A sétima cela | Kerry Drewery

em 29 novembro 2020

   Olá meu povo, como estamos? Hoje eu trago a resenha de uma das leituras mais surpreendentes desse ano: A sétima cela, o primeiro volume da trilogia A cela, escrito por Kerry Drewery. 

A sétima cela | Kerry Drewery
Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna


39/12

Livro: A sétima cela

Autora: Kerry Drewery

Editora: Astral Cultural

Ano: 2016

Páginas: 316


Martha Honeydew é a primeira adolescente a ser presa e condenada no novo sistema de justiça da Inglaterra. A polícia a encontrou ao lado do corpo de Jackson Paige, filantropo, milionário e uma das celebridades mais queridas do país.
Nesse novo sistema de justiça, o condenado tem sete dias - cada dia em uma cela diferente - para ter seu destino determinado pelos votos dos telespectadores. Se a audiência do programa de TV "Morte é Justiça" decidir pela inocência do preso, ele será solto. Caso contrário, será morto na cadeira elétrica. Porém, algumas peças não se encaixam na história que Martha conta para a justiça. Ela se declara culpada, mas há algo por trás da cena do crime que os telespectadores ainda não sabem.
Com a ajuda da consultora psicológica, Eve Stanton, de um juiz do antigo sistema jurídico, Cícero, e do seu grande amor, os sete dias que precedem sua execução serão de muita intensidade, sofrimento, descobertas inesperadas e reviravoltas de perder o fôlego.
Quem é, de verdade, Jackson Paige? Martha Honeydew é realmente culpada? Será que esse sistema jurídico é justo?
Nesta distopia eletrizante, todas essas questões nos fazem refletir sobre o poder do dinheiro que, muitas vezes, prevalece sobre a justiça. E Martha, uma adolescente forte e destemida, mostra sua crença em uma sociedade verdadeiramente justa, na força da amizade e do amor. Mesmo que isso possa significar sua própria vida.



A sétima cela | Kerry Drewery

 

  Você já se pegou reclamando em algum momento que a justiça é cega, é lenta, ou não faz de fato justiça para quem merece? 
   Imagine então um futuro onde não são necessários tribunais, promotores, juízes, nem advogados. 
   É esse o futuro onde vive nossa protagonista, Martha Honeydew. Um mundo que não necessita de justiça, mas que ainda tem crimes acontecendo. 
   Porém, eles são resolvidos de maneira mais democrática, mais justa, mais rápida e sem burocracias... Mas o que era para ser algo sério acabou se tornando o programa de entretenimento de toda uma população. 
  Isso por que o velho ditado do "olho por olho, dente por dente" veio à tona e virou até nome de uma empresa, que tem o objetivo de "levar a justiça para que seja mantida pelas mãos do povo". 
  Mas o que ninguém reconhece é que julgar se alguém é culpado ou inocente acabou virando mais um reality show, onde os acusados são filmados 24h por dia, passando cada dia numa cela diferente e, no sétimo dia, depois do resultado da votação, o povo decide se ele vai ser libertado... ou morto num verdadeiro espetáculo, digno de imperadores romanos. 
  E Martha vai descobrir como é passar por isso de dentro das celas, já que ela é acusada de matar Jackson Paige. 
 Vindo de baixo, vivendo nos Arranha-Céus, Jackson Paige foi trilhando seus caminhos e começando do zero, construiu um verdadeiro império, que o deixou famoso e querido por todos.  
  Então, o que levaria Martha a matá-lo? Quem era Martha Honeydew na fila do pão afinal? 
  Já começamos sendo apresentados a esse cenário que é transmitido pela Olho por Olho Produções. 
  Uma adolescente sem escrúpulos, que matou um herói do povo. Qual é o seu voto: inocente? Culpada? 
  Assista o Morte é Justiça, programa da Olho por Olho Produções, pague a taxa para votar e aguarde o sétimo dia para descobrir.  



  Eu fiquei curiosa para ler esse livro, depois que li uma resenha a respeito e recebi uma parte dele como cortesia no aplicativo Skeelo. 
  Como gosto mais de ler livros no Kindle, acabei baixando um arquivo completo do livro para ler agora em novembro. 
  E, meu povo... que livro! Eu sou suspeita para falar, pois sou fã de distopias, mas esse foi um dos livros mais surpreendentes de 2020. 
  Eu não conhecia a escrita de Kerry Drewery, mas já curti a primeira impressão. É uma linguagem bem fluida e sem rodeios, que te leva onde interessa e não economiza nas emoções. 
  Com revelações atrás de revelações, somos apresentados a um futuro que muitos desejam: mais justo para todos. 

"O que eu esperava? Isso aqui é uma prisão, diabos? É o corredor da morte. Não vai ser um lugar legal, não é mesmo?"


  O problema foi como essa "justiça" foi colocada na mão do povo. De uma forma mais moderna e tecnológica, somos apresentados a um cenário que se encaixaria facilmente no Império Romano, onde a justiça se resolvia mandando soldados e presos de guerra para lutar no Coliseu, mandando eles para a morte. Se sobrevivessem, eram inocentes, se morressem, era porque não prestavam mesmo... 
  Nesse cenário mais futurístico, o Coliseu deu lugar a celas com janelas cada vez menores, e cercada de câmeras, pelas quais o povo poderia acompanhar 24h por dia a rotina dos acusados (se é que passar o dia encarcerado é ter uma rotina), se pagar o pay per view.  
  O Morte é Justiça é o programa responsável por contar os bastidores dos crimes, conhecer quem foram as vítimas e oferecer as formas de votação para o povo, que podem ser de várias maneiras, se você tiver como pagar. 


"Eles não querem saber a verdade. Simplesmente acreditam no que dizem para elas acreditarem. 'Melhor deixar outra pessoa pensar por nós. Vamos simplesmente seguir a multidão', dizem. 'Não importa se vocês inventam essas coisas, desde que pareça ser um escândalo'. São todas ovelhas."


  Cada acusado tem sete dias para "ser julgado" pelos votos do povo e, sendo inocente, vai para casa e se torna esquecido. Mas se for condenado, seu sétimo dia nas celas é o maior show de todos.      

  O livro é dividido em sete partes, representando cada dia que Martha passa no corredor da morte. Ela é um espetáculo a parte, já que é a primeira adolescente levada a cometer um assassinato. 
  Isso por si só já seria de chamar atenção, mas sua situação se agravou quando a vítima em questão é Jackson Paige, só o cara mais rico do pedaço, que o povo ama. 
  Dentro de cada parte, temos capítulos, os quais se passam pelo ponto de vista de alguns personagens importantes, como a Eve Stanton, a psicóloga de Martha, Isaac Paige, o filho da vítima e da própria Martha. 
  Os pontos de vista de Eve e Isaac, assim como as partes do Morte é Justiça nos são narrados em terceira pessoa, enquanto a parte de Martha nos é narrada pela própria. 
  Eu achei confuso no início, mas depois achei interessante ter essas mudanças, pois temos uma visão de fora, vendo tudo o que está acontecendo enquanto Martha está sendo julgada pelo povo. 
  Mas temos também uma situação pelo ponto de vista da acusada, que também está tentando entender muita coisa ali.  
  Não foi difícil simpatizar com Martha. Ela pode ser uma adolescente, mas é bem madura para a idade dela. 


A sétima cela | Kerry Drewery
Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna


  Ela já passou por muita coisa nessa vida, conforme vamos conhecendo pela sua narrativa, e vemos o quanto ela teve que amadurecer cedo para não ser derrotada pelas surras da vida. 
  Martha sabe exatamente o motivo de estar ali presa e nem por isso se faz de vítima da sociedade. Pelo contrário, Martha é humana, tem seus defeitos, mas não fica se martirizando. 
  Não apenas ela, mas os personagens secundários são fantásticos. Todos são muito bem trabalhados todos os núcleos ficaram fenomenais. 
  Eles aparecem como quem não queria nada, mas quando você vê já está apaixonadx por todos eles. 
  Eve Stanton, psicóloga da Martha, foi de quem eu mais gostei. Assim como Cícero, ela veio de uma época em que as coisas não se resolviam pela TV, mas indo a consultórios e tribunais. 
  Ela tem um filho Max, com quem tem uma relação muito boa e bem construída ao longo do livro. Achei bem legal ver que ainda existem sentimentos em tempos de tanta tecnologia. 
  Não apenas com Max, mas Eve também consegue ter uma relação bem legal com Martha, o que mostra que ela é uma profissional de verdade.  
  Cícero é um juiz do antigo sistema judiciário, que não conseguiu se manter em sua profissão depois da tecnologia e do Morte é Justiça. 
  É sempre retratado como o velho que não quer se aposentar e é sempre motivo de chacota no programa. 
  Mas nem por isso ele deixa de lutar pelo que acha que é certo. E vemos nele uma pessoa sábia e justa, que deve ter sido um ótimo juiz em seus tempos de glória.   
  Isaac Paige também não fica atrás. É um rapaz jovem, mas bem maduro e sensato, mesmo que sua criação tenha sido digna de o transformas num príncipe mimado e frio. 
  Aos poucos, cada personagem vai nos ajudando a entender quem são realmente Martha Honeydew e Jackson Paige... a vilã malvada e a vítima inocente...  


"[...] É como se tivessem empurrado uma bola pela encosta de um morro para ver o que aconteceria, mas agora não consegue fazê-la parar."

 Quem decidiu isso? Será que o mundo é realmente mais justo depois do Morte é Justiça? Ou será que a sociedade só ficou mais doente quando assumiu uma responsabilidade que não deveria ser dela? 
 De uma forma espetacular, os desdobramentos dessa história vão acontecendo e te surpreendendo cada vez mais. 
 Quando você pensa que nada mais pode acontecer, a autora chega e te faz de trouxa total. Não apenas a trama em si, mas vários são as críticas à sociedade como um todo, seja ela a do nosso presente ou essa do futuro. 


A sétima cela | Kerry Drewery
Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna


  É um livro genial e que já quero saber como continua. Se o primeiro foi assim maravilhoso, espero que o segundo se mantenha. 
  Falando sobre o livro em si, a capa dele traz um olho azul atrás de grades, que é exatamente o símbolo da Olho por Olho Produções. 
  O olho está em fundo preto, o que rende um quê de sombrio e mistério a essa sociedade que nos é apresentada. 
  A revisão está de boa, embora tenham passado alguns errinhos aqui e ali, mas nada que seja grave ao ponto de atrapalhar a leitura. 
  Por fim, super recomendo a leitura, ainda mais se você curte livros em série e de distopia. 





  Quem quiser comprar o livro, ele está disponível através do link abaixo, tanto em versão digital, quanto física:





  E aí, o que acharam do livro? Já conheciam essa trilogia? Me contem aí! 






23 comentários:

  1. Ei, Hanna. O livro parece bem interessante mesmo, quer dizer, a premissa é muito diferente, nunca vi nada assim. E eu já fiquei curiosa a respeito porque a trama parece ter um tom investigativo. Mas a coisa do julgamento é doida, e eu vou dar uma conferida no livro, beijo.


    Books House

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    1. Realmente eu também nunca tinha visto um livro com essa premissa, me conquistou pela originalidade... rs Recomendo a leitura.

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  2. OI Hanna, conforme você foi descrevendo o livro e dando o seu ponto de vista eu fui ficando mais e mais curiosa com a leitura. Já fiquei com vontade de ler essa trilogia já que você classificou o primeiro livro como genial. Vou incluir na minha lista de livros que eu quero ler.
    beijos
    Chris
    Inventando com a Mamãe / Instagram  / Facebook / Pinterest


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  3. Me passou uma vibe bem Black Mirror pra falar a verdade e nem sei porquê, mas já amei! Tanto livro na lista pra ler, mas lá vai mais um, já que amo uma boa distopia!

    Blog Tagarelando Livros

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    1. Eu não tinha pensado nisso, mas de fato tem essa uma vibe bem Black Mirror... kkk

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  4. Oi, Hanna. Tudo bem?
    Esse livro me deu a vibe de Black Mirror misturado com aquela série brasileira Supermax e eu amei cada detalhe dele. Não conhecia e já entrou para minha lista.

    Beijos, Vanessa
    Leia Pop

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    1. Eu não conheço Supermax, mas realmente se parece bastante com Black Mirror.

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  5. Oi, Hanna. Como vai? Eu adoro distopias, não conhecia este livro e já fiquei tentado a conhecê-lo. Que bom que curtiu a leitura. Ótima resenha. Abraço!


    https://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/

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  6. Esse livro parece mesmo incrível, Hanna! Sua resenha me deixou mega curiosa com essa obra!

    Beijo.
    Cores do Vício

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  7. Oie, tudo bem?
    Parece ser bem interessante, curti a dica!
    Blog Entrelinhas

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  8. Eu adoro me empolgar com a leitura assim. Esse livro ainda não conhecia, espero que o próximo seja tão bom quanto esse <3

    Abraço

    Imersão Literária

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  9. Olá, Hanna.
    Como assim eu não conhecia esse livro ainda. A premissa dele é muito interessante e já fiquei aqui morrendo de vontade de ler. Não lembro de ter visto nenhuma resenha dele em outros blogs. Vou procurar para ler com certeza.

    Prefácio

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    1. Ele é meio esquecido mesmo. Achei muito por acaso e me surpreendi pela propaganda dele não ter sido mais alavancada...

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  10. Gente, que livro diferente... eu to como todo mundo aí em cima, me questionando como ainda não tinha ouvido falar dele. Nossa, vou já atrás de mais informações
    Beijos
    Balaio de Babados

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    1. hahahhaaha
      Eu também me questionei quando o encontrei... bem vinda ao clube! kkk

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  11. Oi
    eu já li resenhas positivas dessa história, a premissa chama muita atenção, deixar a justiça na mão do povo não da muito certo não, ainda mais por ser muitas opiniões diversas e a população não costuma julgar de forma certa, é só dar uma olhada nos comentários de algumas noticias.
    Parece ser uma boa leitura, mas se eu ler provavelmente ficaria revoltada com alguma situações.

    http://momentocrivelli.blogspot.com/

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    1. De fato é uma leitura para mexer com nosso psicológico, recomendo bastante, viu?

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  12. Não conhecia ainda e parece ser muito bom, deu muita vontade de ler.

    Beijos/Kisses.



    Anete Oliveira

    Blog Coisitas e Coisinhas

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