Kate Sinclair trabalha na Machin
Agency, como assessora de imprensa. Sua vida caminhava muito bem em todos
os sentidos: prestes a ganhar uma promoção no emprego, namorando um cara lindo
e charmoso e mora na parte mais legal de Londres. No entanto, tudo desmorona de
uma única vez quando a mocinha é apunhalada pelas costas por quem menos
esperava.
Josh, o tal príncipe encantado, se mostra um verdadeiro vilão. Rouba as
ideias da namorada na maior cara de pau bem como a promoção tão desejada da
moça. Não apenas isso, faz a coitada se passar por boba na frente do chefe, o
que rende olhares desnecessários de pena e desgosto por parte de seu superior.
Como prêmio de consolação (ou cavalo branco, como desejar), é oferecida
para a Kate uma espécie de desafio: pegar a conta da loja Hjen, que traz um
conceito diferentão para Londres. O problema é que o dono da empresa não aceita
proposta alguma de marketing e está virando uma pedra no sapato de todas as
agências.
A mocinha não tem nada a perder, já que ninguém no departamento
conseguiu a conta até o momento. Além disso, a proposta de Lars (dono da Hjen)
era promover uma press trip para
Copenhague, a fim de mostrar o conceito da loja na íntegra. O momento seria
perfeito para conhecer um país diferente e ficar bem longe de Josh.
Contudo, o que a mocinha não esperava era que estar no “país mais feliz
do mundo” poderia ser tão desafiador e, ao mesmo tempo, recompensador. Será que
ela está pronta para tantas mudanças de paradigmas?
“O que estou fazendo? Sendo levada pelo momento, bancando a mulher dona
de si em um vestido chique.”
Esse é o primeiro volume da série ‘Destinos Românticos’, publicada pela
Arqueiro. Vejo muito comentários positivos pelas redes, porém nunca tinha dado
uma chance para as leituras. Esses dias, fazendo uma faxina no kindle, descobri que tinha ‘O Pequeno
Café de Copenhague’ perdido na coleção, escondido em meio a tantos e-books novos.
Assim, resolvi desencalhar o coitado e colocar na TBR de março que, além
disso, foi feita por votação no @mundinhodahanna
e agradeço a quem participou. Aliás, quem quiser participar das próximas, basta
acompanhar os stories no começo do
mês.
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Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna |
Voltando ao livro, logo que anunciei o progresso da leitura, muitos me
falaram que eu iria gostar, era uma história muito amorzinho e de aquecer o
coração. Mesmo assim, tentei ler sem criar tantas expectativas para não me
decepcionar. E foi bom ter feito isso, pois tive uma experiência bem legal, mas
não foi das minhas favoritas.
Bom, a narrativa é em primeira pessoa e vemos os acontecimentos pelo
ângulo da Kate. Ela é uma protagonista bem real e crível, que poderia ser
qualquer pessoa conhecida minha. Isso rendeu alguns pontos para a obra. A
mocinha está em uma boa fase da vida, onde tudo parece dar certo no trabalho,
relacionamentos e até com a colega de apartamento.
Aliás, Connie é uma ótima pessoa para dividir o aluguel. É uma
professora de educação infantil e vive cheia de glitter e canetinhas coloridas pelos bolsos. Apesar de trabalhar bastante
e viver cansada, é uma pessoa que preza muito pelo conforto em casa, coisa que
Kate não dá muita atenção e acha até exagero.
Mas isso está prestes a mudar quando é passada para trás no trabalho e
vê Josh tomando seu lugar de direito. Não apenas isso, lhe sobra uma proposta
de trabalho que mais poderia ser um presente de consolação/de grego.
Eis que a
pessoa que menos gosta de comprar coisas de casa terá que lidar com o marketing
de uma loja que vende itens domésticos e uma ideia bastante hypada nos últimos tempos: o conceito de
hygge.
O hygge é muito falado e
defendido na Dinamarca, o país de origem. Mas para o pessoal de Londres
(incluindo Kate), é pura perda de tempo e não passa de desculpa para vender
velas e mantas caríssimas.
No entanto, uma loja está para ser aberta na terra
do chá inglês e o dono não aceita que o marketing fuja do real significado de
ter conforto em casa. Isso é uma delícia para Connie, que se vê representada
pela loja, mas para quem vai trabalhar na campanha (Kate), nem tanto.
Mesmo assim, a moça aceita a proposta. Primeiro porque seria a desculpa
perfeita para ficar longe de Josh, o príncipe que virou sapo e roubou suas
ideias. Segundo, porque todos na empresa a olhavam com pena e a descreditavam
em relação à sua capacidade de conseguir a conta para a agência. Então, a
mocinha aceitou o desafio de provar sua capacidade todos.
“Copenhague seria um trabalho difícil, mas talvez eu pudesse me divertir
um pouquinho às custas dele...”
Confesso que não gostei tanto assim do segundo motivo, mas estava na
cara que deram a bendita da conta como mais um motivo para caçoar da coitada e
falar que era tão incompetente, que nem sequer podia segurar um cliente na
agência. O que me deu ranço de todos os colegas da moça, incluindo o babaca do
Josh.
Ele só tem a cara bonita, mas desconfiei dessa criatura desde que
apareceu pela primeira vez. É um imprestável, machista e que se aproveita de
todo mundo para subir na carreira, sem se importar em partir corações pelo
caminho. Quando vi o que fez com a Kate, minha vontade era de entrar no livro e
dar uns catiripapos na cara desse infeliz, além de xingar até a quinta geração
dele!
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Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna |
E não achando suficiente, ainda queria se meter no trabalho que sobrou para
a moça, deixando mais claro ainda que ela não dava conta de fazer tudo sozinha!
Ainda bem que a protagonista não deixou barato e provou que podia fazer bem seu
serviço... ou quase, já que ia precisar reunir mais seis jornalistas de áreas
diferentes para fazer a bendita press
trip.
“Quão rápido eles perceberiam que eu era uma fraude? Meu conhecimento
sobre o hygge mal chegava a um
parágrafo e eu acreditava no conceito tanto quanto acreditava em fadas.”
Essa parte foi até bem divertida de ler, especialmente por ser quando
conhecemos novos personagens. Viajar de graça pode ser um sonho para muita
gente (e eu me incluo nesse grupo), mas ser responsável por tantos adultos pode
ser uma missão complicada.
Logo quando chega em Copenhague, o grupo simplesmente se transforma e
nem parece mais adultos. Eu não sabia onde enfiava a cara, lendo tantos
momentos de vergonha alheia que a pobre da Kate precisou passar tentando
liderar o pessoal.
Tudo bem que eu também ficaria deslumbrada conhecendo um dos
países mais ricos do mundo, comendo e bebendo sem precisar tirar um centavo da
minha conta. Mas existe um limite entre conhecer a culinária local e se
aproveitar da boa vontade dos outros.
Fiquei com muita raiva em diversos momentos vendo os adolescentes de
meia idade, os quais parecem te esquecido o real motivo da viagem até lá. E tenho
que bater palmas para a protagonista, pois agiu de uma forma mais madura e
adulta do que todos os outros. Com seu jeitinho de psicologia reversa, Kate vai
conhecendo bem cada um deles e entendendo os motivos de suas ações.
Por mais que eu tenha ficado com dó em alguns momentos, pois eram
explicações louváveis, não consegui defender totalmente. Isso porque poderiam
ter seus problemas (todo mundo tem), mas nem por isso eles tem que agir feito
jovens inconsequentes e sem responsabilidade.
A única pessoa que parece ser tão adulto quanto
a protagonista é Ben, justo o jornalista que menos queria estar ali. Logo
quando se conhecem, eu fiquei com muita raiva dele, por ser extremamente
grosseiro e se sentindo a melhor bolacha do pacote.
Mas Kate lida muito bem com
a situação, deixando a cena tão cômica, que nem mesmo Ben resiste e baixa um
pouco a guarda. No entanto, isso não tira o título de “raposa enlouquecida” que
ele ganha (que nunca mais esquecerei, diga-se de passagem), e me fez rir
litros.
Aos poucos, o rapaz mostra seus motivos para ser assim. E devo dizer que
mudei de opinião ao seu respeito. Isso porque ele poderia muito bem ser a Kate
em outra agência. Ambos passam por situações constrangedoras e tem seus limites
testados a todo momento, sem necessidade.
Talvez por isso tenham criado um laço mais forte. O que não impediu que
eles brigassem o tempo inteiro feito gato e rato. Ri bastante com esses dois,
embora também tenha passado meus momentos de raiva de vez em quando,
especialmente quando Kate queria bancar a durona, mas só conseguia ser
atrapalhada.
Outro personagem que entra em cena e ganha um grande destaque é Eva, a
anfitriã na pequena cafeteria que faz parte do itinerário do grupo. Aos poucos,
a senhorinha simpática vai mostrando que existem muito mais detalhes do que um
prédio chique e refinado para servir um bom café. Pode parecer bobagem, mas
conforme lia as cenas de Copenhague e via a interação da moça com o grupo de
Kate, percebia que faltava um pouco de hygge
em minha casa.
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Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna |
Não estou dizendo que saí comprando uma louça cara para servir um café
elegante. Mas às vezes pequenas mudanças para deixar um sabor diferente, ou uma
maneira mais delicada de preparar as coisas nos deixa felizes e confortáveis. E
isso pode se aplicar em diversos setores de nossa vida.
Tirar uns minutinhos de nosso dia para ler em um local diferente e
confortável. Tomar um banho mais demorado e usar nosso shampoo mais
cheirosinho. Colocar uma música que gostamos e relaxar um pouco. São mudanças
sutis, mas que nos deixam mais alegres e sem preocupações, ainda que por uns
míseros minutos.
Acho que essa é a real mensagem que o livro nos traz: de que podemos ser
felizes sem precisar gastar tanto para isso. Felizmente, os viajantes percebem
isso e aprendem, cada um à sua maneira, que podem encontrar o seu hygge.
“Às vezes, alguém precisa dar o primeiro passo para mudar as coisas.”
Gostei bastante de ver como eles lidavam com seus aprendizados e
aplicavam em suas vidas. Isso deixou meu coração quentinho e com vontade de me
mudar logo para a Dinamarca também (rsrsrs).
Além disso, a autora trouxe um
itinerário para os personagens que poderia nos servir de guia de viagem também.
Particularmente, eu adorei conhecer um pouco mais sobre o país, até porque deve
ter sido a minha primeira experiência lendo um livro que se passava por lá.
Kate se inclui na lista de aprendizados e fiquei feliz por ver o quanto
a viagem fez bem para ela em diversos sentidos, em especial no amor próprio. A
verdade era que a moça precisava organizar muitos sentimentos dentro do coração
atribulado e tão apressado com a rotina diária, que só acumulava pesos e mágoas
desnecessários.
Eva faz um bom trabalho ao ajudar a protagonista nessa jornada. Aliás,
queria colocar a senhorinha em um potinho e guardar para sempre. É uma daquelas
pessoas que entram em nossa vida por breves momentos, mas que te marcam para o
resto da vida, através de gestos sinceros e gentis.
Já em relação à protagonista, ela amadurece bastante, mas ainda consegue
dar umas derrapadas que me fizeram passar bastante raiva. De modo especial quando
retorna para Londres e passa por momentos constrangedores por parte de Josh
(que me fizeram desejar que ele sofresse combustão instantânea).
Ainda mais ao entrar na empresa novamente e dar de cara com a
repercussão da viagem. Entendo que ela tinha seus receios, mas as coisas
poderiam ter sido resolvidas com uma simples conversa entre pessoas adultas.
Mas Kate preferiu fingir demência e agiu como se nada tivesse acontecido, o que
me decepcionou um bocado.
“Mas a gente sempre tem escolha, Katie. E você pode escolher mudar as
coisas.”
No entanto, dou minha mão para ela em relação a outras atitudes e não
teria feito diferente. O que mostra que ainda é uma pessoa que tem seus erros e
acertos na vida.
O desfecho, assim como toda a trama, é fofo, previsível e com aquele
quentinho no coração. Traz bem o conceito de hygge que Lars tanto queria para sua loja e eu já quero aplicar em
minha casa mais vezes.
No entanto, gostaria que algumas respostas tivessem sido
melhor amarradas e não apenas jogadas ao vento, como se o leitor fosse obrigado
a entender tudo de uma única vez. Mesmo assim, é um livro que gostei de ter desencalhado do kindle e recomendo. Especialmente se
busca uma leitura leve e divertida, com direito a guia de viagem.
Sobre o livro em si, eu gostei da diagramação e a revisão está
caprichada. A capa é feita em um desenho fofo e que me deixa feliz, assim como
a proposta principal da trama. Terminei já querendo ler a continuação, que será
com outra personagem do grupo da press
trip.
E aí, já leram algum livro dessa série? Gostam de obras que te dão vontade de viajar? E ouviram falar de hygge? Me contem aí!
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