Olá meu povo, como estamos? Hoje trago a resenha de ‘Punição para
Inocência’, um thriller clássico da
“rainha do crime” Agatha Christie.
Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna |
9/60
Livro: Punição para Inocência
Autora: Agatha Christie
Tradutora: Luisa Geisler
Editora: Novo Conceito
Páginas: 256
Ano: 2021 (original em 1958)
Jacko Argyle é detido sob alegação de que teria assassinado sua mãe em um surto de loucura, sendo condenado à prisão perpétua. Dois anos depois, surge uma prova, encontrada pelo doutor Arthur Calgary, de que o preso é inocente, mas a descoberta chega tarde demais: Jacko morre atrás das grades. Os achados do doutor reabrem as feridas dos membros da família, que passam a encarar uns aos outros com desconfiança e suspeita, assombrados com a possibilidade de que o verdadeiro assassino ainda esteja entre eles.
A família Argyle passou por um período bastante tenso quando a matriarca foi assassinada de modo frio e calculista. Todas as pistas apontavam apenas para Jack, filho da vítima, o qual teria cometido o crime após um surto de loucura.
O rapaz alega inocência, porém seu álibi nunca foi comprovado e ele foi sentenciado à prisão perpétua. Dois anos depois aparecem novas informações que podem confirmar as alegações de Jack. Contudo, tais evidências aparecem tarde demais, posto que o preso cometeu suicídio pouco depois ser desacreditado no tribunal.
A situação vira um verdadeiro pesadelo na família, doloroso e aparentemente sem fim. Até porque, embora tardias, são provas contundentes e que levantam suspeitas. Afinal, se Jack era inocente, quem seria o culpado pela morte da mãe do rapaz? Só lendo para descobrir.
“[...] nunca se sabe o que outra pessoa sente de
verdade, não é? Quer dizer, o que se passa por trás do seu rosto, por trás das
palavras bonitas do dia a dia? Eles podem estar tomados por ódio, amor ou
desespero, e ninguém nunca saberá!”
Histórias da “rainha” Agatha Christie sempre são bem vindas. Primeiro
por serem obras rápidas de serem lidas e segundo por trazerem um mistério que
me faz de trouxa (se não for assim, nem leio thriller, rsrs). Contudo, minha surpresa foi maior dessa vez, por
não encontrar os detetives clássicos da autora.
‘Punição para Inocência’ traz como protagonista o Dr. Calgary, a única
testemunha que poderia comprovar o álibi de Jack contra as acusações em relação
à morte de sua mãe. Entretanto, ele nunca se apresentou no tribunal, pois
sofreu um acidente na época e só viu o desfecho do julgamento nos jornais.
Dois anos depois, decide fazer justiça para o rapaz, condenado
injustamente. Porém, chega tarde à casa da família Argyle, que o recebe com
desconfiança, dor e mágoas. Eis que não apenas a morte da matriarca ainda é um
assunto dolorido, como Jack não aguentou o peso da situação e cometeu suicídio
dentro da cela.
Apesar disso, tais fatos não impedem Calgary de fazer o que acha certo.
Com a consciência pesada e disposto a levar justiça póstuma para ambas as
vítimas (mãe e filho), o cientista banca o detetive amador e quer resolver o
caso. Afinal, se não foi Jack, quem teria assassinato Rachel Argyle e
incriminado o rapaz?
“- Você não entende, Tina, que não é possível ser grato quando se deve
ser grato?”
Aos poucos, somos apresentados aos membros da família. A matriarca
parecia ser uma pessoa de bom coração e vivia para fazer caridade.
Sua rotina
se resumia a cuidar das várias fundações para crianças órfãs e seus cinco
filhos adotivos, os quais foram acolhidos em um ato de boa fé. O marido, Leo
Argyle, é um homem apaixonado pela esposa e sempre a ajudava em suas missões. A
perda recente não o fez nada bem e ele se tornou uma pessoa reclusa e de poucas
palavras.
Os filhos, por sua vez, seguiram caminhos distintos. Mary é a mais velha
e foi a primeira a sair de casa. Casada com Philip Durran, é uma mulher
dedicada ao casamento e faz de tudo para trazer conforto ao marido cadeirante.
Já Hester é a mais presente em casa. Sempre a par de tudo o que acontece entre
os cômodos, porém ainda estou em dúvida se ela é uma boboca ou muito sonsa.
Tina é única negra da família. Talvez por isso se sinta sempre excluída e vivia
enfurnada em livros, o que auxiliou em sua escolha profissional
(bibliotecária).
Os rapazes são representados por Micky e Jack, os eternos rebeldes sem
causa. Enquanto o primeiro fazia de tudo para não depender do dinheiro dos
pais, o segundo não tinha problemas em torrar qualquer grana que encontrava
pela frente.
Dessa forma, não foi difícil associar ao rapaz a culpa pelo crime
que ceifou a vida de sua mãe. Isso porque tudo estaria ligado a um surto após
discussão envolvendo finanças.
Além disso, Jack é um mentiroso patológico, o que dificulta ainda mais
quando alega inocência. Porém, pela primeira vez, o jovem falou a verdade, a
qual pode ser comprovada posteriormente. Assim, todos na casa se tornam
suspeitos, desde os irmãos até os empregados.
“[...] É como se por trás de cada rosto houvesse outro. Uma imagem sinistra, que não conheço.”
Conforme Calgary banca o enxerido (e deveria dar às mãos para Miss
Marple, rsrs), percebe que os Argyle só são felizes nas fotos. A realidade é
bem diferente e todos na casa parecem ter alguma desavença entre si e com
Rachel _ a qual de perto, também não tinha uma alma tão pura.
Feridas abertas, mágoas e ressentimentos estão por todos os cantos, o
que poderia levar a diversos motivos para um assassinato. Assim, cada detalhe
conta e é preciso estar atento para não deixar nada passar batido.
Felizmente, Calgary faz um bom trabalho como detetive amador. No
entanto, conta com a ajuda dos profissionais de verdade, os quais se
encarregaram de investigar o caso dois anos antes e agora retornaram ao posto,
quando foi reaberto. Juntos, eles são bem atentos a cada pista de maneira
minuciosa e não irão descansar até que a justiça seja feita a quem merece.
Devo dizer que tentei não criar teorias dessa vez. Porém, é uma missão
quase impossível me manter desse jeito ao ler um romance da Agatha.
Por mais
que me segurasse, lá estava eu criando ideias e tentando resolver o mistério.
Mas, para variar, fui feita de trouxa de modo espetacular (rsrsrs). O que foi
bom, mas não me emocionou como em outras vezes.
Isso porque a autora usou alguns clichês um tanto batidos em literatura
policial e não curti muito. Ainda mais vindo de uma escritora renomada no
gênero.
Esperava algo mais elaborado nesse sentido. Ou mesmo se fosse óbvio,
ainda assim teria dado mais emoção do que da forma como foi desenvolvido.
Também não gostei do clima de “final feliz” encaixado no desfecho.
Apesar de
ser um assunto que vinha sendo comentado ao longo da trama, não achei
necessário colocar uma resolução para ele, já que não tinha a ver com o
mistério central. Por isso, mesmo sendo uma leitura boa e rápida, me
decepcionou um pouco também.
Em relação ao livro em si, esse é o segundo volume que comprei com a
capa nova. Adorei o tom de roxo e dos elementos que compõem a arte.
A revisão
melhorou absurdamente em relação aos livros anteriores da editora, o que muito
me agrada, por sinal. Além disso, a diagramação é bem feita e tem uma fonte
confortável para a leitura, assim como as páginas mais grossinhas que melhoram
ainda mais a experiência.
Assim, ‘Punição para Inocência’ é um bom livro. Gostei bastante e
recomendo, mas não espere um final de cair o queixo.
Já leram esse livro? Ou algum outro da "rainha"? Me contem aí!
Obs.: Texto revisado por Emerson Silva
Olá, Hanna.
ResponderExcluirVim aqui ler a resenha porque sei que li esse livro, mas não lembrava de nada. E ainda não lembro. Vou ter que encaixar ele no próximo mês porque agora fiquei curiosa. Você falou sobre a revisão e sim. Eu tenho aqueles outros box com três livros que eles começaram a lançar e pararam, e como está ruim a revisão.
Oi Sil, quanto tempo! Seja bem vinda! =)
ExcluirPois é, fico feliz que agora estejam investindo mais nas revisões dos livros. Até porque era um sacrilégio as obras da rainha chegarem cheias de erros crassos de gramática, né? E espero que possa se lembrar da história quando reler o livro, ^^
Adorei a resenha. Fiquei com vontade de ler esse livro. Ainda não li nada da Agatha.
ResponderExcluirBoa semana!
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Até mais, Emerson Garcia
Que bom que gostou, Emerson! =)
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