Essa foi minha segunda leitura com o clube Lendo com os Morcegos. Para variar, era
um livro que não conhecia, por não estar familiarizada com as obras do autor. Ele tem apenas dois livros publicados até o momento: ‘O Livro dos Espelhos’
(presente na lista do #12livrospara2022)
e ‘Sangue Ruim’, publicado recentemente. Pelo que vi também, ‘Sangue Ruim’ pode
ser mais recente em termos de publicação, porém começou a ser escrito primeiro.
Talvez por isso ele passe uma vibe mais carregada e sinistra, típico de autor de primeira viagem,
que gosta de impactar logo de cara. Mas não foi bem isso o que aconteceu.
Para começar, ‘Sangue Ruim’ poderia ser resumido em “a
jornada de um fofoqueiro”. Isso porque a trama é contada pelo ponto de vista de
James, que parece mais obcecado em saber essa história do que os próprios
envolvidos.
A famigerada história do passado gira em torno de Josh,
Abraham Hale (o amigo) e Simone Duchamp (a suposta vítima).
Josh, ao contar sua
versão dos fatos, se coloca como o mocinho inocente, que só teve a culpa de ter
nascido em família rica e ter tudo do bom e do melhor.
Supostamente, isso teria causado inveja em Hale, o
verdadeiro vilão. Este ser malvado, faria de tudo para se vingar do inocente
Josh, que atuava como príncipe encantado nas horas vagas.
A gota d’água seria
ele perder mais uma namorada para Josh, Simone, a qual acabou morta
violentamente pelo vilão.
Josh tem certeza da culpa de Hale e o caso estaria
encerrado, se não fosse a sensação de que teve algo a ver, indiretamente, com o
crime.
Isso o tortura há 40 anos. Então, tenta expurgar sua possível culpa se
dividindo em n campanhas de caridade.
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Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna |
Agora, desenganado pelos médicos, vê que só as obras
filantrópicas não são suficientes e precisa se lembrar do que aconteceu de
verdade, para ter um pouco de paz no leito de morte.
Vê em James sua última
chance de fazer algo de bom, nem que seja se arrepender e pedir perdão, caso
tenha mesmo sido o culpado.
James não acredita nem um pouco que Josh seja culpado.
Especialmente por defender que a mente humana é capaz de pregar muitas peças e
ele pode estar se culpando por uma imaginação fértil.
Logo, decide ajudar um
moribundo a ter um pouco de paz.
Porém, durante as sessões, Josh parece se convencer de que
realmente matou Simone e vai pagar por isso no inferno. James é dispensado do
cargo e recebe seus honorários gordinhos.
Tudo teria terminado; era apenas mais
um caso esquisito, de uma pessoa rica que queria gastar dinheiro e chamou uma
pessoa famosa para tal.
Mas o psiquiatra fica tão vidrado no caso, que decide
investigar por conta própria o que aconteceu. Afinal, Josh não foi o único
envolvido e toda história tem dois lados.
Assim, conhecemos as versões de Hale
e mais algumas pessoas, que podem (ou não) ser importantes para o caso,
aparentemente, encerrado.
A história é interessante, pois nos lembra que não devemos
levar em consideração apenas o que uma pessoa fala, e sim avaliar as
informações de modo mais amplo, antes de tecer opiniões sobre um assunto.
Pois, como o próprio Dr. James Cobb defende, a mente humana pode pregar muitas peças.
Nenhum personagem, seja Josh, Hale ou Simone, são
confiáveis. Cada um tinha mentiras escondidas debaixo do tapete e coisas que
queriam esquecer.
Mas James tira todas as capas dos personagens, analisando
como se fosse um estudo de caso e os envolvidos, seus pacientes indiretos.
Assim, acabou dando um clima de ‘Cold Case’, que me foi nostálgico em diversos
momentos.
A leitura só não foi mais agradável (se é que um thriller psicológico é agradável) porque
estava nítida a inexperiência de Cobb como detetive.
Talvez por isso, a forma
como relatava seus achados para o leitor era, por vezes, tediosa e cansativa.
O livro tem também uma aura de “quem é o culpado”.
Afinal,
como Josh se põe como o mocinho inocente, Hale também se põe como inocente em
sua versão.
E cabe ao leitor (também a Cobb) prestar atenção em cada detalhe,
pois ambos podem estar mentindo, ou falando meias-verdades. Simone existiu? Ou
era fruto da imaginação de duas mentes confusas e atormentadas?
Porém, somando à vibe
sombria demais sem necessidade e um detetive que não sabia o que estava
fazendo, a leitura vinha mais ou menos digna até chegar no desfecho.
Ele é
fechado, amarra todas as pontas, porém não fez sentido.
Fui tecendo algumas teorias no decorrer da leitura, muitas
das quais eu acertei e fui feita de trouxa em outras.
Isso não é problema,
afinal vários livros são assim e a graça está em não ser previsível.
Mas senti que o autor queria causar,
tirou um coelho da cartola depois que o show
já tinha terminado e o final, sinceramente, não colou.
Nesse caso, teria sido
melhor se mantivesse o final previsível, teria muito mais sentido e a leitura
teria sido digna do início ao fim.
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Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna |
No entanto, devo admitir que, pela primeira vez, concordo
totalmente com o título do livro. ‘Sangue Ruim’ define bem o que todos os
personagens são.
Senti ranço deles em diversos momentos, nem Cobb escapou da
lista de personagens que quero distância.
Falando sobre o livro em si, gostei da diagramação, simples
e objetiva. A revisão também está perfeita e não tive incômodos nesse sentido
durante a leitura. Porém, a capa não está entre as mais bonitas.
Resumindo, ‘Sangue Ruim’ é uma leitura densa e interessante
até a página 2. É uma leitura que recomendo, pelo mistério em si, mas vá sem
grandes expectativas.
Oi Hanna,
ResponderExcluirNão conhecia o livro e nem o autor, mas a premissa é bem interessante, apesar ser uma leitura mais densa.
Nãs sei se leria nesse momento, mas vou colocá-lo na lista.
Bjs e uma boa semana!
Diário dos Livros
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Sim, é uma leitura um tanto densa mesmo. Se ler algum dia, espero que tenha uma boa leitura. =)
ExcluirOi
ResponderExcluirGosto muito de thriller psicológico e fiquei bem curiosa pra ler esse, vou colocar na minha lista ;)
Beijinhos
Renata
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Oi, Hanna. Como vai? Adoro os livros do autor. Este aí eu não li, no entanto já me interessei em lê-lo. Parece bom. Abraço!
ResponderExcluirhttps://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/
Eu pretendo ler o outro dele no final do ano. Espero que seja uma experiência melhor do que a de agora, rs.
ExcluirParece ser uma leitura bem interessante! Obrigada pela partilha!
ResponderExcluirBjxxx
Ontem é só Memória | Facebook | Instagram | Youtube
Oi
ResponderExcluirnão conhecia esse livro, mas parece ser interessante e que bom que gostou da leitura, apesar do rança com os personagens.
http://momentocrivelli.blogspot.com/
Sim, é um bom livro, com ressalvas, hehe.
ExcluirOlá, Hanna.
ResponderExcluirEu tinha ficado com muita vontade de ler esse livro quando lançou, mas comecei a ler as resenhas e a vontade passou. Quanto ao final tem autor que quer causar e estraga tudo. Li recentemente um livro que aconteceu exatamente isso.
Prefácio
É muito chato quando isso acontece, né? =/
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