Uma série de assassinatos brutais aflige a pequena cidade de
Baskersville. O suspeito é logo reconhecido.
Identificado como Telly Ray Nash,
o rapaz é extremamente perigoso e já tem passagem na polícia por conta de uma
tragédia ocorrida há oito anos atrás.
Sabendo do nível de inteligência e periculosidade que o jovem oferece, a
polícia pede ajuda de Quincy e Rainie, dois detetives aposentados que ainda
atuam como consultores em casos difíceis.
No entanto, eles terão que lidar com
muito mais do que questões profissionais, pois são os atuais pais adotivos de
Sharlah, a irmã mais nova de Telly.
Resta saber agora se o casal vai conseguir
manter as emoções controladas quando memórias antigas vêm à tona.
Esse foi meu primeiro contato com os trabalhos da autora, que conheci
através do @clube.lendo.com.os.morcegos.
Pela sinopse, a trama prometia um thriller
de tirar o fôlego, super elogiado e até considerado best-seller lá fora. Criei certas expectativas em relação à obra,
porém elas logo foram baixando depois de começar a leitura e ter conhecimento
de alguns comentários sobre o estilo peculiar da escritora.
Telly e Sharlah são pessoas quebradas e perderam a inocência muito cedo.
Uma situação bastante comum nos dias de hoje, infelizmente.
O rapaz fazia as
vezes de pai, protegendo a garotinha de tudo e todos que se aproximassem dela.
Além disso, ele fazia de tudo para deixar que a irmã tivesse uma
infância de verdade, enquanto descobria logo cedo a face feia do mundo.
Quando
foram separados, o rapaz ficou sem chão, tornando-se apático e sem vida.
Por mais que tentasse construir um novo caminho, conforme a psiquiatra e
a assistente social lhe indicaram, é complicado quando as pessoas ao seu redor
não o aceitam e nem respeitam suas dores. É um ótimo aluno, porém suas notas
são horríveis por sofrer bullying na
escola.
Os pais de acolhimento têm medo do rapaz taciturno e delinquente que tem
dentro de casa, arranjando qualquer motivo para o “devolver” ao sistema.
A
única família que o aceitou de portas abertas e sem questionar seu passado ou
idade foram Frank e Sandra Duvall, um casal com boas intenções e querendo fazer
uma coisa boa pelo mundo.
No entanto, Telly não tem um minuto de paz, pois precisa fugir da
polícia, que o acusa como único suspeito de ter cometido assassinatos brutais
pelos arredores.
Tudo aponta para ele, por aparecer atirando nas câmeras de
vigilância da cena do crime, além do histórico de oito anos atrás, o qual ainda
o assombra.
Sharlah, por sua vez, foi adotada por Quincy e Rainie, um casal de
detetives aposentados. Embora tentem se livrar do trabalho e relaxarem, a
verdade é que realmente gostam de investigar assassinatos e continuar na ativa,
ainda que como consultores.
Logo, não foi difícil aceitar o convite de Shelly, a xerife do condado
de Baskersville, pedindo-lhes ajuda para resolver o caso novo que está ganhando
destaque na mídia.
No entanto, o casal se surpreende ao notar que o procurado
da vez é ninguém mais, ninguém menos, que o irmão mais velho da filha
recém-chegada.
Sharlah era muito nova e mal se lembra dos acontecimentos de oito anos
atrás, muito menos do motivo que levou Telly a ser considerado perigoso e
obrigado a se afastar.
A sensação de assuntos não resolvidos fica ainda mais
latente quando a adolescente descobre quem é o suspeito que seus pais procuram.
|
Foto: Hanna Carlina/Mundinho da Hanna |
São muitas as perguntas que se passam em sua mente, como: o porquê de
ele ter sumido por tantos anos sem dar sequer uma explicação.
Além disso, o que
levaria seu irmão a cometer os crimes que cometeu? Será que realmente ela
conhecia seu próprio irmão?
Os mesmos questionamentos permeiam a cabeça dos detetives, que estão
cada vez mais confusos com as pistas encontradas.
Conforme lia, percebia o
quanto crimes perfeitos podem existir se você não prestar atenção aos pequenos
detalhes.
Quincy e Rainie formam uma dupla perfeita, não apenas no pessoal, mas
também no profissional. Nada passa batido por eles e estão sempre de olho em
tudo, embora pareça impossível de explicar.
Gostei bastante também da forma
como eles cuidavam de Sharlah, mesmo sabendo quem era o suspeito.
Eles sabem que as feridas do passado dos dois irmãos não cicatrizaram e
ainda são dolorosas. Porém, a forma como cada um lida com isso é individual e
dá medo.
Enquanto Sharlah foi parar em uma casa que a recebeu de braços abertos,
Telly não teve a mesma sorte e passou a vida toda sendo rejeitado e taxado de
vilão.
Por mais que não ache justificável, não sei se posso condenar algumas
atitudes que o rapaz tomou na vida.
O que, inclusive, dá margem para diversas discussões sobre atos de
violência protagonizados por jovens que vemos nos jornais.
É muito fácil taxar
eles como ladrões e delinquentes. Porém ninguém pensa em como está a mente da
pessoa que passou a vida inteira achando que essa era a única forma possível de
se viver. Especialmente quando o mundo mostra o quanto a odeia e a teme, em vez
de acolher.
Voltando ao livro, Telly parecia ter um “final feliz” quando conhece
Sandra e Frank Duvall. Aos poucos vemos como era a relação deles.
O rapaz já
estava tão acostumado a ser rejeitado que nem liga mais para nada. É nítida a
tensão entre os irmãos, tentando aparar arestas que parecem nunca sair.
Além
disso, o casal tem suas próprias feridas não cicatrizadas e segredos dos quais
não se orgulham. Talvez por isso sejam parecidos e se entendam ao seu modo.
Pelo ângulo de Sharlah, mesmo que seus novos pais se mostrem atenciosos
e carinhosos, ela ainda se fecha em copas a cada oportunidade.
Sua única
companhia é Luka, um cachorro policial aposentado, com quem tem uma ligação instantânea
e muito linda.
Por trás do treinamento para trabalhar junto aos detetives, ainda existe
um cãozinho muito amoroso e leal, que viu em Sharlah uma ótima parceira.
Acho
que esse foi o melhor momento da leitura inteira, no qual me vi sorrindo e
apaixonada pela relação desses dois.
Ainda, por mais que Quincy e Rainie evitem falar da investigação em
casa, tentando proteger a filha, ela se mostra mais esperta e também dá uma de
detetive.
Não apenas por ser seu irmão que está na reta, mas porque a garota
realmente gosta do trabalho dos pais, vendo nisso uma espécie de diversão.
|
Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna |
Mostra
que, realmente, prestou atenção no que ouvia por trás das portas, pois
surpreende o leitor e dá um banho em muitos outros investigadores que conheci
em livros passados.
Dessa forma, a família parte em busca de pistas para elucidar o caso e
mostram o quanto são imbatíveis juntos.
Nada é o que parece e os crimes tem o
jeito de ser apenas a ponta do iceberg
do que precisam desvendar. Logo, tudo parece estar interligado e precisam
prestar atenção em diversos detalhes para não ficarem para trás.
Confesso que fui feita de trouxa, pois criei diversas teorias e falhei
miseravelmente na maioria. Além de saberem mentir muito bem, todo mundo tem
segredos nessa história, até quem você menos espera.
A trama garante emoções do início ao fim, com cenas de “tiro, porrada e
bomba” garantidas. O desfecho é digno e a autora soube amarrar bem as pontas,
de modo que nenhum personagem, seja principal ou secundário, ficasse esquecido.
Isso rendeu alguns pontos para a obra.
No entanto, embora seja promissor, nem tudo são flores nesse livro. A
narrativa é alternada, com capítulos em terceira pessoa e em primeira.
Assim,
podemos ter uma visão mais ampla das investigações, mas também do que se passa
na cabeça de Sharlah e Telly.
Embora tenha sido uma sacada inteligente por
parte da autora, não curto muito esse tipo de narrativa, pois quebra minha
linha de raciocínio.
Essa sensação fica ainda evidente quando vi que não há uma marcação nos
capítulos mostrando quem está falando o quê.
Descobri “na surpresa” quem era o
narrador da vez e isso tornou a leitura um tanto incômoda. Além disso, a linha
do tempo não é contínua.
Então, além de não saber quem estava narrando o capítulo, ficava meio
perdida e sem saber se eram fatos do presente ou memórias dos irmãos
protagonistas, tornando a experiência de leitura ainda mais confusa.
Também fiquei incomodada com algumas cenas detalhadas além da conta. Sei
que a autora queria ambientar bem o leitor sobre os bastidores do que estava
acontecendo.
Porém, dedicou-se tanto a caracterizar sentimentos e o ambiente
que esqueceu do principal: o fato do momento. Isso deixou a leitura arrastada e
cansativa, o que me decepcionou um bocado.
Se tivesse resumido os capítulos em menos páginas, teria dado mais
emoção e a narrativa teria ficado mais fluida.
Entretanto, pelo que percebi em
comentários de leitores, essa é uma marca da autora, a qual já não curti muito.
|
Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna |
Até vi que tem outros títulos dela disponíveis no Kindle Unlimited. Contudo, por não fazerem meu estilo, não sei se
irei me aventurar neles tão cedo. Se você gosta de cenas com bastante detalhes,
pode ser que tenha uma experiência melhor que a minha.
Em relação à obra em si, li em versão digital.
Então, posso falar que está com uma diagramação e revisão bem feitas.
A capa é
característica de suspenses, embora me lembre mais o pôster de um filme do
gênero que um livro. E, apesar das ressalvas, ainda recomendo a leitura, mas
não vai levar a nota máxima dessa vez.
Oi, Hanna! Tudo bem? Adoro o gênero, sendo assim já me interessei pelo livro. Que bom que curtiu, apesar das ressalvas. Nunca li nada desta autora. Abraço!
ResponderExcluirhttps://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/
Talvez você tenha uma experiência melhor que a minha, pois creio que ela faça mais o seu estilo, Luciano.
ExcluirOlá, não li nada da autora, nem sei se pretendo por enquanto. Quanto a livros detalhados, dependendo do gênero, gosto.
ResponderExcluirBjs
Imersão Literária
Te entendo, Ley. Eu já não sou muito fã de livros extremamente detalhados, independente do gênero, haha.
ExcluirOi Hanna!
ResponderExcluirNão tive a oportunidade de ler algo da autora e os thrillers são mais esporádicos por aqui.
Confesso que fiquei curiosa para saber se eu iria gostar, vou procurar porque está no KU e eu adooooro quando a dica é fácil acesso! kkkk
beeeeijos
http://estante-da-ale.blogspot.com/
Sim, é uma facilidade a mais, né? Espero que goste da experiência. Vai ser bem fora da caixinha para você, haha.
ExcluirOi Hanna! Eu tenho vários livro desta autora aqui, alguns ainda pela Novo Conceito, e quero conferir em breve. Já diversos comentários sobre as obras dela e pelo que li aqui também, acredito que eu vá gostar. Bjos!! Cida
ResponderExcluirMoonlight Books
Pelo que vi, ela tem muitos livros publicados mesmo, mas não sabia que eram pela Novo Conceito ainda. Espero que tenha uma experiência melhor que a minha.
ExcluirOi!
ResponderExcluirGostei de saber que o título está no Kindle Unlimited pois não me lembro de ter visto títulos da Gutenberg por lá, vai que estão mudando! Não conhecia o trabalho da autora e que bom que ela entregou uma obra surpreendente.
Beijão
https://deiumjeito.blogspot.com/
Ah, tem vários dessa autora disponíveis no KU. Acho que vale a pena conferir, ainda mais que ficou curiosa, ^^.
Excluir