Olá meu povo, como estamos? Hoje trago a resenha de ‘Quando
ninguém está olhando’, um thriller psicológico, escrito pela autora premiada
Alyssa Cole.
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Livro: Quando ninguém está olhando
Autora: Alyssa Cole
Editora: Intrínseca
Ano: 2021
Páginas: 400
Sydney Green nasceu e foi criada no Brooklyn, em Nova York, mas cada vez que ela pisca os olhos seu amado bairro parece mudar. Condomínios se espalham como erva daninha, placas de “vende-se” surgem da noite para o dia e os vizinhos que ela conheceu a vida toda estão sumindo. Para manter de pé tanto o passado quanto o presente da comunidade, Sydney decide canalizar sua frustração planejando um passeio guiado em que pretende contar a verdadeira história do local. Só que, para tornar o projeto realidade, vai precisar aturar seu novo vizinho, Theo, como assistente. A pesquisa dos dois, entretanto, logo se transforma. O que era apenas uma distração vira uma história de paranoia e medo. No fim das contas, talvez os vizinhos não tenham se mudado para outros bairros e a revitalização do lugar seja mais mortal do que eles imaginaram. Seriam apenas coincidências ou sinais de uma grande conspiração? Sydney pode confiar em Theo, ou ela também corre o risco de desaparecer? ‘Quando ninguém está olhando’ nos conduz por um enredo hipnotizante e surpreendente, que aborda com perspicácia a violência racial e as assimetrias sociais, em uma sequência de eventos instigantes que aos poucos dão forma a um cenário de completo horror.
Sidney Green morou a vida toda em Gifford Place. No entanto,
o local que deveria guardar as lembranças mais nostálgicas está com os dias
contados.
Depois do anúncio da chegada da VerenTech, uma farmacêutica de alta
tecnologia, o bairro valorizou e seus velhos vizinhos estão se mudando da noite
para o dia.
A moça está cada vez mais solitária, principalmente quando
conhece os novos vizinhos, pessoas para lá de esquisitas.
Como uma válvula de
escape, ela decide criar um passeio sobre a verdadeira história do bairro,
aparentemente esquecida.
Porém, o que parecia ser apenas um programa turístico
inocente esbarra em segredos que todo teórico da conspiração iria pirar.
Junto
a Theo, o único dos novos vizinhos em quem confia, Sidney e os poucos amigos
ainda residentes no bairro vão ver que a mente pode ser nossa pior inimiga...
ou melhor amiga, dependendo de como você interpreta.
"Do outro lado da rua, televisões piscam em várias janelas, como um tabuleiro de luzes azuis, e, a distancia, ecoa uma sirene de polícia."
‘Quando ninguém está olhando’ é um lançamento do segundo
semestre de 2021. Apesar de ser um gênero confortável para mim, esse livro não
estaria no meu radar se não fosse o clube Lendo com os Morcegos.
Chegando de paraquedas, tanto no livro, quanto nas obras da
autora, não sabia o que esperar. Vi algumas opiniões bem conflitantes no Skoob
e fiquei desconfiada.
Mas como desafio dado é desafio cumprido, li até o final.
A trama é narrada em primeira pessoa, ora contada pela visão
de Sidney, ora pela de Theo. Ela sofre por ver todas as suas recordações se
perderem em nome do progresso.
E as coisas só pioram quando se dá conta de que
logo será a única negra morando lá, pois todos os novos moradores da comunidade
são exclusivamente brancos.
Vendo como a história dos negros está sendo apagada da
memória, até dos antigos moradores que ainda vivem por lá, Sidney decide criar
um passeio temático pelo bairro, contando a verdadeira história do povo
fundador.
Mas sozinha ela não pode fazer muita coisa. A única pessoa
que parece estar disposta a lhe ajudar nas pesquisas é Theo, um dos novos
vizinhos brancos, instalado há poucos meses na casa da frente.
O rapaz é o típico branco privilegiado. Vive com a namorada
Kim, uma loira belíssima e de olhos claros, e são o modelo perfeito de
comercial de margarina.
"Eu já me envolvi em coisas bizarras, mas isso aqui está um pouco além."
Sidney demora um pouco para ceder à proposta de ajuda do
vizinho, mas juntos acabam fazendo um ótimo trabalho histórico.
O problema é
que as pesquisas levam a fatos inesperados, obscuros e assustadores até demais
para ser verdade.
E essa dúvida constante sobre o que era delírio ou não
prometia um suspense de tirar o fôlego, mas só recebi um romance bem lento
mesmo.
Isso não seria ruim, se tivessem vendido o livro com o que ele realmente
entrega.
A parte das pesquisas é bem interessante, pois leva a fatos
históricos curiosos sobre o país. Isso rende muitos momentos de reflexão sobre
a segregação racial e o quanto nada mudou com o passar dos anos.
Mas boa parte do livro parece um disco arranhado, onde os
protagonistas sofrem por um passado que teriam superado, se tivessem um pouco
de amor próprio e feito sessões de terapia. O clima de “meu mundo caiu” é tão
presente, que só deixou o livro mais denso e lento sem necessidade.
Teria perdoado se as informações realmente tivessem algo a
ver com a trama. Mas pareciam nitidamente estarem ali para encher linguiça, o
que me decepcionou logo de cara.
Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna |
Os personagens poderiam ter seus fantasmas, a
questão nem era essa. Porém, se fossem resumidos a menos páginas, daria mais
emoção e teria espaço para o suspense, que era o mais importante.
Não consegui me conectar com ninguém, pois criei até ranço
dessa dupla em vários momentos. Já estava na cara que ninguém ali era santo,
mas esse povo é nojento e passa de todos os limites da sanidade! Quanto mais eu
lia, mais ficava com raiva de todo mundo.
"Quando você já foi o algo ruim, fica bem fácil identificar a calma que vem antes da tempestade."
O suspense prometido aparece do
nada, literalmente num virar de páginas. O livro que era lento demais fica
super rápido aos 45 do segundo tempo, para mostrar o serviço em débito nas 300
páginas anteriores.
Neste momento, tive a sensação de ler dois livros
diferentes, encaixados de última hora para cumprir prazos.
Todas as informações
que faltavam foram praticamente cuspidas de uma única vez, deixando várias
pontas soltas e um final sem sentido.
Vindo de um volume único, foi
decepcionante, pois não terei as respostas esperadas no livro inteiro.
Apesar da decepção, não foi uma leitura de todo ruim. O livro
aborda assuntos muito atuais e necessários hoje em dia, especialmente contados
pelo ponto de vista de uma mulher negra, que tem conhecimento de causa do que
passa todos os dias.
"É chocante perceber isso, mas para ser justo, passei a maior parte da vida sendo obrigado a classificar pessoas rapidamente como ameaças ou... algo mais. Não sobra muito tempo para pensar a respeito do seu passado, seus sentimentos, ou qualquer outra coisa."
Porém teriam sido melhor aproveitados se fossem colocados
dentro de um contexto e não jogados ao vento. O que é uma pena, pois a premissa
do livro era muito boa.
Falando sobre o livro em si, gostei bastante da capa,
mostrando o prédio onde Sidney mora. Tem um contraste de cores fortes, que
chamam bastante atenção.
Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna |
A revisão está bem feita, fonte legível e uma
diagramação simples, favorecendo uma boa leitura.
Infelizmente ele não vai levar nota boa, pois não funcionou
como eu gostaria. Mas se o seu gosto literário abrange uma leitura mais lenta e
densa, recomendo o livro.
Vai que você tenha uma experiência melhor que a
minha, não é?
Olá, Hanna.
ResponderExcluirEu fiquei bem interessada nesse livro quando lançou. Mas dai quando começou a sair as resenhas e meio que desanimei de ler. E sua opinião só veio reafirmar isso. Odeio quando fazem isso, vendem uma coisa e a gente encontra outra.
Prefácio
Te entendo perfeitamente. Seria muito melhor se tivessem anunciado o que ele realmente é.
ExcluirOlá, Hanna. Tudo bem? Eu nunca tive a experiência de ler um thriller psicólogo. Uma pena que esse não tenha funcionado como você gostaria. Mas, que ótimo ter simples diagramação, fonte legível e revisão bem feita. Curti conhecer mais desse livro de uma autora premiada.
ResponderExcluirPoxa, tinha tudo pra ser um baita libro. Pena que o desenvolvimiento dele seja insatisfactorio. Fiquei curiosa clm o Suspense.em si e com a questão da segregación, como ela foi trabajada na trama...
ResponderExcluirNão sei se voy ler...quem sabe em algum outro momento...
Tschuss
Oi Hanna
ResponderExcluirQuando leio que é um thriller psicológico, o coração chega a acelerar. Meu gênero de leitura preferido!!!
Mas, ao longo da resenha, deu pra perceber que não é definitivamente o tipo de livro que eu daria conta. Tenho preguiça de tramas lentas e repetitivas. E dificilmente eu leria rápido essa obra. Já percebi que seria daquelas que me arrasto pra terminar, e que termino pelo orgulho ferido de não desistir. hahahaha
Eu nunca li nada da autora, mas sei da importância do trabalho dela como uma mulher preta inserida na literatura!!!
Sobre Clube dos Livros, eu amo. Eu faço parte de alguns... e leitura coletiva é praticamente um vício!
Beijocas