Olá meu povo, como estamos? Vamos de mais um conto por aqui. Continuando
com a antologia ‘Tudo Fica Melhor em Musicais’, agora trago minhas
considerações sobre ‘Heloísa: Quem Conta sua História?’, inspirado no
espetáculo ‘Hamilton’ e escrito por Dayana Borges.
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Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna |
15/60
Livro: Heloísa, Quem Conta Sua História?
Autora: Dayane Borges
Editora: Se Liga! Editorial
Páginas: 29
Ano: 2021
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Matunde, um país localizado no continente africano, tem uma história de
muita luta pela sua independência. Colonizado por Nianguá, com diversas medidas
ocorridas para manter essa condição, uma figura muito importante foi a cabeça
por trás de grandes modificações: Heloísa Breton.
Ela é a grande heroína dessa história. Sem ela, esse livro nunca
existiria. Estamos aqui tentando resgatar o legado dessa mulher negra que não
pôde se candidatar quando as eleições finalmente foram implantadas, mas que fez
muito pelo seu povo muito mais que a maioria dos governantes
A década de 1970 foi marcante para o povo de Matunde. Buscando
independência de Nianguá, o país entrou em guerra e, infelizmente, muitas vidas
foram perdidas.
Mas por conta de pessoas corajosas e que não abaixavam a cabeça
diante de ameaças, a luta foi em frente e vencida. Uma dessas mentes brilhantes
era Heloísa Breton, conhecida também como a princesa negra.
No entanto, mesmo sendo a cabeça do movimento que tornou seu país
independente, sua voz quase não era ouvida. E não demorou muito para que sua
história fosse apagada dos autos. Ou quase, já que seus amigos lutam para
manter a verdade acesa no coração dos moradores de Matunde.
“Ganharemos essa guerra? Teremos independência?
Falarão de nós no futuro? Eu realmente tenho medo dessas respostas.”
Esse conto é bem curtinho, com apenas 29 páginas, mas foi uma leitura
densa e que ainda não sei definir o que senti ao terminar. A narrativa é
contada em primeira pessoa, pelo ângulo de Heloísa.
Assim, acompanhamos os
bastidores da batalha para tornar Matunde um país independente de Nianguá.
“Como mudar o mundo se não consigo mudar meu próprio país?”
Sua coragem e ideias ousadas foram o estopim para o movimento que tomou
fôlego quando seu irmão entrou na luta. Porém, apenas Heitor levou a fama como
o grande herói e libertador do povo.
No entanto, mesmo amando seu irmão
incondicionalmente, é nítida a sua revolta diante de tantos ideais machistas
que vieram junto com os aliados.
Logo a moça passa de protagonista a uma mera coadjuvante de sua própria
história, sem direito de opinar ou debater. O posto de conselheira era seu,
como uma espécie de menção honrosa, já que não poderia ser a presidente das
terras pelas quais lutou.
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Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna |
Mesmo assim, suas opiniões eram levadas como
brincadeira por homens imaturos que nitidamente não sabiam o que estavam
fazendo, mas não admitiam.
Como resultado, temos um clima tenso e revoltante, que poderia ser
aplicado em qualquer outro país. Além disso, a história se passa entre as
décadas de 1970 e 1990, é atemporal, quando vemos que muito conceitos machistas
e preconceituosos ainda se mantém nos dias de hoje.
“Inteligência é uma arma, minha querida.”
É uma leitura rápida, porém precisei ler alternando com outras obras,
por ser indigesta e incômoda. Fora que é impossível não se identificar com
Heloísa em algum momento.
Minha vontade era abraçá-la, lutar junto com ela,
assim como ao lado de seus amigos, para que sua história nunca se apagasse.
O que me fez lembrar de tantas outras mulheres que passaram por momentos
semelhantes desde que o mundo é mundo. Só quem é mulher sabe a dor de ser
calada, de ser humilhada dentro de sua própria casa pelo simples fato de ter o
sexo que tem e lutar pelo que é certo.
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Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna |
Terminei essa leitura respirando bem fundo, com uma mistura de raiva,
revolta e tristeza. Ao mesmo tempo, senti solidariedade pela protagonista e poderia
jurar que ela poderia
ser real.
Não assisti ao musical ‘Hamilton’, inspiração para o conto. Mas creio
que teria me sentido de forma semelhante se me aventurasse na outra mídia,
talvez até mais revoltada e triste. É uma leitura que recomendo, porém esteja
com o estômago preparado.
Vocês já leram esse conto, ou algum outro de 'Tudo Fica Melhor em Musicais'? Me contem aí!
Obs.: Texto revisado por Emerson Silva
Oi Hanna! Eu sempre fico nervosa com histórias onde mulheres são tratadas de forma injusta só por serem mulheres. Eu fiquei surpresa de um conto tão curtinho, ter uma história tão forte. Bjos!! Cida
ResponderExcluirMoonlight Books
Amei a resenha. Não conhecia o conto e fiquei com vontade de ler. É muito complicado vermos esse apagamento feminino nas suas próprias histórias e em ver que é mais comum do que pensamos.
ResponderExcluirbeijos
https://www.dearlytay.com.br/