cena do nada e fica, como se sempre estivesse lá, comendo pão com manteiga que o pai de Meg não resiste em lhe dar. No entanto, como comentei antes, já sabendo do estilo da trama e a que público é direcionado, parei de tentar entender certos detalhes (rsrsrs).
   A aventura de Charles Wallace, por sua vez, é inesperada e perigosa. Isso rende momentos de muita emoção durante a leitura. Mas quando chegamos ao desfecho, me senti aliviada por ver o clima de “final feliz’ reinando novamente. Diversas pontas são amarradas, de modo especial em relação à sra. O’Keefe, que tem um papel importante e surpreendente nessa história.
   Além disso, eu me senti comovida com a relação entre a idosa e a Meg. Mesmo que a senhorinha ache uma perda de tempo a carreira do próprio filho, seguindo os passos dos “vizinhos desocupados”, ela trata Meg muito bem, como se fosse uma filha. 



Um Planeta em Seu Giro Veloz | Madeleine L'Engle
Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna






   Talvez por isso a jovem retribua, tratando a sra. O’Keefe como “mamãe” de vez em quando. Nesses raros momentos eu senti um quentinho no coração e tentava entender que era apenas uma pessoa de gerações passadas e que não queria se adaptar ao futuro. Sinceramente, ela não era obrigada. Além disso, acho que a senhorinha é a verdadeira vítima de toda essa história, ou até heroína, dependendo do ângulo que se olhe.

 

“[...] Nada, ninguém, é tão pequeno que não importe. O que você faz fará diferença.”

 

   Terminei a leitura surpresa por ainda conseguir me conectar com os personagens depois de tanto tempo. E ainda curiosa pelo que virá no último volume, ‘Muitas Águas’. Falando sobre a obra em si, a edição segue o padrão dos episódios anteriores, porém em tons de verde.



Um Planeta em Seu Giro Veloz | Madeleine L'Engle
Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna






   A revisão e a diagramação são caprichadas e confortáveis à leitura. Adorei as páginas mais grossinhas, que rendem uma experiência positiva com a história. Recomendo, especialmente se gosta de tramas mais juvenis.
  









      E o andamento parcial do #12livrospara2023 segue assim: 




12 Livros para 2023 | Março





    Já tinham lido algum livro dessa série? Gostam de tramas mais juvenis? Me contem aí! E não esqueçam também de passar no blog da Karla, parceira nesse projeto, para saber qual foi o sorteado de março dela. 













Obs.: Texto revisado por Emerson Silva

8 comentários:

  1. Oi Hanna! Que bom que mesmo passado um tempo, você ainda conseguiu se conectar com a história. Espero que o último volume traga um bom desfecho.
    Bjos!! Cida
    Moonlight Books

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    1. Sim, foi uma ótima e nostálgica experiência, Cida. Espero que o último volume seja tão bom quanto, =)

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  2. Oi Hanna, só conhecia a série pelo filme, mas nunca assisti. A história parece interessante, mas eu não tenho estado em um vibe para livros juvenis ultimamente.

    Te espero nos meus blogs!
    Mente Hipercriativa (Livros, filmes e séries)
    Universo Invisível (Contos, crônicas e afins)

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  3. Oi, Hanna! Tudo bem? Obras juvenis costumam me agradar. Este aí eu não li, mas parece ser instigante. Espero que goste do último volume. Abraço!


    https://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/

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  4. Oii Hanna,
    Adorei a resenha!
    Que bom que curtiu a leitura, eu ainda não li nenhum livro dessa série, mas acho as capas lindas demais :)

    Beijos,
    https://brenshelf.blogspot.com/

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    1. Essas capas são lindas mesmo, S2. Amo todas, =) E recomendo a série também, viu?

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