Olá meu povo, como estamos? Hoje temos resenha de um livro
que jamais pensei que leria, especialmente por ser resistente a clássicos. Com
vocês, ‘Conan – O Bárbaro’, um clássico de fantasia de Robert E. Howard.
Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna |
8/24
Livro: Conan - O Bárbaro
Autor: Robert E. Howard
Editora: Pipoca e Nanquim
Ano: 2017 (edição atual)
Páginas: 304
O Pipoca & Nanquim tem o orgulho de apresentar a volta de uma das maiores sagas épicas de toda a história da literatura. 'Conan, o Bárbaro', é a obra máxima do escritor Robert E. Howard, um dos mais celebrados novelistas de sua geração, criador do gênero Espada & Feitiçaria, e principal inspiração para autores de renome indiscutível, como J. R. Tolkien, George Martin e Michael Moorcock. Dividida em três volumes, a saga apresentará na íntegra todas as aventuras de Conan, seguindo a ordem em que foram publicadas originalmente na emblemática revista Weird Tales, terá acabamento de luxo com sobrecapa de acetato, ilustrações de artistas como Mark Schultz e Gary Gianni, diversos extras e, pela primeira vez no Brasil, as capas originais de Frank Frazetta.
Antes de falar sobre a obra em si, vamos a algumas aulas
rápidas de História? ‘Espada e Feitiçaria’, para quem não conhece (como eu não
conhecia), é um subgênero de fantasia, onde os personagens resolvem as
situações à base de força bruta (Espada), lutando contra um vilão que quer
poder absoluto (Feitiçaria).
Esse termo foi publicado oficialmente na década de
1960, com ‘Lankhmar’ de Fritz Leiber.
Porém, olhando com mais carinho para o túnel do tempo, esse
subgênero já existia desde o início do século XX, só que de maneira
não-oficial, criado em ‘The King of
Elfland's Daughter’ (Lorde Dunsany - 1924).
Ele influenciou inúmeros
autores, desde Tolkien até Neil Gaiman, com livros que fazem sucesso até hoje.
E onde entra Robert E. Howard? Apesar de não ser muito
lembrado, seus contos o tornaram um dos autores mais importantes do subgênero,
pois mudaram a visão do guerreiro lutando contra as forças do mal, além de
criar tramas envolvendo civilizações antigas (fictícias), com mitologia, geografia
e histórias próprias, de uma maneira jamais imaginada.
E é aqui que conhecemos Conan, O Bárbaro, um de seus
personagens mais famosos. A edição da Pipoca & Nanquim reuniu em três volumes
os contos do personagem em ordem cronológica de publicação na Weird Tales (uma revista antiga e
conhecida por abrigar as histórias subgêneros Espada e Feitiçaria e Pulpfiction, que só ficariam famosas
anos depois).
Neles, vemos as aventuras do protagonista, ora como jovem ladrão,
ora pirata ou rei (já mais velho). Porém, ao ler em sequência, os contos não
tem uma linha do tempo certinha para os personagens. Então, pode causar
estranheza num primeiro momento.
Ao ler as opiniões no Skoob, percebi que não
sou a única que achou estranho ser assim, pois dava uma sensação de
desorganização das ideias.
No entanto, não atrapalhou a experiência de leitura, já que
são aventuras independentes entre si. Todos os contos são um tanto longos e
divididos em partes, normalmente começando com um poema ou canção, que seria
comum no universo de Conan, o que dá até um toque de erudito, que
particularmente, adoro.
As aventuras do protagonista são muito criativas e me chamou
atenção que, mesmo sendo escritas na década de 1930, o autor fugiu totalmente
do senso comum e não tem uma escrita rebuscada, o que ajuda bastante na leitura
hoje em dia.
Os personagens secundários, especialmente os vilões, são
maravilhosos, pois me lembraram os desenhos de quando eu era criança.
Não apenas os vilões, as divindades são, literalmente,
fantásticas. A que mais me chamou atenção foi a descrita em ‘A Torre do
Elefante’, onde o autor usa elementos inesperados, principalmente pela idade da
obra.
Com cenários bem descritos e cenas de “tiro, porrada e bomba” de tirar o
fôlego, são aventuras incríveis, as quais merecem ser conhecidas.
Porém, todavia, entretanto, não posso deixar passar certas
coisas que me incomodaram bastante. Primeiro que TODAS as personagens femininas
me deram nos nervos.
Sempre retratadas seminuas e frágeis até o talo, só sabiam
gritar e desmaiar com o vento, esperando Conan vir salvar a pátria.
Isso sem contar que sempre tinha um clima de “felizes para
sempre”, como se fossem contos de fadas e tudo se resolvesse num estalar de
dedos.
Mas não tinha nada na cena que desse a entender que a resolução era
cabível, foi apenas encaixada ali porque o herói tinha que ser herói.
“Poetas sempre odeiam quem está no poder. Para eles, a perfeição está na próxima esquina, ou na seguinte.”
Além disso, o autor parecia gostar bastante de bater na tecla
de como as pessoas civilizadas são as verdadeiras selvagens.
No fundo, eu
concordo que as pessoas são, na verdade, hipócritas e fazem um monte de coisa
ruim e errada, em nome da “paz mundial”.
A única diferença entre eles e os selvagens é que os últimos
são mais sinceros, já que fazem o que fazem sem disfarçar.
Porém, o autor fala
tanto sobre isso, que fica forçado, dando a entender que o mundo deveria ser
como o Texas da época dele, pelo visto.
Fiquei profundamente incomodada e quase
abandonei a leitura diversas vezes.
“Homens civilizados são menos corteses do que os selvagens, porque sabem que, de modo geral, podem ser mal-educados sem que seus crânios sejam rachados.”
Depois, são escancaradas as cenas de preconceito, racismo e
misoginia em TODOS os contos. Se fosse num livro escrito hoje, certamente não
passaria nem da porta da editora (ou talvez passasse, só para hypar).
Vindo de
um livro antigo, tentei relevar ao ver pela primeira vez. Mas percebi que são
elementos que o autor gostava de repetir, como se fossem receitinhas de bolo, e
comecei a me incomodar e a revirar os olhos a toda cena já previsível.
Lendo depois a história do autor, vi que ele era um típico
texano dos anos 1920, então era um comportamento perfeitamente aceitável para a
época dele, em especial onde morava.
Ao saber disso, fiquei muito feliz por ter
nascido décadas depois.
Do contrário, era provável de eu ser a primeira mulher
desafiada a um duelo em nome da honra, pois faria questão de dar uns
catiripapos na cara desse infeliz, para ele ver o que mulheres são capazes de
fazer de verdade se estivessem numa situação como a dos contos dele.
Ainda na vibe das receitinhas de bolo, percebi
que ele não tinha muita criatividade para caracterizar os personagens.
Tudo se resumia a “mandar fulano para o Inferno” ou algo
“era obra de demônios”. Perdi as contas de quantas vezes esses termos passaram
nos mesmos contos.
E agora entendi o motivo de incentivarem tanto a quem
escreve a recorrer ao dicionário. Esqueceram de ensinar isso para ele, pelo
visto.
A parte final do livro tem os
“Extras” com uns pontos que achei interessantes, como a origem da Era
Hiboriana, onde são ambientadas as aventuras do protagonista.
Como a ideia é
construir um mundo, ele só faz sentido se tiver uma história, e o autor pensou
em cada detalhe, o que rendeu uns pontos.
Se for olhar por esses detalhes, as aventuras propriamente
ditas e a importância que elas tem, como um marco num de meus gêneros
literários favoritos, ‘Conan – O Bárbaro’ é um livro espetacular.
Como li a
versão digital, posso falar que ela está bem feitinha, com uma revisão decente.
Porém, as cenas de machismo, preconceito puro e escarrado e
afins não puderam ser perdoadas. Especialmente por ter me sentido ofendida como
mulher em diversos momentos.
Por isso, não darei nota máxima dessa vez.
Ainda
assim recomendo, só pelo valor histórico. Mas leia sabendo que vai ter que ter
estômago forte e respirar fundo antes de virar as páginas, além de passar uns
momentos de raiva.
Já tinham lido algo do personagem? E o filme, conhecem? Me contem aí!
Obs. Texto revisado por Emerson Silva
Caramba, eu não sabia que Espada e Feitiçaria é um subgênero da fantasia.
ResponderExcluirAchei diferente!
O livro parece ser bem legal pra quem curte esse estilo de leitura, muito bom! :)
https://www.heyimwiththeband.com.br/
Sim, eu também não sabia desse subgênero e achei interessante. =)
ExcluirQue bom que gostou do posto. =)
Olá, Hanna, tudo bem?
ResponderExcluirEu nunca tinha visto que Espadas e feitiçaria era um subgênero de fantasia, não fazia ideia disso, gostei dessa curiosidade. Vivendo e aprendendo kkkk
A obra parece interessante, mas esses pontos que você destacou também me deixariam incomodada, não sou muito fã de generalização, como isso das personagens femininas serem todas fracas, por exemplo. E expressões também, quando repete demais já acho que perde a graça.
Adorei a resenha e a sinceridade dela.
Beijos,
Dear Masen
Que bom que gostou da resenha =)
ExcluirPois é, eu tento relevar pq é uma obra antiga, mas incomoda bastante isso.
Olá!
ResponderExcluirDeu para ver que gostou do livro e que o gênero é um que você gosta. Também amei ver as ressalvas e alguns pontos dos livros, não sei se vou ler mas sei que amei a sua resenha. Parabéns!!
Beijos.
https://www.parafraseandocomvanessa.com.br/
Obrigada Vanessa =)
ExcluirOi, Hanna! Como vai? Tenho curiosidade em ler este clássico, me parece ser muito agradável de ser desbravado. Que bom que você gostou. Abraço!
ResponderExcluirhttps://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/
Se ler, me conta o que achou depois?
ExcluirOie, tudo bem
ResponderExcluirAinda não conhecia, e também não é muito meu estilo de leitura preferido, mas curti bastante sua resenha
Blog Entrelinhas
Que bom que gostou da resenha. ^^
ExcluirOi, Hana. Tudo bem?
ResponderExcluirEu lia Conan quando era mais nova, mas faz um bom tempo que não entro de cabeça para ler. Lembro que gostava muito das aventuras e sobre a parte que criticou não lembro muito, mas irei reler em algum momento. De fato, as aventuras são a melhor parte.
Beijos, Vanessa
Leia Pop
Sim, as aventuras são fantásticas, literalmente, haha.
ExcluirOlá, Hanna.
ResponderExcluirEu não sabia sobre esse subgênero ainda. Eu li alguns quadrinhos com o personagem quando eu era criança porque meu irmão era fã. mas pouco lembro das histórias. E acho que hoje em dia ele não me chama a atenção. Se tem uma coisa que gosto muito no seu blog é a diversidade nos gêneros. Parabéns!
Prefácio