A França está sob ataque novamente. Uma série de assassinatos bárbaros
choca o país e a polícia precisa descobrir o culpado o mais rápido possível.
Após uma breve investigação, tudo aponta para Arsène Lupin. No entanto,
é preciso olhar com muita atenção os detalhes dos incidentes, os quais parecem
bastante refinados e bem articulados. Porém, existe um pequeno detalhe que
diferencia da assinatura do Ladrão de Casaca: ele não mata suas vítimas.
Enquanto tenta provar sua inocência para os investigadores, Lupin se
depara com um novo obstáculo: verdadeiro responsável pelos assassinatos tem uma
mente tão brilhante quanto a dele (ou talvez até mais). Contudo, sua identidade
permanece um mistério para todos, sendo chamado apenas de “L. M.”. O tempo é
curto e cada segundo conta para que a justiça seja feita e o caso solucionado.
No entanto, Arsène terá que lidar não apenas com uma disputa de
inteligência, mas também contra seus próprios demônios. Eles estão ficando bem
fortes a cada vez que é passado para trás. Será que o Ladrão de Casaca vai
sobreviver até o fim da batalha?
“Lupin não era homem de conviver com a dúvida.”
Há muito tempo que eu queria ler esse livro, mas infelizmente foi o menos
publicado de toda a série e eu nunca encontrava em versão física para
comprar/trocar. Um dia, procurando pelo catálogo do Kindle Unlimited, encontrei o volume e tratei de pegar emprestado.
Minhas expectativas eram altas, especialmente por sempre ver comentários
positivos a respeito da obra. Além disso, é bem comum a opinião de que ‘813’
seria um divisor de águas na trajetória de Lupin — o que só me deixou mais
curiosa ainda.
Consegui colocar na minha TBR de março, mas me espantei por ter levado
tanto tempo para concluir a leitura (quase um mês). Em parte, foi porque eu
estava mais lenta nesse sentido devido ao cansaço. Porém, acho que também não
esperava encontrar uma história tão densa.
A narrativa mantém o padrão dos demais livros do personagem. Ou seja, é
em terceira pessoa, sendo contada por um narrador que ouviu a história do próprio
Lupin e passou para o papel (talvez até o alter ego do autor original).
E aqui conhecemos uma das situações mais complicadas pelas quais Lupin
passou. O protagonista é acusado de uma série de assassinatos, os quais teriam
começado com o caso de Kesselbach, um homem da alta sociedade morto com um
corte profundo no pescoço.
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Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna |
O crime era limpo, com indícios de ser perfeito e tudo apontava para Arsène
Lupin, já que apenas ele poderia pensar em algo do tipo. No entanto, apenas um detetive nota as pequenas sutilezas no
caso e levanta a dúvida a esse respeito.
Até porque, de acordo com o inspetor Lenormand e seu parceiro Gourel, o
Ladrão de Casaca pode ser bastante ardiloso e sempre se safa de cenas
espetaculares, levando consigo grandes somas. Mas ele nunca matou antes e não
seria agora que essa característica mudaria.
Contudo, mais provas aparecem e só complicam o suspeito. Lupin vai
preso, embora continue alegando inocência. Sua tranquilidade é tamanha que
nunca se sabe se ele está falando a verdade ou apenas cumprindo mais um de seus
planos brilhantes.
Mas não existe crime perfeito e o tempo não para. Um mistério paralelo
começa a se desenrolar, envolvendo um código com o número 813 e a palavra Apoo. Arsène tem sua chance: ele ajuda a
resolver e, ao mesmo tempo, aproveita para investigar suas próprias acusações e
provar que foi preso injustamente. A proposta, por sua vez, é aceita a muito
contragosto.
Porém, isso não quer dizer que será fácil de
cumprir. Até porque o L. M. é uma mente tão brilhante quanto a de Lupin e
também já deixou clara sua intenção de manter o adversário na reta da forca.
O jogo de xadrez se forma e cada detalhe conta. Todo mundo pode estar
mentindo e é preciso ficar de ouvidos bem atentos a cada frase que dizem.
“Quando Lupin fala, a coisa acontece.”
O livro é dividido em partes, as quais são importantes para o
desenvolvimento da trama. Entretanto, achei que as primeiras eram um tanto
monótonas, o que deixou minha leitura mais lenta do que eu esperava.
Apesar de gostar tanto do protagonista e panfletar a cada oportunidade,
pensei algumas vezes em abandonar a obra. Contudo, decidi dar mais uma chance
por conta da opinião geral dos leitores. E foi lendo devagar, intercalando com
outros livros, que tive minhas surpresas e depois “fiz as pazes” com Lupin de
novo.
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Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna |
Existe um motivo para a leitura ser arrastada dessa forma e minha mente
explodiu quando entendi. A partir daí a trama passa a ser mais dinâmica e
praticamente passei a me dedicar apenas ao Ladrão de Casaca.
Arsène se vê cercado de inúmeras teias de mentiras. Assim, ele precisa
ser ainda mais esperto do que o de costume se quiser sair vivo dessa enrascada.
Até porque o verdadeiro assassino não está de brincadeira.
O mistério paralelo, por sua vez, toma forma aos poucos. Conforme vamos
conhecendo o elenco dos outros cenários, percebemos que tudo pode estar
interligado e é preciso estar atento a qualquer detalhe. Além disso, Lupin
mostra mais uma vez que pode ser o mestre dos disfarces e está em todos os
lugares que se possa imaginar.
No entanto, não sei se é o cansaço pela idade, ou o susto por encontrar
um adversário decente, mas senti o Ladrão de Casaca um tanto trouxa dessa vez.
Eu não sabia se queria dar uns tabefes na cara dele e mandar acordar, ou dar um
abraço e um olhar de pena.
“A cena tinha qualquer coisa de trágico, aquela espécie de grandeza e
solenidade que as horas adquirem quando estamos próximos de um possível
milagre. É como se a própria voz do destino estivesse a ponto de soar.”
Os detetives, por sua vez, são menos presentes após um certo tempo. O
que deixa boa parte do espetáculo para o protagonista, que mostra sua veia
investigadora.
Embora tenha passado meus momentos de raiva com ele, a verdade é
que Lupin continua sendo Lupin. Com a inteligência que tem, acabou fazendo um
ótimo trabalho, de modo especial depois que acordou para a vida.
Ao longo da trama, fui feita de trouxa quase que a cada capítulo. Mas
acertei a identidade do verdadeiro assassino e fiquei bem feliz. Porém fui
feita de trouxa logo em seguida com as atitudes do Ladrão de Casaca ao
constatar a informação.
Confesso que, já tendo lido os primeiros livros do personagem, sabia da
sua fama de justiceiro e até um tanto precipitado demais. Entretanto, não
esperava ver um lado tão sombrio como vi em ‘813’. Lupin praticamente muda da
água para o vinho e eu deixei de reconhecê-lo. Ainda tenho dúvidas se isso é
bom ou ruim, mas também não sei o que faria se estivesse no lugar dele.
“Diabos, Lupin! Você vai ser sempre o mesmo, até o fim da vida,
insuportável e cínico!”
O desfecho é surpreendente e, ao mesmo tempo, assustador. Simplesmente
devorei o livro a partir da metade e ainda não sei definir o que senti.
Mas
posso dizer que terminei a leitura com uma sensação de ter visto uma pessoa
apanhar bastante da vida e que agora quer se vingar a todo custo. Talvez por
isso eu já tenha notado uma sutileza de suas mudanças em ‘A Rolha de Cristal’ (o volume depois de 813). Veremos agora como
será a personalidade de Lupin nos demais livros.
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Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna |
Como li a versão digital, posso falar que a diagramação e a revisão
estão muito bem feitas. A capa é objetiva e passa a mensagem do que
encontraremos (sim, minha mente explodiu quando entendi o motivo das
engrenagens e me agarrei mais ainda ao livro).
Por fim, se nunca leram as aventuras de Arsène Lupin, recomendo que
leiam. Ainda mais se curtem os clássicos de investigação. A série é um tanto
longa, mas os livros estão em domínio público. Então, são fáceis de encontrar
por meios gratuitos.
E aí, o que acharam da resenha? E de ‘813’? Me contem nos comentários.
Oi Hanna! Esse livro trouxe um Lupin bem diferente e o final me deixou pensando muito sobre o futuro do personagem. Eu gostei bastante. Bjos!! Cida
ResponderExcluirMoonlight Books
Agora que li, posso dizer que super concordo contigo, Cida.
ExcluirOi, Hanna! Tudo bem? Nunca li este livro, embora tenha muita curiosidade em lê-lo. Parece uma obra interessantíssima. Particularmente gosto bastante do gênero, sendo assim já fiquei tentado para ler este livro. Que bom que curtiu. A propósito sua resenha está maravilhosa, viu. Abraço!
ResponderExcluirhttps://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/
Ah, pois recomendo, viu? E muito obrigada pelo elogio, S2
ExcluirOi Hanna, tudo bom?
ResponderExcluirMenina, não tenho o costume de ler clássicos, é algo que pretendo adquirir e um suspense pode ser bom para gerar minha curiosidade. Gostei da dica!
beeeijos
http://estante-da-ale.blogspot.com/
Ah, alguns clássicos são bem tranquilos de ler. E os de Lupin são incríveis, recomendo de olhos fechados, =)
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