Olá meu povo, como estamos? Esse final de ano está recheado de leituras
nacionais por aqui. Hoje trago a resenha de ‘Submersão’, a sequência dos
acontecimentos apresentados em ‘O Lago Negro’, da autora Juliana Daglio.
Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna |
ALERTA: Pode conter spoilers
do primeiro volume.
65/24
Livro: Submersão
Autora: Juliana Daglio
Editora: Increasy
Ano: 2021
Páginas: 420
A revelação do segredo de Liam significa uma reviravolta na vida de Verônica Cattani. Assombrada pelos acontecimentos recentes, descobrir o que Liam vinha escondendo vai trazer consequências não só em sua vida, mas em toda investigação acerca dos Caprini. A jovem está decidida a trazer justiça para as mulheres assassinadas em Lagoana, com Liam ao seu lado. Entrementes, quer publicar O Lago Negro e desafiar a ira de Joseph Caprini. Porém, está bem claro que essa não é uma guerra comum. Escondido sob a proteção de Vicente, o inimigo mais poderoso de Joseph ainda não fez nenhum movimento, mas está prestes a se revelar. O homem da tatuagem de dragão tem em seu poder algo que Verônica talvez não possa recusar: a oportunidade de saber o que existe nas profundezas de sua própria memória.
Se a cabeça de Verônica já estava ameaçando bugar em ‘O Lago Negro’,
agora a situação ficou ainda mais complicada. A morte de Carol é apenas uma na
lista interminável de crimes sem solução em Lagoana. Mesmo sabendo quem é o
autor dos atos de violência, a sensação de impunidade fica maior quando ele se
mostra poderoso e acima de qualquer lei.
Além disso, tanto a protagonista quanto Liam passam por maus bocados na
residência dos Caprini. Após uma descoberta bombástica envolvendo coincidências
no livro de V e as lendas urbanas, a dupla se mete em uma teia complexa de
segredos perversos, capazes de levar embora a vida de curiosos.
Apesar das dificuldades, o novo casal (que não admite, mas tem uma
química fantástica desde que se conheceram) consegue escapar, porém não ilesos.
Eis que suas descobertas, antes sem sentido, parecem se conectar com os
segredos que Carlos queria contar antes de ser internado às pressas. Agora que
o professor está fora de perigo, é hora de todos serem honestos uns com os
outros e amarrar pontas soltas de anos atrás.
Verônica e Liam estão perdidos em meio a tantas descobertas. Contudo,
precisam ser fortes e encarar os novos obstáculos que estão por vir. De modo especial,
quando a família Caprini está com sede de vingança pelas baixas que o rapaz
metido a herói de quadrinhos deixou para trás quando escapou da mansão.
Nesse meio tempo, um outro membro da família mais poderosa de Lagoana
aparece e afirma ter segredos capazes de desestabilizar tanto os Caprini quanto
os Cattani. Verônica é a chave de todo esse quebra-cabeça banhado em sangue.
Mas será que ela está disposta a se lembrar de fatos do passado?
“Aquela escuridão tinha o poder de sempre me tragar de volta.”
Gente! Para o mundo que eu quero descer! Se eu já tinha ficado besta com
os acontecimentos do primeiro volume, aqui eu me senti mais inocente. Ainda com
a narrativa em primeira pessoa, vemos os acontecimentos pelos ângulos de
Verônica, porém alternados pelos de Liam e Carlos.
A protagonista está ficando cada vez mais forte, graças à presença de
sua família. Embora não se dê bem com a mãe, V sabe que ela guarda segredos
perigosos, envolvendo a morte do seu pai e sua posterior perda de memória. Ainda,
certos acontecimentos levam as duas a se entenderem, mesmo que de maneira
forçada.
"Imperfeições nos fazem humanos, e não tábulas rasas.”
Elas sabem que precisam conversar sobre muitas mágoas antigas. Porém, a
situação não é propícia para isso e conseguem manter uma relação cordial e
quase respeitosa. Anabella (mãe de Verônica) também tem suas feridas do
passado, pelas quais agiu de forma imatura e até hoje paga o preço por suas
atitudes.
A aura era tensa entre essas duas a cada vez que se encontravam, o que
me dava certa tristeza. Além disso, pude entender uma parte da mente quebrada
de Verônica, o que me fez ser mais solidária com a moça.
“Com amargor, experimentei a impotência e a ignorância frente ao que nos aguardava nas próximas horas.”
Contudo, parece que V está se tornando mais forte e menos dependente dos
remédios, o que a faz enxergar muitas coisas e até ser mais sensata em suas
decisões (fato pelo qual fiz as pazes com a personagem). Essa nova
personalidade que surge espanta a todos, até mesmo Liam, completamente
apaixonado pela protagonista (mas orgulhoso demais para admitir). No entanto,
ainda é imaturo e um completo babaca nas horas vagas, me fazendo passar raiva em
diversos momentos.
Mas não pude deixar de apoiar a postura de Liam quando Enzo entra em
cena novamente, com aquela cara de cachorro que virou o pote. Ainda não sei o
que se passou na cabeça dessa criatura.
Faz a garota de gato e sapato, some do
mapa na hora que ela mais precisa, agindo como se ele fosse a vítima mais
inocente da face da terra. Aí me foge com a vizinha bonitona do apartamento de
cima e ainda tem a cara de pau de aparecer rastejando, como se nada tivesse
acontecido?!
Admito que a moça foi bem madura e agiu de forma sensata (mas no lugar
de Verônica, teria deixado o Liam dar uma bela surra nele, para deixar de ser
idiota!). Isso espanta a todos, em especial o leitor, que é apresentado a uma
primeira versão completamente instável e obsessiva da personagem no primeiro
volume.
E mostra também o quanto ela cresceu e aprendeu a escolher suas próprias
batalhas. Afinal, tinha coisa mais importante acontecendo em Lagoana para a
protagonista se preocupar com uma novela mexicana que o próprio Enzo criou.
Sim, meu ranço passou para esse babaca e para Angelina, que caiu na conversa mole
dele. Esses dois poderiam sofrer combustão instantânea que não fariam falta!
Carlos, por sua vez, não vai deixar a situação mais agradável. Quando
ele conta os segredos pelos quais V e Liam tanto correram atrás, o clima fica
ainda mais tenso.
O casal fica revoltado (e com razão), por terem sido feitos
de marionete esse tempo todo. No entanto, não posso culpar o professor pelas atitudes
que tomou. Embora não concorde com suas ações, estava apenas tentando proteger
sua família e a do grande amigo de coisas que não compreendia.
“Cheguei ali com a ilusão de que sairia com respostas contundentes, contudo saía com mais perguntas e uma sensação maior de que estava prestes a perder a cabeça.”
Para completar, o elenco ganha mais alguns destaques, com Charlotte
(irmã caçula de Liam) e Deb (a ex-namorada de Liam, mas que finge não ter
recebido o memorando) caindo de paraquedas em busca do rapaz. Essas duas mal
apareceram e já ganharam meu ódio eterno. Nunca vi duas moças tão chatas e
nojentas juntas.
Lotte eu até entendo o comportamento, por se tratar de uma adolescente
de 16 anos, mimada e com ciúmes do irmão mais velho. Apesar de achar que
poderia ser menos mal-educada, relevei por ser imatura devido à pouca idade. Mas
confesso que tive um misto de pena e raiva em relação a Deb.
A mulher claramente ama Liam (ou acha que ama, pois na minha opinião, é
obsessão mesmo). Porém, desde quando é apresentada em ‘O Lago Negro’, está na
cara que o sentimento que ela nutre pelo rapaz não é recíproco. E, mesmo sabendo
disso, não cansa de perder tempo correndo atrás de migalhas, enquanto poderia
ser mais feliz alimentando seu amor próprio.
Logo, o encontro dela com Verônica não é nada agradável. A protagonista,
mais uma vez, ganhou meu respeito mostrando que sabe lidar com as situações
mais adversas sem precisar apelar para os remédios.
Apesar disso, ainda não sei
se posso afirmar que é um ponto positivo no comportamento da personagem. Tem um
verdadeiro furacão em volta dela e o centro sempre parece ser mais calmo. O meu
medo é se a moça vai conseguir sair dele.
“Os verdadeiros monstros não se escondem embaixo da cama, ou dentro do armário. Eles estão dentro da sua mente.”
Enquanto a versão nacional de ‘A Usurpadora’ acontece no hospital, os
Caprini parecem estar mais fortes do que nunca. Joseph está afiando suas armas
para dar cabo dos Cattani de uma vez por todas e não parece disposto a voltar
atrás.
Além disso, conforme Verônica toma ciência dos segredos envolvendo a
família, se torna mais perigosa para o velho.
“Aquilo era ridículo como um enredo de uma comédia barata.”
Vale tudo para manter certos segredos escondidos em Lagoana. E ‘O Lago
Negro’ é capaz de destruir tudo pelo que o patriarca lutou para esconder.
Realidade e magia se misturam mais uma vez, em uma verdadeira guerra de bem x
mal. Ambos os lados estão se fortalecendo e a batalha parece longe de ter fim.
Com uma escrita ainda mais fluida do que no primeiro volume, eu só
queria saber o que iria acontecer na próxima página. Mesmo sendo um tijolinho,
a leitura teve um andamento muito bom. No entanto, precisei ler devagar, por
conta de certos assuntos mais densos que a escritora abordou. Mas isso não
diminuiu em nada a experiência de leitura.
Além disso, a autora conseguiu passear bem pelo lado do terror, mantendo
o lado do thriller psicológico, uma
combinação fantástica e que me conquistou. O desfecho é perfeitamente crível,
satisfatório e eu fiquei ainda mais curiosa para ler a continuação em
‘Profundezas Sombrias’.
Em relação à obra em si, a capa segue o mesmo padrão do primeiro volume,
parecendo uma carta de tarô (uma das mais bonitas que já vi, aliás). A
diagramação e a revisão estão muito bem-feitas, proporcionando uma ótima
experiência de leitura.
Se você ainda não leu nada da autora, recomendo que comece por essa
trilogia. Aqui vai encontrar uma combinação perfeita de suspense com terror,
que vai te deixar de queixo caído.
Obs.: Texto revisado por Emerson Silva
Olá, parece ser um livro com muitos acontecimentos. Geralmente um dos meus problemas com thriller psicológico é justamente ser bem lento e gostei que nesse parece ter muita coisa acontecendo.
ResponderExcluirPois é, acontece bastante coisa mesmo nesse livro, haha. Acho que pode dar uma segunda chance aos thrillers psicológicos com esse livro, ^^.
ExcluirOi Hanna!
ResponderExcluirEu conheço a escrita da autora através do conto A Vovó Chamou o Diabo para Ceia e foi uma leitura bem divertida. Adorei conhecer mais trabalho da Juliana Daglio e com certeza vou adicionar a trilogia na minha meta de leitura. Valeu pela dica.
Bjos
Eu vi sua resenha sobre o conto e achei bem interessante. Quem sabe um dia eu crio coragem e dou uma chance à leitura também, hehe.
ExcluirOi Hanna, tudo bem? Não conhecia a autora, mas gostei bastante do jeito como você falou sobre a narrativa. Ainda mais sendo o segundo volume. As vezes, algumas continuações se perdem no meio do caminho, então acho incrível quando o autor consegue manter a qualidade e interesse do leitor, semelhante Harry Potter, Jogos Vorazes ou Divergente. Fiquei curiosa para saber como a autora conseguiu mesclar terror com thriller psicológico. Um abraço, Érika =^.^=
ResponderExcluirOlá Erika, que bom que gostou da resenha. Eu achei bem legal que esse não caiu na "maldição do segundo livro", por isso me manteve imersa ainda na leitura. E super recomendo, viu?
ExcluirAMEI, aliás, amo todos os livros da autora, apaixonado na narrativa de todas as obras dela, inclusive, é um livro que não tive a oportunidade de ler, mas irei com sua indicação.
ResponderExcluirOpa! Quando ler, volta aqui e me conta o que achou?
ExcluirVocê me ganhou como leitora da autora no último parágrafo. Se tem suspense, se tem terror... Automaticamente eu já fico de orelha em pé!! Mas, como essa é uma resenha de um segundo livro, confesso que ficaria mais fácil se eu conhece a primeira obra. Vou tentar encaixar aqui e seguir seu conselho de conhecer a autora iniciando pela trilogia.
ResponderExcluirBeijão
Ah, que bom que gostou! E sim, é bom "começar do começo", hehe. Espero que goste de O Lago Negro tanto quanto eu, =).
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