Eduarda Hernandes (ou Duda) é uma verdadeira apaixonada por artes
cênicas. Embora sua cidade não seja muito focada em espetáculos de teatro, ela
se agarra às poucas chances que aparecem e faz tudo com muito gosto.
Atualmente, trabalha em uma companhia muito importante como cenógrafa.
Junto ao seu amigo Belchior, ficam nos bastidores, garantindo que as peças
sejam realizadas com sucesso e comemorando a cada conquista.
O trabalho atual
da equipe é montar a peça ‘Querido Evan Hansen’, uma obra bastante famosa
internacionalmente. E agora eles têm a responsabilidade de trazer uma versão
brasileira para ser apresentada em Fortaleza (CE).
No entanto, um trabalho desse porte exige muito da equipe e o estresse
vai lá no alto. Para completar, Eduarda é apaixonada por Maria Flor, sua melhor
amiga e uma das atrizes da peça, que está bem nervosa conforme a data da estreia
se aproxima.
Muito estressada e sem poder confessar seu amor para a amiga, a jovem
decide seguir o exemplo do protagonista do livro e escrever cartas
encorajadoras e de desabafo a si mesma, as quais ficam guardadas dentro do
exemplar de ‘Querido Evan Hansen’.
Mas as coisas não são tão simples assim e logo Eduarda vai perceber que
se meteu no mesmo tipo de confusão de Evan. Resta saber se ela terá coragem de
resolver tudo.
“Como você podia sentir que, ao encontrar alguém, tudo ao seu redor
para, que o tempo para?”
‘Querido Evan Hansen’ é um livro que teve bastante hype uns tempos atrás. Apesar disso, não li na época, esperando “a
poeira baixar” para evitar qualquer influência. No entanto, acabei esquecendo
dele e fui lendo outros títulos que apareceram na lista.
Depois que li o conto nacional inspirado na obra, fui pesquisar também sobre
a versão original. Para quem, assim como eu, não tinha lido, a trama gira em
torno de Evan Hansen, um rapaz que sofre de ansiedade e escreve cartas
encorajadoras para si mesmo.
Porém, uma das cartas cai nas mãos de quem não
devia e o rapaz tem um dilema: viver com uma mentira que as pessoas acreditam
ou contar a verdade sobre o que de fato aconteceu.
Além disso, a obra original traz uma aura densa e cheia de gatilhos, o
que felizmente não acontece em ‘Atenciosamente, Eduarda Hernandes’.
A versão
brasileira é bem curtinha e dá para ler em uma sentada, com direito a cenas
constrangedoras, porém também divertidas e um final previsível.
Gostei bastante também por se passar no Ceará, um estado tão rico em
cultura e arte, mas que infelizmente não é muito presente em minhas leituras
(percebi que boa parte das minhas escolhas de livros nacionais acabam ficando
numa bolha “Rio de Janeiro/São Paulo”). Então, foi maravilhoso poder viajar
para o Nordeste e ter novos horizontes literários.
Narrado em primeira pessoa, vemos os acontecimentos pelo ângulo de
Eduarda (ou Duda, para os íntimos).
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Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna |
Ela é verdadeiramente apaixonada pelo que
faz e, mesmo tendo talento para ser uma grande atriz, prefere ficar por trás
das cortinas. É nítido o seu entusiasmo quando está nos bastidores e vendo “a
magia acontecer” antes do público chegar.
Junto de Belchior, eles formam uma grande dupla. Dentro e fora do
teatro, esses dois são bastante unidos e estão sempre torcendo um pelo outro.
Além disso, o rapaz sabe do dilema de Duda, perdidamente apaixonada pela melhor
amiga e sem poder confessar o sentimento que lhe corrói a cada dia.
Inspirada no livro do qual estão montando a peça, a protagonista decide
extravasar sua agonia através de cartas escritas para si mesma, as quais ela
guarda dentro do próprio exemplar que carrega consigo. Assim, conhecemos também
um pouco do que ela sente em relação a uma série de coisas.
Negra e bissexual, sabe na alma o que é o preconceito. Embora pareça
forte por fora, é uma mulher que tem seus altos e baixos, como qualquer pessoa.
Isso a faz mais humana e crível.
Além disso, ao ler a descrição de sua relação com Maria Flor (a melhor
amiga), é nítido o quanto ela nutre esse sentimento há um tempo considerável.
Porém, vendo as situações que sua amiga passa, Duda morre de medo de perder uma
das poucas amizades verdadeiras que possui.
Sua única saída são as cartas que se tornam frequentes, especialmente
por conta do estresse da estreia do espetáculo a cada dia mais próximo. Ela
tenta ao máximo lidar também com certas situações mais desgastantes, de modo
especial quando precisa falar com Filipe, o dono da companhia.
Arrogante, narcisista, preconceituoso e machista, o cara se sente o rei
do teatro, por ser o único que conseguiu levar esse tipo de arte para a cidade
e fez sucesso. A equipe é obrigada a aceitar o que ele diz, porém não sem
deixar o clima tenso.
O nervosismo impera pelos corredores, ainda mais com a possibilidade de
montar um espetáculo baseado em uma obra internacional bastante “hypada”. Eduarda está feliz por
participar da cenografia de uma das suas histórias favoritas, mas isso não quer
dizer que esteja tranquila.
Filipe está deixando todos mais apreensivos do que o necessário,
sobretudo por suas escolhas sem sentido em relação ao elenco. Maria Flor
poderia muito bem ser a atriz principal, porém é jogada para escanteio pelo
simples motivo de não ter nascido branca e, supostamente, por não ter o talento
necessário para atuar.
Isso gera diversos momentos indigestos ao longo da trama e toda vez que
esse babaca aparecia eu já revirava os olhos. Só queria que ele sofresse
combustão instantânea e deixasse a moça em paz.
A única pessoa que entende a dor de Maria Flor é Eduarda, que também
sabe na pele o que é ser ridicularizada só por existir. No entanto, Duda
precisa pisar em ovos a todo momento, pois não pode correr o risco de deixar
seu coração falar mais alto e se declarar de qualquer jeito.
Vendo as coisas pelo lado da protagonista, ela age como se Maria Flor
fosse um sonho distante e até doloroso de ser realizado. Assim, ler as cartas
que escreve para si mesma, tentando disfarçar algo que está escrito em sua
testa e piscando em neon, é muito triste.
E sua situação fica mais delicada ainda quando a moça percebe que perdeu
o livro em que guardava as cartas. Qualquer pessoa poderia ter encontrado, lido
suas palavras e gerado um constrangimento desnecessário.
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Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna |
Enquanto procura desesperadamente pelo exemplar, ela precisa fingir que
nada aconteceu e a vida segue. Porém, a forma como ela faz isso beira o filme
de comédia romântica, o que rende umas cenas mais engraçadas.
O final é previsível, porém digno. Como é um texto de menos de 50
páginas, não tinha tanto espaço para desenvolvimento.
Mas a autora soube lidar
muito bem e mostrou uma história com começo, meio e fim definidos. Com uma
escrita fluida e super gostosa, a escritora me manteve imersa ao longo da
leitura e eu terminei sentindo saudade dos personagens.
Em relação à obra em si, li em versão digital. Então, posso dizer que a
diagramação está muito bonita e a revisão bem feita. A capa segue o padrão das outras,
com um desenho simples e objetivo. Traz o casal protagonista em destaque, no
palco, com padrão de cores bem pensado, porém não muito chamativo.
Em resumo, se você gosta de histórias que se passam no Nordeste e trazem
representatividade, recomendo a leitura.
Eu não conhecia esse livro, incluindo o que inspirou a história hehehe! Gostei da premissa e pelo que você contou merecia ter mais páginas. E achei a capa bem fofinha! ♥
ResponderExcluirBeijos, Carol
www.pequenajornalista.com
Pois é, também acho que merecia mais páginas, haha. Mas ainda assim, recomendo, a história é bem fofinha.
ExcluirOi, Hanna. Tudo bem? A obra me parece ser ótima, nê? O Nordeste brasileiro tem uma cultura tão rica, acho muito legal autores (as) falarem mais desta maravilhosa cultura nordestina. Que bom que curtiu. Abraço!
ResponderExcluirhttps://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/
Sim, é maravilhosa mesmo, Luciano. =)
ExcluirOie, tudo bem?
ResponderExcluirGosto bastante da temática, parece ser um livro bem interessante! Que bom que gostou, adorei a dica!
Blog Entrelinhas
Que bom que gostou, ^^
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