Olá meu povo, como estamos? Hoje temos resenha de mais um livro do #12livrosrapara 2023. Para quem está
chegando agora, esse projeto acontece aqui no blog desde 2019 e tem rendido
descobertas incríveis na minha estante.
Para a versão atual, fiz o sistema de
sorteio aleatório (mediado pela Ana do Morcegos Literários) e o mês de março contou com a leitura do número 11 da pilha:
‘Um Planeta em Seu Giro Veloz’, de Madeleine L’Engle.
Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna |
19/60
Livro: Um Planeta em Seu Giro Veloz
Autora: Madeleine L'Engle
Tradução: Érico Assis
Editora: Harper Collins
Ano: 2018
Páginas: 270
Um unicórnio, um menino e o vento, juntos em uma só velocidade!
Quando Charles Wallace Murry, agora com quinze anos, grita em desespero a invocação de uma antiga runa para afastar a escuridão, uma criatura radiante aparece. É Gaudior, unicórnio e viajante do tempo. Charles Wallace e Gaudior devem viajar até o passado através dos ventos do tempo e tentar encontrar um Pode-Ter-Sido, um momento do passado em que todos os eventos que se seguiram até o presente podem ser mudados, e o futuro da Terra – esse pequeno planeta em seu giro veloz – pode ser salvo.
Depois que Charles Wallace teve sua vida e suas farândolas salvas por
Meg e Calvin, as coisas se acalmaram um pouco na casa dos Murry. O clima de
“final feliz” de contos de fadas se manteve por anos, o que deu tempo de certas
reviravoltas acontecerem.
Meg e Calvin deram espaço para os sentimentos que surgiram e acabaram se
casando. A moça agora está grávida e muito feliz pelo serzinho que cresce
dentro dela. Ainda mais pela curiosidade de saber com quem se parecerá quando
nascer. Sua busca inalcançável pela beleza da mãe finalmente teve fim e ela
aprendeu a cultivar sua própria autoestima (eu ouvi um amém?).
Os gêmeos entraram na universidade e não poderiam estar mais metidos.
Sempre se sentiram gênios incompreendidos e acham que o mundo não está
preparado para o que eles têm a oferecer. Charles Wallace (o verdadeiro gênio
incompreendido dessa família), por sua vez, está com 15 anos e é um adolescente
bastante recluso. Mas terá que sair de casa se quiser ver o sol nascendo
novamente.
Eis que no dia de Ação de Graças, a sogra de Meg (Sra. O’Keefe) tem um
acesso de “loucura” e traz à tona uma runa antiga, que apenas o caçula dos
Murry foi capaz de completar. Sua força é tão intensa que convoca Gaudior, um
unicórnio viajante do tempo, para salvar o mundo de uma ameaça de guerra
nuclear. Charles Wallace então parte junto ao novo personagem em busca de um
Pode-Ter-Sido, uma ferramenta capaz de mudar a linha temporal e impedir que a
catástrofe aconteça.
“-Sabem, meus caros, o mundo é anormal há tanto tempo que esquecemos como é viver em clima pacífico e sensato.”
Nossa, como os anos passam voando. Nem me lembrava quando tinha
conhecido a série Uma Dobra no Tempo. Li ‘UmVento à Porta’ (segundo volume) em 2019 e gostei bastante, mas me afastei
um pouco desse universo. Agora no terceiro volume, acompanhamos os personagens
mais crescidos e maduros. Porém, ainda tem espaço para aprender muitas lições e
serem grandes heróis.
Como sempre, os holofotes estão sobre os irmãos Meg e Charles Wallace.
Desde o começo esses dois são muito unidos e acho linda a relação de
cumplicidade deles. O menino é superdotado e nasceu numa família que vive de
ciência e incentiva a curiosidade.
Isso é uma combinação perfeita para
estimular a inteligência do menino. Mas para a vivência em sociedade, causa
estranheza. Assim, o caçula é introspectivo e fala o mínimo possível.
A situação não fica muito confortável quando a sogra de Meg é convidada
para o dia de Ação de Graças. Como Calvin está viajando (o qual eu também
fiquei feliz de ver que seguiu a área da ciência) a fim de apresentar trabalhos
em conferências, a mocinha decidiu juntar a matriarca à sua família para não
passar a data solitária em casa.
No entanto, a sra. O’Keefe é a típica pessoa de mente limitada e acha que
trabalho de verdade é aquele “serviço braçal” de 8h por dia e não pensar. Logo,
o entrosamento com uma família que vive fazendo pesquisas em casa e ganhando
dinheiro do governo para isso é ilógico e estranho aos olhos da idosa. E,
preciso dizer, me vi representada nos Murry a cada comentário ofensivo que a
velha fez para eles.
Como uma cientista que também recebe dinheiro do governo para manter
meus projetos de estudo, passei anos ouvindo que “estava na hora de parar de
estudar e começar a trabalhar” em todas as variações possíveis. O engraçado é
que esse comentário vem de pessoas que se preocupam comigo e querem meu bem.
Mas não sabem o quanto pode soar ofensivo e constrangedor ouvir tais palavras,
sendo que já estou trabalhando que nem uma condenada para garantir um mundo
melhor para as pessoas viverem bem e com mais conhecimento.
Voltando ao livro, a sra. O’Keefe, embora seja sempre ácida e ofensiva,
é bem recebida na casa dos Murry e os pais de Meg a tratam com cordialidade.
Afinal, é a mãe do marido da filha mais velha deles (e que é um amor de pessoa,
o completo oposto de sua progenitora, diga-se de passagem). Contudo, existe um
motivo para a idosa estar mais azeda que o normal.
Eis que o Sr. Murry recebe uma ligação desesperada do presidente
americano, pedindo ajuda para participar de um conselho extraordinário, formado
após a ameaça de guerra nuclear vinda de Mad Dog Branzillo. E, ao saber disso,
a senhorinha começa a recitar frases desconexas de um poema, enquanto afirma
que apenas Charles Wallace seria capaz de impedir a catástrofe. Apesar de
ninguém lhe dar atenção na hora, o garoto parece estar cada vez mais
interessado nas frases da Sra. O’Keefe, as quais ele conhece tão bem e recita
as runas mais antigas do mundo.
E assim convoca Gaudior, um unicórnio viajante do tempo, que pode ajudar
o jovem na missão de salvar o mundo. A dupla improvável parte universo afora,
buscando diversos buracos na linha temporal para investigar a origem da ameaça.
No entanto, eles precisarão também lidar com os Ectroi, figuras já conhecidas
de volumes antigos e que estão contando que a guerra aconteça (afinal, são
anjos caídos e vivem de semear a discórdia).
“Estrelas, galáxias, circundadas em padrão cósmico, e a alegria da unidade era maior que qualquer desordem interna.”
Uma coisa que gosto bastante nos livros da Madeleine é essa mistura de
conceitos científicos conhecidos com a fantasia de uma história infantil. Aqui,
lidamos com a ideia de realidades paralelas e a possibilidade de encontrar
buracos de minhoca, as quais são chamadas de Pode-Ter-Sido. Charles Wallace
segue com a teoria de que foi através de um deles que os Ectroi modificaram a
linha do tempo e incitaram as guerras do mundo.
Por conta disso, precisa encontrar o ponto certo em que a ameaça de
guerra nuclear foi semeada para impedir que aconteça. Assim, o rapaz e seu novo
amigo unicórnio viajam por diversas cenas da história americana, especialmente
a relação dos colonizadores e povos nativos.
Por ser uma trama voltada para o
público mais jovem, as coisas se resolvem muito superficialmente e rápido.
Entretanto, ainda foi possível causar emoções fortes, as quais eu confesso que
não esperava.
Charles Wallace sempre foi uma criança diferente e que não se encaixa
nesse mundo. A única pessoa que mantinha sua vida estável era Meg. Agora,
porém, ela tem sua própria vida para cuidar, bem como uma família sendo formada
aos poucos. Assim, a união que eles tinham (a capacidade de desvelar) ficou
“enferrujada”.
Contudo, ainda são irmãos e a moça fará de tudo para continuar cuidando
de seu irmãozinho, onde quer que esteja. O destino parece sempre conspirar para
ajudar nisso, enviando uma mascote fofa e capaz de manter o elo de desvelo dos
Murry. Então, contamos com a presença ilustre de Ananda, uma cadela que chega
na casa em meio à confusão da runa e conquista a família toda instantaneamente.
“-Vocês, seres humanos, tendem a querer que as coisas boas durem para sempre. Elas não duram. Não quando estamos com tempo.”
Aliás, achei bem curiosa essa forma como ela entra em cena do nada e
fica, como se sempre estivesse lá, comendo pão com manteiga que o pai de Meg
não resiste em lhe dar. No entanto, como comentei antes, já sabendo do estilo
da trama e a que público é direcionado, parei de tentar entender certos
detalhes (rsrsrs).
A aventura de Charles Wallace, por sua vez, é inesperada e perigosa.
Isso rende momentos de muita emoção durante a leitura. Mas quando chegamos ao
desfecho, me senti aliviada por ver o clima de “final feliz’ reinando
novamente. Diversas pontas são amarradas, de modo especial em relação à sra.
O’Keefe, que tem um papel importante e surpreendente nessa história.
Além disso, eu me senti comovida com a relação entre a idosa e a Meg.
Mesmo que a senhorinha ache uma perda de tempo a carreira do próprio filho,
seguindo os passos dos “vizinhos desocupados”, ela trata Meg muito bem, como se
fosse uma filha.
Talvez por isso a jovem retribua, tratando a sra. O’Keefe como
“mamãe” de vez em quando. Nesses raros momentos eu senti um quentinho no
coração e tentava entender que era apenas uma pessoa de gerações passadas e que
não queria se adaptar ao futuro. Sinceramente, ela não era obrigada. Além
disso, acho que a senhorinha é a verdadeira vítima de toda essa história, ou
até heroína, dependendo do ângulo que se olhe.
“[...] Nada, ninguém, é tão pequeno que não importe. O que você faz fará diferença.”
Terminei a leitura surpresa por ainda conseguir me conectar com os
personagens depois de tanto tempo. E ainda curiosa pelo que virá no último
volume, ‘Muitas Águas’. Falando sobre a obra em si, a edição segue o padrão dos
episódios anteriores, porém em tons de verde.
A revisão e a diagramação são caprichadas e confortáveis à leitura.
Adorei as páginas mais grossinhas, que rendem uma experiência positiva com a
história. Recomendo, especialmente se gosta de tramas mais juvenis.
E o andamento parcial do #12livrospara2023 segue assim:
Já tinham lido algum livro dessa série? Gostam de tramas mais juvenis? Me contem aí! E não esqueçam também de passar no blog da Karla, parceira nesse projeto, para saber qual foi o sorteado de março dela.
Obs.: Texto revisado por Emerson Silva
Oi Hanna! Que bom que mesmo passado um tempo, você ainda conseguiu se conectar com a história. Espero que o último volume traga um bom desfecho.
ResponderExcluirBjos!! Cida
Moonlight Books
Sim, foi uma ótima e nostálgica experiência, Cida. Espero que o último volume seja tão bom quanto, =)
ExcluirOi Hanna, só conhecia a série pelo filme, mas nunca assisti. A história parece interessante, mas eu não tenho estado em um vibe para livros juvenis ultimamente.
ResponderExcluirTe espero nos meus blogs!
Mente Hipercriativa (Livros, filmes e séries)
Universo Invisível (Contos, crônicas e afins)
Faz parte, né?
ExcluirOi, Hanna! Tudo bem? Obras juvenis costumam me agradar. Este aí eu não li, mas parece ser instigante. Espero que goste do último volume. Abraço!
ResponderExcluirhttps://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/
Ah, então já fica a dica, viu? =)
ExcluirOii Hanna,
ResponderExcluirAdorei a resenha!
Que bom que curtiu a leitura, eu ainda não li nenhum livro dessa série, mas acho as capas lindas demais :)
Beijos,
https://brenshelf.blogspot.com/
Essas capas são lindas mesmo, S2. Amo todas, =) E recomendo a série também, viu?
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