Olá meu povo, como estamos? Hoje trago a resenha de ‘Arsène
Lupin e A Rolha de Cristal’, do autor francês Maurice Leblanc.
O personagem tem
sido bastante presente aqui no blog, graças a série de livros que tanto me
conquistou nos últimos tempos.
Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna |
17/24
Livro: Arsène Lupin e A Rolha de Cristal
Autor: Maurice Leblanc
Editora: Ciranda Cultural (selo Principis)
Ano: 2021 (original em 1912)
Páginas: 256
Que interesse pode haver em uma rolha de cristal, para que tantas pessoas a desejem? Nessa emocionante aventura será que o maior ladrão do mundo pode se recompor, salvar da guilhotina seus homens presos e ainda recuperar sua honra perdida? Arsène Lupin e a Rolha de Cristal é um romance de mistério do escritor Maurice Leblanc, foi publicado primeiramente em série no jornal francês Le Journal de setembro a novembro de 1912, inspirado pelos infames escândalos do Panamá que aconteceram entre 1892 e 1893. O romance toma emprestado do conto de Edgar Allan Poe, A Carta Roubada, a ideia de esconder um objeto à vista de todos e prende o leitor com o estilo de Maurice Leblanc.
Arsène Lupin ataca novamente. Liderando um grupo de jovens
parceiros, o plano é invadir e assaltar a mansão do deputado Daubreq, em Villa
Marie-Thérèse.
Porém, o plano não contava com mudanças bruscas que quase
levaram os assaltantes a serem pegos em flagrante.
As coisas complicam ainda mais quando, durante a tentativa
de fuga, encontram uma rolha de cristal, simples e aparentemente sem valor.
No
entanto, ela é motivo de mais atrasos na saída do bando. Apenas Lupin consegue
fugir, enquanto seus companheiros ficam para trás, ainda tentando recuperar o
objeto, porém são presos pela polícia.
Condenados à guilhotina, eles juram inocência pelos crimes
dos quais são acusados, e cabe a Lupin retornar e resgatar os amigos.
Tudo
parece girar em torno da rolha de cristal, a qual tem cada vez mais gente
atrás.
O ladrão de casaca, então, precisa vencer a corrida e
entender a real importância do objeto. Além disso, todo minuto conta para
salvar os jovens presos da morte certa.
“Lupin guarda seus segredos; e os segredos que Lupin escolhe guardar são, por assim dizer, impenetráveis.”
Gente, que livro! Sou suspeita para falar sobre as aventuras
de Arsène Lupin. Mas devo confessar que, de todas as que li até agora, essa foi
a melhor.
Mantendo a narrativa em terceira pessoa, com alguns momentos em
primeira (quando o narrador toma partido e faz as vezes de Watson), somos
apresentados aos eventos mais marcantes da vida do anti-herói.
O esquema de Lupin, Gilbert e Vaucheray (os companheiros)
estava bem articulado e eles sairiam da mansão de Daubreq com os bolsos cheios
de itens valiosos.
Porém, o jogo vira quando um acidente acontece e faz mais
barulho do que o esperado. A polícia já estava no encalço deles, enquanto
brigavam por uma rolha de cristal, aparentemente sem valor.
O tempo é curto e não daria para todos saírem juntos da cena
do crime. Arsène consegue fugir, embora os outros dois fiquem para trás lhe
dando cobertura, com a promessa de que seriam resgatados da prisão e se
encontrariam depois.
No entanto, conforme os dias passam, as coisas só pioram, em
especial quando o assunto da rolha de cristal vem à tona novamente.
Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna |
O ladrão de
casaca desconfia que talvez exista mais coisa por trás do objeto, já que
aparece uma fila cada vez maior de gente interessada nela, inclusive a polícia.
Ele começa a investigar, enquanto bola um plano infalível
para tirar os amigos da prisão antes que a pena seja executada.
No entanto, sua
missão não está sendo fácil, pois parece que acordou com o pé esquerdo e todas
suas ideias tem alguma falha.
Isso porque apareceu mais uma pessoa doida para levar o
título de “responsável por derrotar Arsène Lupin”.
Daubreq, um político famoso
por sua eloquência e inteligência, tem sua carreira baseada em diversas
estratégias bem articuladas, brilhantes, sem pontas soltas e sempre descobre o
ponto fraco de seus concorrentes.
Logo, não foi difícil para ele saber que estava no radar do
maior ladrão do mundo. Além disso, sua situação com a imprensa e o partido não
está das melhores.
Essa seria a oportunidade perfeita de sair dos holofotes, se
fazendo de vítima inocente, enquanto disputava contra Lupin nos bastidores.
Ele sabe que o ladrão de casaca busca justiça pelos seus
amigos, mas quer ver até onde o protagonista vai para conseguir o que deseja, e
usa de artifícios muito bem embasados e elaborados, que mais parecem uma teia
de aranha, da qual não será fácil escapar.
“Não era loucura ficar ao lado dele quando cada dia levava consigo um pouco de esperança?”
Confesso que nunca tinha visto o protagonista enfrentar
alguém assim. Nos primeiros livros, ele encarou inimigos brilhantes, como
Sherlock Holmes (‘As Primeiras Aventurasdo Ladrão de Casaca’ e ‘Arsène LupinContra Herlock Sholmes’) e até um detetive amador que mostrou ter futuro,
como Beautrelet (‘Arsène Lupin e O Enigmada Agulha Oca’).
Porém, como o objetivo do autor era mostrar a
superioridade da sua criação, mesmo o maior detetive consultor do mundo era
feito de gato e sapato por Lupin.
Dessa vez, tive a impressão que Leblanc queria testar os
limites do próprio personagem (talvez até a paciência do leitor). Arsène Lupin
continua sendo o anti-herói, que banca o detetive e justiceiro nas horas vagas.
Contudo, está em choque, por ter encontrado uma mente mais brilhante que a
dele.
O autor se inspirou e finalmente trouxe um vilão que faz jus
a Lupin. De acordo com a história da criação do personagem, por ser uma
resposta francesa ao personagem de Conan Doyle, era de se esperar que os
detetives fossem feitos de palhaço e as tramas soassem como comédia pastelão em
diversos momentos.
Então, as leituras eram boas, interessantes, mas ainda
faltava um “tchan” para ficarem perfeitas. Isso aconteceu em ‘A Rolha de
Cristal’, que parece ser um divisor de águas na trajetória de Lupin.
Ele precisa se adaptar rapidamente às rasteiras que recebe
do novo arqui-inimigo, porém o desespero de ver seus amigos cada dia mais perto
de, literalmente, perderem a cabeça, o deixam sensível e mais vulnerável aos
golpes de Daubreq.
O deputado é um homem nojento, repugnante e sem escrúpulos,
que não mede esforços para ser o melhor e o mais esperto em tudo.
“Nada é mais tolo do que deduzir um fato a partir de outro antes de encontrar um ponto de partida.”
Ver a forma como as coisas se desenrolavam só me fizeram
sofrer junto com Lupin e ficar nervosa a cada virar de página.
O resultado foi
um livro curtinho, mas cheio de reviravoltas até os 45 do segundo tempo.
Quem também brilha é o detetive Prasville. Ele é um ótimo
profissional e entende algumas pistas melhor que todo mundo.
Não apenas faz bem
o seu trabalho, como parece confirmar a hipótese de que bons detetives
literários só existiam na virada do século XIX para o XX e depois entraram em
extinção.
A trama é bem elaborada e tem uma escrita bem mais fluida do
que encontrei nos volumes anteriores.
Ninguém é 100% confiável e todo mundo tem
segredos profundos e sombrios, pelos quais vale tudo para garantir que
permaneçam escondidos.
Ao longo da leitura criei n teorias, em especial sobre a
famigerada rolha de cristal, mas fui feita de trouxa e jogada na parede como
uma bolinha de papel amassado.
E simplesmente não consegui largar a leitura até
descobrir o que aconteceria na próxima página.
O desfecho é digno e as pontas foram bem amarradas, não com
maestria, porém de maneira decente.
Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna |
Aqui, posso dizer que deixei de ver um
mistério previsível demais e com o pé na chacota, e encontrei um personagem que
começou a crescer e que tem um futuro promissor no suspense. Não é à toa que
está presente em mais de 20 livros.
Outra coisa que achei interessante é que, lendo sobre as
publicações de Leblanc, Arsène Lupin sai do posto de ladrão de casaca mais
procurado do país e passa a detetive em algum momento.
Ler as obras em ordem
cronológica está sendo vantajoso, pois é possível acompanhar a trajetória, não
apenas do personagem, mas também do autor durante essa mudança de paradigma.
No entanto, o projeto de ler todos os livros de Arsène Lupin
assim não deu certo dessa vez. Infelizmente, a Principis não publicou ‘A Vida
Dupla de Arsène Lupin’, que viria antes de ‘Arsène Lupin e A Rolha de Cristal’.
Não sei qual o motivo, pois ela publicou todos os outros. O curioso é que nem a
Zahar, a qual também está trazendo os exemplares, em edição de bolso de luxo,
publicou o volume que falta.
Apesar disso, em nada tirou a graça da leitura de ‘Arsène
Lupin e A Rolha de Cristal’, até porque são aventuras distintas.
Falando sobre
o livro em si, eu sou adepta do custo-benefício dos livros da Principis. São
livros de edição econômica de verdade, então a impressão é a mais simples
possível.
Mas a fonte está legível e confortável para a leitura. Assim
como a revisão é muito bem feita.
A capa traz um padrão observado nos demais
livros da coleção, com o ladrão de casaca de perfil e sempre na sombra, afinal,
não sabemos quem ele pode ser dessa vez.
Além disso, tem um tom de verde bem
bonito, que eu gosto bastante, aliás, com o nome do protagonista em vermelho.
É
aquela combinação de cores que sabemos que existe, mas que não é muito usual e
dá certo.
Em resumo, recomendo a leitura, especialmente se você curte um
bom mistério clássico, com reviravoltas do início ao fim.
Obs. Texto revisado por Emerson Silva
Eu adoro mistério, mas essa história não me chamou tantaaa atenção.
ResponderExcluirMas adorei a resenha, sempre conhecer novas leituras :)
https://www.heyimwiththeband.com.br/
Que pena que a história não te chamou atenção. Quem sabe na próxima? ;)
ExcluirParece ser realmente muito interessante! Vou levar a sugestão!
ResponderExcluirBjxxx
Ontem é só Memória | Facebook | Instagram | Youtube
Oi, Hanna! Como vai? Que bom que a experiência de leitura tenha sido boa para você. Fiquei tentado a lê-lo. Abraço!
ResponderExcluirhttps://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/
Sim, foi muito boa a experiência. Se ler, me conta depois o que achou?
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