Olá meu povo, como estamos? Hoje temos resenha de um livro bastante
inusitado. Apesar do nome, acho mais fácil ele te deixar confuso e chorando de
rir do que cumprindo o objetivo principal. Estou falando de ‘O Melhor Livro de
Autoajuda do Mundo’, escrito pelo autor nacional Gabriel Paciornik.
Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna |
Obs.: Livro cedido em parceria com o autor (Publicidade)
20/60
Livro: O Melhor Livro de Autoajuda do Mundo
Autor: Gabriel Paciornik
Editora: Labrador
Ano: 2018
Páginas: 270
Geraldo tem um mau-humor crônico, selvagem, misantropo e hilariante. É certamente a última pessoa que você convidaria para escrever um livro de autoajuda. A menos que você seja um editor visionário como o Aloísio. Enquanto se esforça para se manter são durante a escrita, Geraldo luta contra a sabedoria de coaches quânticos, os lugares-comuns das sapienciais milenares, as ideias malucas de sucesso do seu amigo e editor, a inocência um tanto poética da sua quase namorada e seu íntimo instinto de autopreservação. Como um George Costanza sem Seinfeld, um Alex Portnoy sem religião, com muito sarcasmo e sem muito tato, Geraldo termina sua obra. E quando ficou claro que não era nada do que havia sido encomendado, não se importaria em lidar com o fracasso literário e comercial. Mas o que jamais lhe ocorreu foi que esse livro iria virar sua vida do avesso...
Geraldo Pereira é um mal-humorado profissional. Ele leva uma vida
normal, atuando como revisor de trabalhos acadêmicos e colunista em uma revista
digital de literatura.
O que ganha não é muito, mas pelo menos paga o aluguel de um apartamento
modesto, no qual faz questão de viver isolado do mundo. Assim como também
garante suas idas até o botequim do Edinilson para tomar seu café de origem
duvidosa e o pão na chapa esquisito, onde aproveita para reclamar da vida e
confirmar que é melhor continuar longe das pessoas.
Dono de uma personalidade peculiarmente sarcástica e de respostas
diretas (diria até indesejáveis) demais, Geraldo não seria uma companhia que
você escolheria em um primeiro momento. Muito menos o consideraria uma pessoa
adequada para escrever um livro de autoajuda.
No entanto, Aloísio (editor da revista de literatura e “amigo da onça”
de Geraldo) acha que o rapaz pode escrever qualquer coisa, só pelo fato de ser
um bom colunista e ter pós-graduação. Não tem quem tire de sua cabeça que ficarão
ricos, pois irão revolucionar o mundo e entrarão logo na lista dos best-sellers de autoajuda.
Afinal, basta escrever qualquer frase de impacto que todo mundo vai
comprar os livros. E, por mais que tente fugir de todas as formas possíveis,
sobra para Geraldo a missão de colocar no papel tudo o que ele sabe sobre ter
sucesso na vida... ou não... dependendo de como você interpreta...
“A glória! Esse seria o nome do livro. Eu me sentia ao mesmo tempo exultante e estúpido. [...] O Melhor Livro de Autoajuda do Mundo era, ao mesmo tempo, icônico e estúpido, vazio e completo.”
Olhando apenas o título desse livro, jamais passaria pela minha cabeça
que encontraria de tudo, menos a famigerada autoajuda. Conheci a obra através
do contato de um agente literário, que me convenceu quando li a sinopse. É uma
proposta audaciosa e inusitada, para a qual decidi dar uma chance e não me
arrependi.
A narrativa é em primeira pessoa e vemos os fatos unicamente pelo ângulo
de Geraldo, nosso protagonista (ou grande vítima, se preferir assim, rsrs).
Como primeiras impressões, percebi que é um homem introspectivo e que evita a
todo custo contato com outras pessoas.
Contudo, isso não tem muito a ver com timidez, mas com impaciência para
lidar com a sociedade. O que me lembrou personagens icônicos, como D. Anésia ou
mesmo o Saraiva da ‘Zorra Total’ (sim, eu via esse quadro quando era criança e
acabei de denunciar minha idade, rsrs).
E, confesso, ele me conquistou no primeiro parágrafo. Isso porque, logo
no início, somos apresentados ao personagem e entendemos seus motivos de ser
assim com as pessoas.
Seu único momento de “lazer” é quando atravessa a rua
para ir até o Edinilson, um boteco bem no estilo pé sujo, para tomar seu café
de inspiração/calma/crise existencial (do qual ele descreve com tanta poesia a
falta de higiene, que não sabia se ficava com nojo ou se ria. Ok, talvez um
pouco dos dois).
O trajeto do rapaz é tão previsível que todo mundo sabe onde lhe
encontrar. Exatamente o que seu editor faz quando aparece com a “proposta
irrecusável”. Aloísio, aliás, é aquele “amigo da onça”; está sempre por perto de
Geraldo querendo ajudar, mas só o coloca em furada.
A ideia da vez é mudar o rumo da revista, a qual não está bem das
pernas. O que seria louvável, não fosse pela forma quase inquisitiva com a qual
Geraldo recebe a missão de ser “o salvador da lavoura”. Eis que, segundo
Aloísio, o livro que mais vende no momento é do gênero de autoajuda. Logo, nada
melhor para alavancar os lucros do que escrever uma obra desse tipo.
O problema é que Geraldo nunca chegou nem perto de autoajuda. Para falar
a verdade, acha até perda de tempo. Como que agora vai escrever um texto que
nem ele acredita? Mas, vendo que não tem muito para onde fugir, especialmente
depois da propaganda que seu amado (sqn) editor já fez por antecedência, acaba
aceitando a missão, mesmo sabendo que pode dar tudo errado.
“Enfim, era a crise de homem branco hétero de barriga cheia. Me sentia péssimo.”
Assim, acompanhamos o processo de “pesquisa” e escrita do bendito livro.
Bem como alguns personagens secundários inusitados, mas que deixam sua marca
pelo caminho. Entre eles, temos Azazel, um diabinho na garrafa que mais
atrapalha do que ajuda o protagonista.
A criatura é, literalmente, um demônio. Então,
não é um dos personagens mais bonitinhos que você vai encontrar. Aliás, Geraldo
tem tantas formas de descrever “seu amigo”, que por muito pouco não tive
pesadelos (rsrsrs).
Contudo, o monstrinho é um personagem inteligente (quando quer), astuto
e até cativante. Assim, não me espantaria se ele tivesse seu próprio livro
(rsrsrs). A dupla que se forma é, por sua vez, improvável e rende diversas
cenas engraçadas. Geraldo não se conforma com a companhia maligna em sua casa, mas também
não pode dar fim nela. Pelo menos, enquanto não terminar sua missão.
Com muito sarcasmo, humor ácido e uma pitada de realidade, vemos ‘O
Melhor Livro de Autoajuda do Mundo’ sendo escrito e publicado de uma forma nada
convencional. Em adição, os papos entre esses dois deram tantos tapas na cara
da sociedade, que me fizeram ficar refletindo dias depois - o que muito me
surpreendeu.
Ao mesmo tempo, o Gabriel tem uma escrita fluida e direta, tornando a
experiência de leitura mais positiva. Me mantive imersa com muita facilidade e
consegui visualizar todas as situações que Geraldo passava, especialmente
quando a obra ganhou uma repercussão inesperada.
“[...] quando se trata de livros de autoajuda, a gente sabe como começa, mas nunca como vai terminar.”
O que rendeu cenas tragicômicas, ao mesmo tempo que abrem espaço para
diversos debates. Em especial, pelo lado de sociologia e filosofia.
O fato é
que Geraldo apenas tentou escrever a verdade sobre o que via do mundo, com seu
jeito D. Anésia de ser (além de dar espaço a uma bela crítica aos “coaches” super entendidos que vivem
vendendo fórmulas mágicas para salvar a humanidade). Ele cutucou feridas e
mostrou que as pessoas estão tão perdidas quanto seu próprio livro. Talvez por
isso a obra seja tão ruim, que é boa.
O desfecho, como toda a trama, é sarcástico, crítico e crível (ou não).
Finalizei a leitura com muitas risadas e reflexões, as quais precisei de dias
antes de sentar e escrever a resenha.
Mesmo assim, ainda não sei se tudo o que
comentei aqui faz jus ao que encontrei no 'Melhor Livro de Autoajuda do Mundo’.
Mas posso dizer que gostei muito e recomendo que leiam e tirem suas próprias
conclusões.
Falando sobre o livro em si, li em versão digital. Então, posso falar
que a diagramação está bem feita, assim como a revisão. A fonte é legível e a
capa bem simples e objetiva.
Oii Hanna,
ResponderExcluirAdorei a resenha! Amo esses livros que ao mesmo tempo que nos fazem rir, alugam alguns triplex na nossa cabeça hahaha
Que bom que curtiu a leitura e obrigada por compartilhar sua experiência.
Beijos,
https://brenshelf.blogspot.com/
Acho que é uma definição perfeita para esse livro, viu? hahaha
ExcluirOi Hanna, já aconteceu de eu querer escrever uma resenha e não saber o que dizer sim, pra isso criei um roteiro. Basicamente perguntas que me direcionam ao que eu preciso falar. Com esse exercício acabo vencendo o bloqueio.
ResponderExcluirAinda não conhecia o autor, e confesso que faz tempo que eu não leio um livro que me faça rir. Achei interessante a proposta desse. Dica anotada! :)
Abraço!
Helaina (Escritora || Blogueira)
https://hipercriativa.blogspot.com
Olha só, adorei sua ideia, Helaina. Tentarei fazer isso nas próximas resenhas, =) E que bom que gostou da leitura. Super recomendo.
ExcluirEsse é o livro que se não fosse sua resenha, jamais chegaria perto, porque o título e a capa não me foram atrativos, mas, quanto mais lia seu texto, pensava, caramba, que genial. Parabéns pela resenha!
ResponderExcluirNão te julgo. Ele veio para dar esse estranhamento mesmo, haha
ExcluirSe a resenha já me fez imaginar cenas no libro e rir, imagina eu lendo kkkkkkkk
ResponderExcluirAcho até que me identificaria com o protagonista hehehe
Val.
Ah, imagino sim! hahaha
ExcluirOlá,
ResponderExcluirVocê me convenceu a ler este livro no primeiro paragrafo hahahaha. Gosto de livros que ficam ali entre o sarcasmo e a reflexão, e com toda certeza lerei. Ótima indicação.
Adorei! =)
ExcluirOi, tudo bem? Autoajuda é um tema bem subestimado, um pouco devido a cultura dos coachs no Brasil, e por outro lado o tema não ser tão valorizado como é nos EUA. Fiquei curiosa para conhecer. Um abraço, Érika =^.^=
ResponderExcluirEspero que goste da leitura também, Érika, =)
ExcluirOi, Hanna
ResponderExcluirEu não conhecia o autor. E embora, de cara, a gente ache o título um tanto presunçoso... é preciso ler a resenha por completo pra se entender do que se trata. Né mesmo? Eu achei muito legal o que se propõe o livro. E super toparia ler uma história dessa para transitar entre um momento ou outro das minhas leituras tão pesadas e densas.
Foi bem legal sua forma de trazer essa resenha. Acho que acompanhou bem o espírito da "coisa", ou seja, do livro. Parabéns!
Até uma próxima. Beijocas
Sim, tem que ler ao menos a sinopse para ver do que o livro se trata e ver que tudo tem um motivo nesse livro, hehe. Feliz que gostou da resenha
ExcluirAcho que gostaria de ler este livro, o jeito "d. Anésia" de ser ficou bem interessante para minimizar a forma com que ele possa passar a mensagem ao expectador.
ResponderExcluirAh, então espero que leia. E espero que goste também, ^^
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