Bioshock - Rapture | John Shirley

em 02 fevereiro 2023

   Olá meu povo, como estamos? Hoje temos a resenha de ‘Rapture’, livro baseado em um dos jogos mais renomados do mundo dos games




Bioshock - Rapture | John Shirley
Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna





5/60

Livro: Bioshock - Rapture

Autor: John Shirley 

Tradutor: Caio Pereira

Editora: Novo Século

Ano: 2013

Páginas: 408




Fim da Segunda Guerra Mundial. As bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki trouxeram ao mundo o medo de uma total aniquilação. Novas políticas foram adotadas pelo governo americano, a fim de recuperar e restaurar a economia do país. Os altos impostos, o aumento da intervenção do Estado nas instituições privadas e o crescente poder das agências de inteligência davam ao cidadão comum a impressão de eterna vigilância. A sensação de liberdade diminuía a cada dia. E muitos pareciam dispostos a fazer de tudo para reconquistá-la. Entre eles, havia um grande sonhador, Andrew Ryan, decidido a criar sua própria utopia: uma cidade livre de governo, de censura, de restrições morais à ciência. Nesta cidade, tudo seria possível, e cada um receberia de volta o correspondente a seu esforço individual. Esta cidade era Rapture, a joia no fundo do mar. Mas nem tudo correu conforme o esperado, e uma grande tragédia abalou os planos daquele sonhador. Esta é a história do início de tudo... e do fim.




Bioshock - Rapture | John Shirley




   Após a II Guerra Mundial, o mundo está um verdadeiro caos. Os civis recolhem os cacos que sobraram após as demonstrações de poder dos governos, os quais cobram impostos cada vez mais elevados. Ainda, criam políticas tão restritivas, que impedem qualquer um que tente se reerguer de forma digna.
   A sensação de impotência reina, independente da classe social, gerando revolta entre a população. Nesse clima de insegurança e medo, algumas pessoas querem virar o jogo e consertar o mundo. Contudo, a forma como se faz isso pode ser um tanto utópica.
   Andrew Ryan tem um sonho e não vai desistir até vê-lo realizado: um lugar livre de governos, leis e qualquer entrave que impeça o progresso. Assim, cria Rapture, sua própria cidade, localizada no fundo do oceano, onde nenhum poder público será capaz de alcançar. A grande questão é: até que ponto o mundo sem leis e política se mantém?

 

“Se o mundo moderno fosse um paciente sobre meus cuidados – ela meneou a cabeça – eu o diagnosticaria como suicida.”

 

   Para quem não conhece, ‘Rapture’ é baseado em um jogo homônimo, o qual fez bastante sucesso na época do lançamento. Porém, enquanto o game traz uma cidade já em ruínas, o livro conta os bastidores desse plano ousado (ou insano).
   A narrativa é em terceira pessoa e traz uma visão ampla de cada cenário. Além disso, a trama é centrada no final dos anos 1940, quando o mundo anda recolhia seus cacos no pós-guerra. Costumes, bordões e figurinos nos levam a uma viagem no tempo, misturada com a ficção. O que achei bom, pois o autor trouxe diversos elementos da época e inseriu com os da trama, fazendo o leitor bancar o teórico da conspiração e levantar questionamentos sobre a real existência de Rapture.
Aos poucos, somos também apresentados aos construtores da cidade, bem como os possíveis inimigos.    A ideia inicial veio da mente brilhante (ou maluca, fica ao gosto do freguês) de Andrew Ryan. De origem pobre e perseguido por um governo que não fazia bem algum para a população, ele imigrou com seus pais da Rússia para os Estados Unidos ainda pequeno. Na terra do Tio Sam, encontraram abrigo e uma forma de gerar riqueza, a qual o rapaz mantém depois de adulto.
   Porém, vendo a forma pela qual o governo americano lidava com a situação do país, percebeu que certas coisas só mudam de endereço e não podem ser resolvidas pulando de país em país. Assim, Andrew decide salvar a humanidade da ruína e resolver todos os problemas políticos de uma única vez, criando sua própria utopia.


Bioshock - Rapture | John Shirley
Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna




   Gastando toda a fortuna na construção de Rapture, Ryan não mede esforços para garantir que o empreendimento seja concluído. No processo, traz algumas pessoas que acreditam nas promessas de bolso cheio e vida tranquila debaixo d’água.
   Além disso, a ideia de viver no fundo do mar pode ser interessante por um lado, pois a tecnologia desenvolvida para um novo modo de vida é inovadora e sofisticada, jamais vista na época (ou mesmo hoje em dia). Contudo, me dava agonia pensar nessa construção e o custo de um sonho (não apenas em valor financeiro, mas de recursos e mão de obra). 
   Isso me fez refletir sobre quantas obras gigantescas existem até hoje, porém olhamos apenas a beleza estética e valor histórico distorcido. Enquanto isso, esquecemos de nos atentar a quem sofreu para colocar tudo de pé.
   Ver a forma como Ryan lidava com esses custos me deixou enojada e só fez crescer um ranço que já sentia. Seus argumentos são ridiculamente frios e calculistas, retratando apenas que Rapture não é um ideal de salvação, mas o brinquedo de um milionário excêntrico e que não tinha mais em que gastar sua fortuna. Talvez por isso tenha atraído tanta gente parecida com ele para fazer o tal sonho subaquático dar certo.

 

“A ideia era trazer somente o que há de melhor no mundo conosco, mas talvez tenhamos trazido um pouco do pior também.”

 

    Aos poucos, vemos as pessoas chegando e se estabelecendo em seus novos lares. Além disso, percebemos o que podem fazer na ausência de regras. 
   Tudo é permitido e proibição não tem vez, independente das consequências. No entanto, existe uma linha muito tênue entre liberdade de expressão e falta de respeito, conforme passamos a perceber de uma maneira bem descarada e assustadora.
   As pessoas se sentem tão libertas dentro da nova cidade, que agem como se nada mais importasse, só mostram o lado mais cruel e insano que a humanidade pode ter. Isso se torna mais evidente quando muitas das promessas de Ryan não se cumprem, dado que todos receberam propostas de vida digna, porém ninguém avisou dos custos que estavam nas letras miúdas do contrato.
   Uma das poucas pessoas que ainda tem um pouco de dignidade e respeito ao próximo (até arrisco dizer sanidade mental) é Bill Donaugh, um bombeiro hidráulico que ganhou um upgrade para engenheiro chefe de Rapture. Ele ajudou na construção e é um dos primeiros moradores que vieram iludidos com a promessa de uma vida melhor e mais estável. Vivendo um conto de fadas com sua esposa e a família crescendo, sua felicidade dura pouco ao presenciar certos acontecimentos.

 

“Rapture vai definir o direcionamento para a civilização de todo o planeta, no futuro... e a história vai querer saber o que aconteceu aqui...”

 

   Embora seja uma narrativa em terceira pessoa, boa parte dos acontecimentos são pelo ponto de vista de Bill, o qual poderia muito bem ser nosso protagonista. Toda vez que entrava em cena, era palpável a mudança de seus sentimentos em relação à aventura (ou cilada, como preferir) em que se meteu. 
   Confesso que fiquei preocupada e me senti de mãos atadas vendo as provações pelas quais o coitado passou. Entretanto, o sentimento mais nítido foi o de arrependimento. O rapaz acreditou que poderia ter uma forma fácil de resolver seus problemas, mas só encontrou outros ainda maiores e mais perigosos.
   A situação dele não é única, visto que a trama segue linha do tempo contínua e mais pessoas chegam com as mesmas promessas de pesadelo e loucura, disfarçadas de vida boa e paz eterna. Dessa forma, a melancolia, o desespero e o arrependimento reinam quase que o tempo inteiro, especialmente quando a psicanalista Sophia Lamb entra em cena. 
   De todos os personagens secundários, aliás, foi a que mais gostei. Ela não tem medo de dizer o que pensa, é inteligente e sabe em que terreno está pisando. Porém, precisa ter estômago forte e ser corajosa diante de tantos obstáculos, além de uma sociedade doente e mais quebrada do que acredita ser.


Bioshock - Rapture | John Shirley
Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna




   O que é coerente com o que vinha sendo apresentado, ainda mais depois das ameaças de Ryan quando reclamações chegavam em seus ouvidos. Não obstante, vendo como ele criou diversas situações e a reação das pessoas, era de esperar uma narrativa com certo movimento e reviravoltas. O que de fato aconteceu, porém não de uma forma convincente.
   Eu tinha a expectativa de ver algo mais no estilo Revolução Francesa, ou mesmo 1984. Mas só vi uma verdadeira farofa, com tantos elementos sem sentido que, sinceramente, não sei de onde saíram e nem porque ganharam tanto destaque. O autor perdeu tanto tempo com isso, que o mais importante ficou de fora e sem explicação. 
   Pelo fato de eu nunca ter jogado, creio que sejam elementos presentes na trama original e podem ser importantes nas missões que os jogadores precisem cumprir. No entanto, a forma como foram inseridos no livro é nonsense e dispensável. Assim, tive a sensação de ter lido dois livros separados, emendados de qualquer jeito e não sei quando uma distopia interessante se tornou um filme trash.
   Além disso, o autor trouxe tantos personagens secundários que mais parecia a torcida do Flamengo e me deixou perdida em diversos momentos. Muitos deles ainda foram promovidos a protagonistas de última hora, ganhando destaque repentino. Porém, sumiram com um mero puf!, como se nunca tivessem existido. Por conta disso, fiquei com várias perguntas sem respostas e me decepcionei um bocado.
   O que é uma pena, pois a ideia inicial era muito boa. É uma leitura densa e assustadora em um primeiro momento, que me fez refletir bastante sobre o quanto o ser humano pode ser vil e mostrar seu pior lado com facilidade. No entanto, o desfecho não me convenceu totalmente por conta da mistura de tramas secundárias, que perdeu o foco e encerrou de qualquer jeito.
   Falando sobre o livro em si, li em versão digital. Então, posso falar que tem uma diagramação bem feita, assim como a revisão. A capa traz bem a ideia do que encontraremos ao longo da leitura.
   Não é um livro que eu iria reler. Mesmo assim, recomendo a leitura para que tenha sua própria opinião sobre a história.





   Já leram esse livro, ou conhecem o jogo? E qual foi sua decepção literária de 2023? 
















Obs.: Texto revisado por Emerson Silva

6 comentários:

  1. Uma pena que a escrita talvez se perdeu querendo acrescentar muita coisa... e acaba ficando muitas coisas sem sentido que nem você falou. A história tinha potencial de ser melhor.

    www.vivendosentimentos.com.br

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    1. Pois é, também acho que a história poderia ter um desenvolvimento melhor. Mas valeu a experiência.

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  2. Mais um livro que eu não conhecia e descubro aqui no seu blog!
    Não parece muito ser o meu tipo de livro, mas sua resenha ficou ótima.

    Beijos
    https://brenshelf.blogspot.com/

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    1. Que bom que gostou da resenha, Brenda. E pois, é... às vezes o livro não é do nosso estilo. Vida que segue, haha

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