Olá meu povo, como estamos? Hoje é um dia muito especial aqui no MH. Não
apenas por ser o dia de resenha, mas por poder compartilhar minha alegria com
vocês de finalizar com sucesso o Projeto “12 Livros para 2022”.
Ele é feito
sempre em parceria com os blogs MãeLiteratura
e Pacote Literário, onde
desencalhamos um livro físico da estante todo mês (à escolha do público). O
tema de dezembro é ‘Não Pode Faltar em 2022!’ e a obra mais votada foi ‘O Livro
dos Espelhos’, de E. O. Chirovici.
Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna |
63/24
Livro: O Livro dos Espelhos
Autor: E. O. Chirovici
Tradutor: Roberto Muggiati
Editora: Record
Ano: 2017
Páginas: 322
Quando o agente literário Peter Katz recebe por e-mail um manuscrito parcial intitulado O livro dos espelhos, ele fica intrigado. O autor, Richard Flynn, descreve seus dias em Princeton, e documenta sua relação com Joseph Wieder, um renomado psicólogo, pesquisador e professor. Convencido de que o manuscrito completo vai revelar quem assassinou Wieder em sua casa, em 1987 — um crime noticiado em todos os jornais mas que jamais foi solucionado —, Peter Katz vê aí sua chance de fechar um negócio de um milhão de dólares com uma grande editora. O único inconveniente: quando Peter vai atrás de Richard, ele o encontra à beira da morte num leito de hospital, inconsciente, e ninguém mais sabe onde está o restante do original. Determinado a ir até o fim neste projeto, Peter contrata um repórter investigativo para desenterrar o caso e reconstituir o crime. Mas o que ele desenterra é um jogo de espelhos, uma teia de verdades e mentiras, e uma trama mais complexa e elaborada que a do primeiro lugar na lista de mais vendidos dos livros de ficção.
A vida de Peter Katz é bem agitada como agente literário de uma grande
editora americana. Todos os dias recebe diversos exemplares de livros para
avaliar e dizer se podem ou não seguir em frente, rumo à publicação.
No
entanto, sua curiosidade ficará mais aguçada com uma amostra peculiar que
chegou em seu email. Escrito por
Richard Flynn, a obra incompleta é baseada em fatos reais e conta em detalhes
(ou ao menos promete) um caso que abalou o país 20 anos atrás: o assassinato do
renomado professor Joseph Wieder, o qual nunca foi solucionado.
A escrita é fluida e bastante reveladora, porém não conta o ocorrido na
íntegra, pois as páginas que faltam seriam enviadas apenas se Peter se interessasse
na publicação. Vendo acordos milionários que essa história renderia, o agente
vai atrás do autor para fechar negócio, mas o encontra com os dias contados em
um hospital e ninguém mais sabe do paradeiro do arquivo.
Querendo mostrar a verdade ao mundo e fazer justiça para a vítima, o
agente literário procura John Keller — um repórter investigativo — a fim de
descobrir a verdade e lançar o livro. No entanto, mesmo tendo ocorrido tantos
anos atrás, o caso ainda esconde uma teia complexa de segredos. E eles são perigosos
o bastante para fazer qualquer pessoa duvidar do que é realidade ou ficção.
“Assim, minha sensação era de que não havia nada de especial nos anos oitenta e que nossa geração tinha perdido o trem da História.”
Eu peguei esse livro em uma troca do Skoob, logo quando comecei a usar a
plataforma. O exemplar chegou rápido aqui em casa, porém ficou guardado na
estante desde então, pegando poeira enquanto eu não tinha coragem de ler.
Em parte, foi porque me aventurei em outro trabalho do autor e não curti
tanto quanto esperava, sem saber se seria a hora de dar uma segunda chance para
suas obras. Mas ao ler os comentários de outros leitores, percebi que ‘O Livro
dos Espelhos’ seria o melhor livro do autor e nem chegaria aos pés de ‘Sangue Ruim’ (até eleito uma de minhas decepções literárias de 2022). Disposta
a ver se a opinião pública era confiável, coloquei para concorrer no 12 Livros
para 2022 e me surpreendi ao ver que foi o mais votado.
Mesmo assim, comecei a leitura com ressalvas e sem querer me prender
muito, já preparada para a decepção. Porém, fiquei
surpresa ao me encontrar entretida com a leitura e, assim, simplesmente devorei
o livro em poucos dias.
A trama é narrada em primeira pessoa, porém dividida em três partes.
Assim, somos apresentados à leitura da amostra de Richard Flynn, que chega às
mãos do Peter, depois a do John fazendo as investigações. Por fim, temos a
visão de Roy Freeman, o investigador da época em que o crime aconteceu.
Ficamos com um vislumbre do passado e do presente, conforme alguns
personagens principais contam seus relatos. Richard tinha sua própria versão, a
qual passa a ser comparada com as de Laura Baines e Derek Simons, os dois
principais suspeitos do assassinato.
A primeira era apenas uma estudante de Psicologia na época e orientada
por Wieder. Ela dividiu a casa com Richard por um tempo, a fim de compartilhar
o valor do aluguel. Isso faz o rapaz se tornar mais próximo do professor, ainda
que por tabela, com quem começa a ter mais contato, já que Derek era um jovem
problemático e com ficha na polícia. Wieder entrou em sua vida de maneira
heroica e o rapaz lhe devia muitos favores, trabalhando como faz-tudo em sua
casa.
Além disso, por ser formado em Literatura e alimentar o sonho de ser um
escritor famoso, o tempo todo somos levados a pensar se o livro que Richard
escreveu em tantos detalhes é real ou pura ficção. Ao mesmo tempo, o que os
suspeitos ainda vivos afirmam ter visto ou dito são desmentidos quando os
detetives interrogam outra pessoa.
“A gente não sabe o que é dor até sofrer um corte tão profundo que nos permita perceber que as feridas passadas não foram nada mais que arranhões.”
No entanto, minha opinião sobre cada um deles variou bastante conforme
me aprofundava na leitura. Laura hoje é uma psicóloga renomada e que parece ter
aprendido bastante com seu mentor, tanto a parte boa quanto a ruim do
profissionalismo.
Se na visão de Richard ela poderia ser uma mocinha brincando
de ser a donzela em perigo, eu só via uma mulher egoísta e metida a besta. Mesmo
depois de anos, não mudou nada em sua personalidade.
Por sua vez, achei Derek e Richard dois homens que eu manteria a distância.
Embora todos sejam a clara definição de que as aparências enganam, eu teria
medo de cruzar com um deles na minha frente. Isso fica mais claro conforme a
investigação anda. O que me faz lembrar de uma frase que minha ex-orientadora
sempre dizia: “em toda história sempre existem três lados: a de um lado, a do
outro e a verdade.”
Aos poucos, também, conhecemos diversas versões do professor. Para uns,
era um ídolo a ficar em um pedestal. Para outros, deveria ser tratado como
Judas e pagar pelos pecados do mundo. Com a narrativa em primeira pessoa, passa
a ficar bem claro o que cada um pensava da vítima. Porém, para o leitor, a
dúvida permanece, já que estamos apenas ouvindo uma boa fofoca e não sabemos em
quem acreditar.
“— Bem, aparentemente, até um gênio pode ser um verdadeiro babaca.”
Alguém está mentindo e a qualquer momento um detalhe importante pode
surgir para montar o quebra-cabeças de 20 anos atrás, mas que ainda tem efeitos
nos dias de hoje. Não obstante, John e Roy são detetives espetaculares.
Enquanto o primeiro é um repórter frustrado com a carreira, contudo vê uma
outra perspectiva com o ocorrido, o outro quer curtir sua aposentadoria com a
sensação de dever cumprido e caso encerrado, mesmo que tanto tempo depois.
“E essas coisas do passado não devem ficar expostas em público para que todos vejam, porque às vezes o significado delas é muito complicado e outras é bem doloroso.”
Cada um tem seus dilemas próprios, porém fazem um trabalho excelente e
juntam diversas peças há muito esquecidas. Junto com eles, fui criando minhas
teorias e ficando cada vez mais imersa na leitura, curiosa pela próxima página.
Com a escrita fluida (do autor original) e capítulos mais curtos e objetivos,
formou o conjunto completo de uma leitura impressionante.
Agora sim, eu posso afirmar que vi a genialidade de Chirovici e o motivo
de ter tantos fãs dele aqui no Brasil. Com um desfecho perfeitamente crível e
condizente com a trama que vinha sendo apresentada, o escritor conseguiu
amarrar todas as pontas e nenhum personagem ficou esquecido.
Seja do presente
ou do passado, tudo foi explicado de uma maneira que me deixou de queixo caído
e não teria pensado em outra forma para tal. O que foi maravilhoso, pois tirou
o gosto amargo que tive com minha primeira experiência em relação aos seus
trabalhos. Em ‘O Livro dos Espelhos’ eu me senti lendo uma boa série de
suspense, onde cada capítulo me fazia querer maratonar a temporada inteira (um
fato que há muito tempo não acontecia).
Em relação ao livro em si, eu li o exemplar físico e impresso desde
2017. Então, posso afirmar que a edição é bonita, bem a cara de suspense. A
capa traz tons de amarelo com preto, com os cacos de vidro em destaque e
relevo, dando um charme a mais. As páginas estão amareladas com o tempo (o que
é normal, já que peguei um livro usado para ler), mas a própria impressão é em
papel pólen, bem grossinha, o que ajudou bastante na leitura. A experiência
ficou melhor pela revisão bem feita, contando também com a fonte em tamanho
legível.
Resumindo, eu amei esse livro e fico muito feliz por ter finalizado o
projeto com o pé direito. Recomendo a leitura de olhos fechados, especialmente
se você for um amante de thrillers
bem elaborados como eu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Muito obrigada pela visita e seja sempre bem vindo(a) ao Mundinho da Hanna. A casa é sua e esteja à vontade para ler os posts e seguir o blog
Caso tenha um blog também, deixe o link. Vou adorar conhecer o seu cantinho também.
Por favor, leia os posts e seja gentil ao comentá-los. Comentários do tipo "segui seu blog, sdv" serão ignorados.