Olá meu povo, como estamos? Hoje temos resenha
de ‘O Segredo de Rose Gold’, um thriller
que li recentemente junto ao clube do MorcegosLiterários.
Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna |
OBS.: Pode conter gatilhos de maus tratos
infantis
34/60
Livro: O Segredo de Rose Gold
Autora: Stephanie Wrobel
Tradução: Ryta Vinagre
Editora: Verus
Ano: 2020
Páginas: 334
As mães nunca esquecem. As filhas nunca perdoam. Em ‘O segredo de Rose Gold’, por dezoito anos, Rose Gold Watts acreditou estar seriamente doente. Era alérgica a tudo e vivia em hospitais. Chegou a pensar que precisasse mesmo da sonda gástrica, das cirurgias, da cadeira de rodas. Os vizinhos faziam o possível para ajudar, mas, não importava por quantos médicos a menina passasse, quantos exames ou cirurgias realizasse, ninguém sabia o que havia de errado com ela. Acontece que a mãe dela, Patty Watts, é uma ótima mentirosa. E, após cinco anos na prisão, ela está finalmente livre. Tudo o que Patty quer é deixar as mágoas para trás, fazer as pazes com a filha - que testemunhou contra ela - e cuidar do neto. Assim, quando Rose Gold concorda que Patty vá morar com ela, parece que o relacionamento entre mãe e filha está, de fato, caminhando para a reconciliação. Mas Rose Gold conhece a mãe. Patty sempre acerta suas contas. Só que, infelizmente para ela, Rose Gold não é mais sua filhinha querida... e estava apenas aguardando que a mãe voltasse para casa.
Rose Gold foi uma criança muito doente. Vivia em
hospitais fazendo inúmeros exames, porém nunca descobria o motivo de estar tão
debilitada. Sua mãe, Patt Watts, era a única que entendia os seus sintomas e
fazia de tudo para tentar salvar a garotinha, nem que isso custasse todo seu
tempo e dinheiro.
Capaz até de largar o emprego para cuidar da
filha em tempo integral, a mulher era vista como uma grande heroína por toda a
vizinhança. Contudo, olhando de perto, as coisas eram bem diferentes.
Após 18 anos sendo cuidada pela mãe, o caso foi
à justiça, onde Rose Gold acusou Patt de ser uma grande mentirosa e golpista. O
caso ganhou todos os holofotes na época e sua mãe foi sentenciada à prisão.
Agora, depois de cumprir sua pena, a mulher está
de volta à sociedade e disposta a certar as contas com a responsável pela sua
condenação. No entanto, Rose não é mais uma criança ingênua e aprendeu muito
bem a ser tão mentirosa quanto sua progenitora. Resta saber quem vai rir por
último nessa disputa de egos e vingança.
“Mate esta charada para mim: Se passei duas décadas maltratando minha filha, por que ela se ofereceu para vir me buscar hoje?”
Eu não conhecia esse livro até ser sorteado no
‘Clube Lendo com Os Morcegos’, para a leitura de junho. Porém, lendo a sinopse,
me interessei e peguei no catálogo do Kindle
Unlimited.
A trama é narrada em primeira pessoa e de forma
não-linear, com capítulos alternados. Assim, temos ora a visão de Patt, ora de
Rose Gold. Olhando de longe, as duas são bastante unidas. A primeira é mãe
solteira e sempre fez todo o possível para cuidar de sua bebê, mesmo que
parecesse absurdo aos olhos de externos.
O tempo todo ela argumentava que estava
preocupada e só queria o melhor para sua criança. Além disso, sua formação em
enfermagem e sua lábia afiada abriam qualquer porta que desejasse, submetendo
Rose a tantos procedimentos que talvez nem um adulto suportaria.
“Como alguém que só fazia parte da sociedade recentemente, eu agora podia confirmar que ela não era tão legal como diziam. As pessoas eram cansativas.”
Entretanto, apesar de Patt se portar como uma
mãe protetora e zelosa – o que faz questão de tentar convencer o leitor a cada
capítulo – ela podia enganar todos a sua volta, mas eu estava começando a ficar
desconfiada de que havia algo mais em todo esse cuidado. Isso se torna mais
palpável conforme vemos os fatos pelo lado de Rose Gold.
A filha, por sua vez, é uma jovem que não teve
uma infância convencional. A cada passo que dava em direção a uma vida saudável
e convivendo com outras crianças de sua idade, sua suposta doença a fazia dar
uns três para trás e se recolher cada vez mais à solidão. Sua situação não
ficava melhor quando sofria bullying
na escola, devido à sua condição física, a qual ficava mais debilitada dia após
dia.
Contudo, depois de tomar ciência de alguns
fatos, a jovem passou a ficar desconfiada da mãe e de sua própria doença. Suas
suspeitas tomaram forma conforme as pessoas tomavam conhecimento do
comportamento de Patt, o que culminou no julgamento e prisão de sua mãe.
“É isso que distingue as pessoas sãs daquelas insanas: saber que a loucura é uma alternativa, mas preferir rejeitá-la.”
Assim, Rose Gold teve seus tempos de paz e
tranquilidade, voltando a ter uma vida digna. Agora, anos depois, o destino das
duas vai se cruzar novamente. Eis que a mais velha cumpriu sua pena com
dignidade. Agora está pronta para voltar ao convívio com a sociedade. Algo pelo
qual sua filha espera ansiosa.
Olhando de fora, parece até um drama familiar,
com dores do passado e reconciliação. Mas a trama passa bem longe disso,
provando o quanto o ser humano pode ultrapassar os limites de ser desprezível
sempre que tem oportunidade. Embora seja a grande vítima perante o júri, Rose
Gold é uma jovem amargurada e sem sentimentos.
Juro que tentei entender a trajetória dela após
passar tanto tempo de tortura psicológica dentro de casa e sendo levada a
acreditar que era algo que nunca foi. O choque de realidade foi demais para a
garota, especialmente depois da repercussão que o caso tomou.
“Em todos esses anos, eu disse às pessoas que ela era doente. No fim das contas, olha só quem tinha razão.”
Ao longo da leitura, é nítido o quanto Rose Gold
teve todas as chances de se fortalecer e criar seu próprio castelo, provando
que poderia ser uma pessoa melhor e o completo oposto da mãe.
Contudo, agiu da
mesma forma e só se isolou mais ainda do mundo, ficando mais rancorosa,
amargurada e vingativa, descontando sua raiva em quem não merecia.
Sinceramente, aqui deixei de ver uma vítima e passei a enxergar um projeto de
sociopata sem escrúpulos ou remorso.
“Mas as pessoas não ficam animadas com histórias de perdão. Elas querem ver as pontes queimando. Querem dramas que façam suas vidas parecerem normais. Eu começava a entender isso.”
Patt, por sua vez, parece sofrer da síndrome de
Munchäusen e precisa de intervenção psiquiátrica com urgência. Mas nem mesmo os
colegas com quem trabalhava e convivia no hospital pareceram perceber isso.
Sem ter quem a impedisse, a ideia de que Rose
estava cada dia mais doente se enraizou tão profundamente na cabeça da mulher,
que ela mesma passou a acreditar nisso e não tinha quem lhe provasse o
contrário.
Assim, ver a própria filha ir ao banco das testemunhas e a pintar
como uma vilã foi demais para sua cabeça e Patt entrou em parafuso, também lhe
deixando rancorosa e cheia de contas para acertar com juros no futuro.
Porém, com o passar do tempo, Rose também teve
suas próprias experiências e não era mais a mocinha ingênua que Patt deixou
para trás. Desse modo, se inicia uma verdadeira disputa para ver quem é a mente
mais brilhante, que vencerá e dará a melhor risada por último.
A escrita da autora é fluida e direta, o que
mantém o leitor imerso o tempo todo na leitura. Em conjunto com capítulos
curtos e ágeis, eu estava ávida por respostas e queria saber o que uma iria
aprontar com a outra. Entretanto, não mudou o fato de que eu não conseguia ler
tão rápido como desejava.
Não importava por qual ângulo eu visse a
narrativa, me dava nojo e ranço das atitudes tanto da mãe quanto da filha.
Ambas tiveram chance de serem pessoas melhores, lidarem com as feridas do
passado e partirem até para a terapia em grupo. Mas ignoraram as oportunidades
e preferiram guerrear entre si, como se apenas uma vitória estúpida (que o
mundo nem iria saber, aliás) importasse.
“O milagre da vida é muito menos interessante quando é o milagre dos outros.”
Além disso, se o jogo de xadrez fosse apenas
entre as duas, eu até entendia. Mas fiquei bastante incomodada por ver como
ambas manipulavam qualquer pessoa ao seu redor, a fim de manterem suas
estratégias. Todo mundo era feito de bobo quando a dupla entrava em cena, pois
ninguém sabia qual era a verdade escondida em tantas mentiras.
Apesar da premissa forte e interessante, eu
acabei matando umas charadas antes mesmo do clímax. O que não foi ruim, pois a
autora manteve o clima denso e terminou de amarrar umas pontas de maneira
digna, dando todas as explicações necessárias.
Contudo, não foi nada inovador,
seguindo apenas uma receitinha de bolo já comum em diversos clássicos e
suspense. Dessa forma, foi uma boa leitura, mas que não repetiria.
Falando sobre o livro em si, li em versão
digital. Então, posso falar que a revisão está bem feita, assim como a
diagramação. A capa é simples, mas misteriosa, o que condiz com o título e faz
jus à trama posteriormente.
E aí, já leram esse livro, ou algum outro da autora? Curtem leituras que seguem receitinha de bolo e tem respostas já previsíveis? Me contem nos comentários.
Obs.: Texto revisado por Emerson Silva
Hummm... se você já matou as charadas acho que eu não vou gostar muito desse livro não, porque odeio adivinhar o que vai acontecer antes de acontecer heheheheh...
ResponderExcluirEu te entendo, perfeitamente, haha.
ExcluirOi Hanna! pensei que tivesse uma história mais criativa, mas pelo visto não é o caso. Acho que vou deixar passar a leitura dessa dupla de manipuladoras. Bjos!! Cida
ResponderExcluirMoonlight Books
Pois é, Cida. Infelizmente não teve muita novidade nesse. =/
ExcluirOie, fiquei com vontade de ler esse livro logo que ele lançou, mas depois a vontade foi embora hahaha.
ResponderExcluirBjs
Imersão Literária
Não te julgo. Tem tantos livros sendo lançados, que a gente até esquece de um ou de outro, né?
ExcluirOlá.
ResponderExcluirAmei conhecer essa história. Pelos gatilhos eu não leria mas eu amei a sua resenha.
Beijos.
http://www.parafraseandocomvanessa.com.br/
Que bom que gostou da resenha, amiga =)
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