Conheci esse conto através da Silvana, minha referência para romances
de época. Se ela diz que é bom, eu confio de olhos fechados e leio sem medo de
ser feliz (rsrsrs). Além disso, por ser uma obra com menos de 200 páginas,
tentarei ser breve e não dar tantos spoilers.
Com uma narrativa linear e em terceira pessoa,
acompanhamos Serena Barton e Hugo Marshall, que tem seus destinos cruzados de
uma forma nada convencional. A mocinha está há dias plantada na frente da casa
do duque de Clermont e se recusa a sair enquanto não lhe for dado o que tem
direito.
Clermont, por sua vez, afirma que ela é uma
ex-funcionária chata, insistente e inconformada por ter perdido o emprego. Por
conta disso, fica lá noite e dia em busca de uma compensação ou sua vaga de
volta.
Profundamente incomodado com a situação, o duque
pede que seu braço direito, Hugo Marshall, cuide do caso e se livre logo da
garota, antes que os burburinhos cheguem mais longe e atrapalhem seus planos.
Isso porque Clermont necessita fazer logo as pazes com a duquesa e garantir que
a fortuna dela continue em suas mãos.
"Se vai enfrentar o Lobo de
Clermont, a sorte não vai lhe fazer bem algum. Só vai deixar a caçada dele
interessante.”
Conhecido como o “Lobo de Clermont”, Marshall tem
a fama de nunca desobedecer às ordens do duque. Assim, trata de despachar
Serena o mais rápido possível. Afinal, seu futuro também depende que o duque
tenha como lhe pagar um salário.
No entanto, todas as suas tentativas são
frustradas quando o rapaz conhece a ex-governanta. Aos poucos, ele percebe o
quanto a mocinha é obstinada e não está disposta a aceitar qualquer miséria
para calar sua boca. Ela tem motivos fortes para agir como age e pretende
manter sua honra e dignidade.
Hugo, por sua vez, é um homem obediente e fiel
ao seu empregador, mas também sabe ser justo com quem merece. Conforme os dois
interagem e se conhecem cada vez mais, o Lobo de Clermont não consegue se
livrar da mocinha por bem, muito menos por mal. Isso deixa o rapaz mais confuso
a cada dia e é quase impossível tirar Serena de seus pensamentos.
“Isso era algo que Hugo teria que resolver, ao
menos para não ter a vida da Srta. Barton pesando em sua consciência.”
A moça é inteligente, sagaz e disposta a
enfrentar qualquer obstáculo que o Marshall lhe coloque. A química entre os
dois é previsível e instantânea, porém crível. Gostei bastante do
desenvolvimento deles e me via torcendo a cada página para que se entendessem
logo.
No entanto, ambos têm feridas amargas do passado
que os atormentam e impedem de enxergar algumas respostas diante de seus
narizes. Apesar de dar certa emoção para a história, tudo isso poderia ter sido
resolvido bem mais rápido se tivessem sido instruídos a manter uma comunicação
sadia dentro de casa – coisa que nunca souberam que existia até se conhecerem.
Em casa, contudo, a jovem está muito preocupada,
pois o que tem para se manter é muito pouco e não sabe se conseguirá outro
cargo tão cedo, ainda mais se não tiver as referências do duque para lhe
ajudar. Além disso, Freddy – sua irmã mais velha – só abre a boca para lhe
criticar da pior forma.
Essas cenas me deram um misto de tristeza e
raiva. Freddy é uma mulher reclusa e que tem medo do mundo. Contudo, vendo a
forma como apontava o dedo para Serena em vez de lhe dar apoio (em especial
quando o motivo de sua luta é revelado), me deu a sensação de que a mais velha
tinha inveja da coragem da caçula, sempre disposta a enfrentar o mundo para ser
ouvida.
Por conta disso, era impossível não revirar os
olhos a cada vez que Freddy e suas farpas apareciam, além de desejar que a
personagem sofresse combustão instantânea. Assim como tive vontade de abraçar
Serena, dizer que estava tudo bem e que nada era culpa dela.
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Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna |
Aliás, devo dar os parabéns a Hugo, que agiu
exatamente dessa forma e foi um perfeito cavalheiro. Homens como ele são raros
no mundo, ainda mais na época em que o conto é ambientado. Então, guardo no coração
cada ato de personagens decentes e que fazem a coisa certa, mesmo que a sociedade
diga o contrário. No entanto, não é porque ele foi gentil uma vez que eu tenha
que defender o cidadão o tempo todo.
Em alguns momentos eu queria era torcer o
pescoço dele e mandar parar de ser um cretino, feito o seu empregador (outro
cara nojento que, se sofresse combustão instantânea, deixaria o mundo mais leve
e ninguém sentiria falta). Porém, essas atitudes o fizeram ser mais humano e
próximo da realidade.
Afinal, ninguém é 100% bonzinho o tempo todo e precisa
errar para aprender suas lições da vida. Dessa forma, a obra acabou ganhando
pontos positivos.
A escrita da autora é fluida e sem rodeios.
Assim, me vi rendida à trama e ansiosa para que certas coisas se resolvessem
logo, mesmo que já fosse nítido o rumo que tomariam. Com ‘O Caso da Governanta’,
eu sorri, me diverti, fiquei nervosa e terminei aliviada, vendo que tudo
acontece no tempo que deve acontecer, por mais que a gente queira tudo para
ontem.
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Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna |
Além disso, o que mais gosto de romances de
época são as ambientações e os diálogos. Repletos de floreios e costumes do ano
em que os personagens estão, acabo viajando no tempo e me vejo em meio aos
vestidos chiques e brocados. O mesmo se aplica ao vocabulário, que também
reflete o contexto da época e me mostra que não precisamos de tantas gírias ou
palavrões para ofender uma pessoa (rsrsrs).
O desfecho é previsível, porém digno e crível. A
autora amarrou as pontas de forma satisfatória e me convenceu. Gostei bastante
desse primeiro contato com os trabalhos dela e já estou ansiosa para ler os
livros oficiais da série ‘Os Excêntricos’.
Falando sobre o conto em si, a versão digital é
bonita e bem diagramada. A capa é simples, mas condizente com o que iremos
encontrar no decorrer das páginas. A revisão também está perfeita e a escrita
fluida da escritora ajudou bastante.
Em resumo, se ainda não conhecem os escritos de Courtney Millan, ‘O Caso da Governanta’ é uma boa dica para dar uma chance a ela. Agora me contem, vocês gostam de romance de época? Qual sua autora favorita do gênero?
Faz tempo que não leio um livro de época, mas gosto da Charlote Bronte, um dos meus livros preferidos da vida é jane eyre
ResponderExcluirEu acho que só li um livro dessa autora, e não foi uma experiência muito boa, acredita? =/
ExcluirOi!
ResponderExcluirJá ouvi uns elogios a série de livros que esse conto faz parte, mas não fui atrás por não ser muito leitora de romances históricos. E adoro a proposta da Arqueiro em publicar os contos das séries de forma digital e gratuita.
Beijão
https://deiumjeito.blogspot.com/
Eles tiveram boas sacadas de disponibilizar muitos lançamentos gratuitos e no KU também. Achei genial mesmo, =).
ExcluirOi Hanna! Eu ainda não consegui ler nada dessa série, mas só vejo sendo elogiada e estou bem curiosa. Eu tenho o volume um, mas antes vou ler este conto. Espero gostar. Bjos!! Cida
ResponderExcluirMoonlight Books
Espero que goste da leitura, Cida. Eu fiquei bem curiosa e depois vou procurar o primeiro volume da série também. =)
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