Olá meu povo, como estamos? Hoje temos resenha de mais um livro nacional
por aqui. Fugindo totalmente do clima natalino (rsrsrs), vamos entrar em um
mundo sombrio e (literalmente) infernal, junto com ‘David Goffman e A Travessia
Infernal’.
Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna |
Obs.: Livro lido em parceria com o autor (Publicidade)
62/24
Livro: David Goffman e A Travessia Infernal
Autor: Gabriel Ract
Editora: Labrador
Ano: 2021
Páginas: 208
Por séculos, os demônios vêm instigando o lado mais obscuro da humanidade com um jogo tão tentador quanto perigoso. Uma vez por ano, um humano predestinado a embarcar para o Inferno quando morto é selecionado por Satanás, atual imperador de lá, para lutar contra o seu destino. As regras são, em teoria, simples: o humano precisa apenas atravessar toda a extensão do Inferno e convencer sete príncipes de que é digno de uma eternidade diferente nos Céus. Contudo, nenhum humano além de Dante, a grande inspiração deste desafio, conseguiu alcançar tamanha façanha. David Goffman, um jovem amargurado e misterioso, torna-se o mais novo candidato a desbravador dos Infernos após anos planejando a sua inserção nesse jogo. Com a sua dose de sofrimento sempre fresca na memória e carregando segredos que podem tanto auxiliar quanto atrapalhar a sua progressão no desafio, ele se lança em meio a essa aventura esperando nada menos do que suceder em sua busca pelo Paraíso – mesmo que os seus motivos para realizar esse feito fujam do escopo da nobreza esperada.
Uma vez por ano, o Inferno entra em polvorosa por conta de um jogo com a
humanidade. Apenas uma pessoa é selecionada para, a exemplo de Dante,
atravessar todos os círculos e alcançar os Céus.
A regra é clara: deve ser
alguém já predestinado a queimar eternamente, o qual deve convencer os sete
príncipes de que merece ser perdoado e ir para o Paraíso.
Até hoje nenhum outro humano além do poeta conseguiu passar na prova, mas
isso não é impedimento para David Goffman, um adolescente ruim por natureza e
que tem seus próprios motivos para atravessar os Infernos e chegar aos Céus.
Será
que ele é realmente digno de tal façanha? Ou apenas confirmará seu destino e
ficará preso para sempre no fogo?
“[...] Era idiotice pensar sobre o assunto: ele nunca esqueceria os motivos de estar ali.”
Como falar desse livro, ainda mais em época de Natal (rsrsrs)? Bem, para
começar, conheci através de um agente literário que entrou em contato com o
blog e me apresentou a obra. Havia sido lançada recentemente e a premissa despertou
a minha curiosidade.
No entanto, não sabia muito o que esperar, dado que não estou muito na vibe de fantasia ultimamente (e vocês
estão até cansados de me ouvir repetindo essa frase em cada post, haha). Então,
dei um tempo e decidi ler sem grandes expectativas. Fui até alternando com
outro livro de um gênero diferente para conseguir manter a experiência o mais
agradável possível.
E posso dizer que deu muito certo. Além da minha tática, a escrita do
autor me surpreendeu bastante. Com uma narrativa em terceira pessoa, somos
apresentados ao protagonista, David Goffman, o novo concorrente do desafio
infernal.
O rapaz tem uma vida sofrida, mas ao mesmo tempo misteriosa e sombria.
No entanto, foi aprovado nas regras do jogo e logo embarca numa jornada de São
Paulo até as profundezas, a fim de salvar sua alma (ou não).
“Era engraçado pensar, novamente, em quantas respostas podia dar àquele simples questionamento. Todas igualmente verdadeiras.”
Aos poucos vamos conhecendo sobre o próprio personagem e os cenários por
onde passa. Cada círculo é regido por um príncipe e representa um dos 7 Pecados
Capitais.
David interage com cada um deles de uma forma peculiar e até
democrática, o que muito me surpreendeu, dado que era um adolescente imaturo.
Além disso, me admirei com a peculiaridade de cada regente. Levando em
consideração que estavam no Inferno, esperava que fossem carismáticos e mestres
da mentira (o que de fato são).
Porém, ainda conseguem ser justos e até
arrependidos de seus atos (se é que podemos dizer assim). Para falar a verdade,
pareciam até humanos sábios e que já aprenderam muito na vida (e depois dela),
olhando pela forma como tomavam suas decisões.
O que veio bem a calhar, visto que o autor teve uma grande sacada, trazendo
até alguns personagens já existentes e de origem bíblica. O Gabriel ainda teve
a sutileza de mostrar um pouco sobre a história de cada príncipe, de uma
maneira curta e objetiva. Dessa forma, o leitor se ambienta sem se perder na
narrativa principal, o que foi fantástico!
Já em relação ao próprio David, achei muito semelhante a Artemis Fowl.
Talvez pela idade aproximada, inteligência e um passado sombrio, além do
talento para se meter com coisas mais sombrias.
Ambos gostam de desafiar os
limites da magia e das regras. Por isso, são arrogantes, egoístas e petulantes,
o que me irrita um bocado. Mas acabo ficando mais imersa na leitura perante a
sagacidade que eles têm de resolver suas questões.
Contudo, a semelhança termina quando entendemos as origens de David e
como ele foi parar no desafio. Assim, embora tenha a nostalgia das minhas
leituras de adolescente/recém adulta, aqui temos uma história única e com a
personalidade do autor estampada.
Para lhe ajudar na jornada, somos apresentados a Mariana. A moça morreu
há um tempo e já estava designada para um dos círculos. No entanto, por algum
motivo misterioso, se vê ligada ao desafiante e eles são obrigados a caminhar
juntos em busca dos portais.
“Mortos e vivos andando juntos nunca foi considerado sinal de bom agouro.”
Enquanto o rapaz é frio e calculista, ela é mais impetuosa e não aceita
ordens. Isso gera muitas faíscas entre os dois. No entanto, apesar das
diferenças, acabam gerando um forte laço de amizade, algo inusitado até para os
demônios.
Mariana desperta em David o senso de justiça que ele não enxerga, o
faz agir de forma menos egoísta e até mais heroica. A questão é saber até que
ponto tais atos seriam o suficiente para salvar a alma do rapaz, ou condená-lo
ainda mais às profundezas.
O tempo todo eu me via imersa nas aventuras deles. Mas sinceramente, não
sabia se torcia pelo “final feliz” de David ou se mandava ele se lascar.
Em
diversos momentos, a impressão que eu tinha era que o rapaz não dava ouvidos ao
que os príncipes nem Mariana tinham a lhe dizer.
Por incrível que pareça, o lado humano que tiveram foi o responsável por
uma sabedoria interessante e reflexiva. Sei que estamos falando dos círculos do
Inferno, para onde vão as almas condenadas.
Mas acho que até elas tem
arrependimentos (a maioria, pelo menos) que certamente mandariam os ainda vivos
não fazerem, para não terem o mesmo destino. Porém, o rapaz está tão focado em
vencer o desafio, buscando os portais, que se esquece do mais importante: a
jornada e o aprendizado. Isso me irrita demais e eu só queria dar uns sacodes
nesse garoto.
Aliás, a cada vez que se encontrava com um dos príncipes, em especial os
mais sensatos, tenho a sensação de que eles já olhavam para o rapaz e só
acenavam negativamente com a mão na testa e pensavam: “que causa perdida, mas
lá vamos nós”.
Era esse pensamento que eu tinha a cada virada de página, o que
me deu certo ranço do protagonista, ao mesmo tempo que senti pena, se é possível
ter essa combinação de sentimentos.
Com uma escrita fluida, ao mesmo tempo cheia de reflexões (ao menos para
os leitores, já que o David parece ter aprendido necas), me via curiosa sempre
pela próxima página. O que muito me surpreendeu, dado que era uma fantasia do
tipo YA.
Talvez a nostalgia por me lembrar de Artemis Fowl tenha falado mais
alto e acabei devorando a obra em poucos dias (mesmo alternando com outro
livro).
Minha única reclamação em relação à trama em si é que os obstáculos do
protagonista foram resolvidos de modo muito abrupto. Assim, não tinha espaço
para a emoção que eu esperava ter ao ler os desafios enfrentados pelo rapaz.
Talvez isso se deva ao gênero, do qual estava há muito tempo afastada. Mas
lendo já adulta, me incomodou um bocado.
O desfecho é esperado e previsível. Entretanto, é também convincente e
me agradou, por ser mais pé no chão e condizente com a trama. O autor conseguiu
fechar o arco com maestria, amarrando diversas pontas e sem deixar personagens
de fora, sejam os principais ou os secundários. Além disso, dá brechas para o
que acredito ser uma continuação, a qual certamente quero ler.
Em relação à obra em si, gostei bastante da edição. A capa é bem sombria
e condizente com a premissa (porém pode causar medo em algumas pessoas).
A
revisão e a diagramação estão de parabéns, com uma fonte legível e agradável à
leitura. Na mesma linha, a folha é mais amareladinha e grossinha, o que
facilita na hora de manusear o livro. Assim, como um primeiro contato, tanto
com a escrita do autor, quanto com os trabalhos da editora, foi uma experiência
satisfatória e que recomendo.
Já leram esse livro? O que acharam da premissa? E curtem fantasia do tipo YA? Me contem aí!
Obs.: Texto revisado por Emerson Silva
Oi Hanna, tudo bem?
ResponderExcluirAinda não conhecia o autor nem a obra. Achei a premissa interessante, mas sobre YA eu não estou tendo muita paciência para ler e nem escrever o gênero ultimamente. Acho que que é uma fase, vou esperar pra ver se passa.
Até breve;
Te espero nos meus blogs!
https://hipercriativa.blogspot.com (Livros, filmes e séries)
http://universo-invisivel.blogspot.com (Contos, crônicas e afins)
Oi Hanna! É um tipo de história que gosto bastante e fico feliz em saber quem tem um final convincente, ainda que previsível. Vou anotar para conferir quando tiver oportunidade. Bjos!! Cida
ResponderExcluirMoonlight Books
Não conhecia o autor nem a obra, mas já achei interessante ele fazer link com Dante e a divina comédia.
ResponderExcluirAcho que essa época foi perfeita para ler o livro porque deve gerar reflexão.
Entendo suas ressalvas. Ms acho que seria um livro que eu gostaria bastante, mesmo passando raiva com protagonista (já tô muito acostumada a passar raiva com protagonista.) Espero ter a oportunidade de ler e gostei bastante de conhecer esse trabalho através de sua resenha.
beijos
https://duquesaazarada.blogspot.com
Oi!
ResponderExcluirNão gosto muito de histórias que envolvam céu e inferno, mas achei interessante envolver os sete pecados capitais! Já esse tipo de protagonista "bem Artemis Fowl" é algo que não anda funcionando comigo há alguns anos.
Beijão
https://deiumjeito.blogspot.com/