Heloísa tinha uma vida tranquila e feliz ao lado de seu marido. Acabaram
de se mudar e estão se adaptando à rotina de uma cidade grande.
Embora tenham
uma vida corrida, eles ainda têm tempo para serem um casal apaixonado e curtir
com os amigos. Ou seja, é um casamento perfeito e com cara de contos de fadas.
No entanto, olhando de perto, as coisas não são bem assim. A moça irá
descobrir que o mundo pode ser bem mais do que lhe foi apresentado a vida
inteira. A grande questão é: ela e seu marido estão prontos para isso?
Como falei no post de primeirasimpressões, eu já conhecia o trabalho da Ju Cirqueira como criadora de
conteúdo literário. Aliás, algumas mudanças que aconteceram por aqui no
Mundinho foram inspiradas no blog dela. Mas eu não sabia o que esperar quando
ela anunciou que escreveria um livro.
Logo no lançamento percebi que ficou até um tanto hypado, o que me deixou desconfiada e preferi não ler tão cedo.
Mesmo assim, acabei pegando emprestado no catálogo do Kindle Unlimited e deixei quieto na nuvem até agora, quando
coloquei para a votação.
Aliás, para quem caiu de paraquedas nessa resenha, eu sempre monto parte
da minha TBR através de escolha do público, que coloco nos stories do @mundinhodahanna. Logo postarei a
próxima, assim estão todos convidados a seguir o perfil e deixar seu voto na
lista.
Voltando a falar da leitura, mesmo sabendo que venceu por unanimidade,
tentei ler sem grandes expectativas. E foi um grande acerto, pois tive uma
experiência bem agradável.
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Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna |
A escrita da autora é fluida, ao mesmo tempo que é poética também. O que
me lembrou um pouco o estilo da Taylor Jenkins Reid, inclusive. Dessa forma,
somos apresentados à trajetória de Heloísa, nossa protagonista e narradora.
A moça é professora de história em uma escola de Ensino Fundamental II e
tem bastante orgulho de sua profissão. Apesar disso, não deixa de ser um tanto
frustrada por não ter ainda realizado o verdadeiro motivo de sua escolha da
faculdade. Mas tudo se apaga quando está ao lado de Guto, seu marido.
O rapaz é aquele príncipe encantado dos contos de fadas: bonito,
inteligente e divertido. Onde chega, é o centro das atenções e todos querem
falar com ele. Trabalhando como advogado em um escritório de renome na capital,
ele está fazendo muitos amigos e acaba inserindo a esposa por tabela nas rodas
de conversa.
“As pessoas se esquecem do quanto somos diferentes uns dos outros e que
seguir os mesmos caminhos não é garantia de obter os mesmos resultados.”
O que seria ótimo, pois isso só mostraria o quanto eles são um casal
maravilhoso e que se apoia. Mas é aí que percebemos certos detalhes que mostram
o oposto.
Pequenas sutilezas que acabam passando batido e, tempos depois, podem
levar as coisas grandes e impossíveis de serem ignoradas.
Para começar, a profissão de Helô é um orgulho para ela. Contudo, por
onde passa, os amigos de Guto a metralham com ofertas de concursos de “empregos
melhores e decentes”, sem perguntar se a moça estava procurando. O que leva a
momentos constrangedores e desnecessários, que seu marido vê como “um
comentário inocente de quem se preocupa”.
Mas eu, especialmente por já ter passado por isso diversas vezes, só
queria socar a cara desse infeliz e fazer ele engolir todos os dentes a cada
vez que dizia isso.
Não apenas ele, mas todos os amiguinhos que traz a
tiracolo, os quais pensam que o mundo gira apenas em torno deles próprios e o
resto do mundo não importa.
Isso porque Guto pode ser um cara maravilhoso até a página dois. Achei um
personagem difícil de engolir desde que apareceu pela primeira vez.
A verdade é
que ele é egoísta, controlador e mesquinho. Além de ter atitudes
constrangedoras que me lembraram também situações de meu passado, pelas quais
eu só queria que sofresse combustão instantânea e sumisse do livro.
“Acreditar e confiar em alguém não faz você responsável pelos atos da
outra pessoa.”
Heloísa percebe isso gradualmente e se sente cada vez mais perdida e
solitária, mesmo cercada por muita gente. E, confesso, me senti representada em
vários momentos.
A verdade é que ela está numa zona de conforto, porém de
infelicidade. Sair dela pode ser bom, mas ao mesmo tempo doloroso e causa medo.
O que a faz ter dúvidas constantes sobre o que está fazendo.
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Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna |
Enquanto ela se pergunta qual caminho deve seguir, conhecemos um pouco
dos outros personagens, de modo especial suas raízes. A moça veio do interior e
tem uma família pequena.
Logo, tudo gira em torno da mãe, do irmão mais novo e
da avó. Aliás, minha vontade era de colocar a Vó Nena num potinho e guardar
para sempre.
De longe, foi a personagem que mais me cativou. É uma mulher que já viu
muito nessa vida e tem bastante sabedoria para compartilhar.
Basta estar
disposto a ouvir. Já a mãe e o irmão de Heloísa são pessoas discretas, mas nem
por isso deixam de ser observadoras e nem de falar o que pensam.
Em resumo, formam uma família unida e que não tem medo de puxar a orelha
um do outro quando necessário. Isso os faz reais e críveis, me lembrando da
minha própria família em diversos momentos.
Outra coisa que gostei nessa leitura é que a trama é ambientada no
Espírito Santo, onde a autora mora atualmente. Apesar de viver no Sudeste e ler
muitas obras ambientadas na minha região, esse é um Estado esquecido para tudo.
Seja viagens ou mesmo leituras, lendas, etc. Então, foi uma boa experiência
conhecer um cantinho do nosso Brasil que é tão perto, mas acaba sendo ignorado.
Desse modo, alternamos entre os acontecimentos da cidadezinha de
Cachoeiro e Vitória, a capital. Enquanto a vida na primeira é pacata e me deu
vontade de querer me mudar o quanto antes, a segunda se mostrou como qualquer
cidade grande: corrida e, por vezes, solitária.
Se puder definir ‘Vivendo nas Entrelinhas’ com uma frase eu diria: ler é
perigoso, pois te faz pensar. A protagonista percebe isso aos poucos, conforme
vai abrindo os olhos e percebendo as consequências de suas escolhas. Mas tudo
pode ter seu lado bom, ainda mais quando Helô passa a participar de um clube do
livro, de maneira inusitada e inesperada.
“Eu encontrei um lugar que me acolhia como eu era, e me fazia querer ser
cada vez mais eu mesma, em vez de tentar ser outra pessoa.”
Acho que só uma pessoa que ama tanto a literatura consegue entender as
diversas declarações de amor que a moça começa a fazer em suas próprias
descobertas. Listas de desejados, passeios nas livrarias, cheirinho de livro
novo, lidar com os horários apertados e carregar um livro na bolsa. Isso além
dos motivos que nos fazem querer sempre ler, mesmo estando com a agenda lotada
de tarefas.
Foi também lá que conheci outros personagens secundários, mas que marcam
bastante presença. Acho que leria se tivessem um livro apenas para eles.
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Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna |
Clara,
a mediadora do clube e também colega de trabalho de Helô, se mostra uma pessoa
maravilhosa e uma grande amiga. Adorei ver como a relação dessas duas se
desenvolve, bem como a protagonista pode aprender bastante com a nova
convivência.
O resultado foi um romance bonito, com o pé no chão e muitas reflexões.
Esse livro fala sobre o poder da verdadeira amizade, coragem e, acima de tudo,
amor próprio. Heloísa tem uma jornada de aprendizado e amadurecimento crível e
digna de deixar o coração do leitor quentinho.
O mesmo posso falar do desfecho. Ele é fechado, crível e real, mas que
ainda tem espaço para muitas ponderações.
Afinal, o que nos faz realmente
felizes? Acho que só essa pergunta rende debates intermináveis e diversos TCC’s
de psicologia. Mas foi o que me perguntei logo que terminei a leitura.
Em resumo, é um livro que eu recomendo para quem gosta de um bom romance
ou mesmo se procura sair de uma ressaca literária. Falando sobre o livro em si,
li em versão digital. Então, posso falar que gostei bastante da diagramação e a
revisão está bem feita. A capa também é uma gracinha, com elementos que, embora
não tenham conexão em um primeiro contato, fazem todo sentido no decorrer da
leitura.
Nunca li esse livro, mas foi muito interessante ler sua perspectiva sobre o ele. Gosto de romances bonitos com reflexões e principalmente, pé no chão, com coisas mais reais. Achei muito interessante!
ResponderExcluirmeu lar
Ah, que bom que gostou, Karoline. Ele é muito amorzinho e recomendo, viu? Acho que combina com você. ^^
ExcluirOi, Hanna! Tudo bem? Não li este livro, aliás nunca li nada dessa autora. Parece um livro gostosinho de se ler, né? Li poucos livros de booktubers.Que bom que curtiu. Abraço!
ResponderExcluirhttps://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/
Sim, é muito agradável mesmo, viu Luciano. Adorei a experiência, =)
ExcluirOi Hanna, não sabia que a Ju tinha escrito um livro, que legal.
ResponderExcluirMe vi neste enredo, pois, depois que me casei quase não leio mais em casa e ainda faço faculdade e trabalho, então sei o quanto é difícil.
Parece que o livro é bem levinho e que é um bom romance, quero ler com certeza.
www.relatosdalih.com.br 💜
Pois é, ela escreveu e começou bem. Super recomendo, ainda mais se você se identifica, =)
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