As Viúvas | Lynda La Plante

em 15 março 2022

    Olá meu povo, como estamos? Devido a problemas técnicos, o projeto #12livrospara2022 teve um pequeno atraso esse mês.
   Mas missão dada é missão cumprida e cá estou eu com a leitura de março. O tema era “Livro Escrito Por Uma Mulher” e o mais votado pelo público foi ‘As Viúvas’ de Lynda La Plante. 



As Viúvas | Lynda La Plante
Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna


Obs. Esse livro pode ter gatilhos de violência contra a mulher e maus tratos aos animais. 
15/24

Livro: As Viúvas 

Autora: Lynda La Plante 

Editora: Intrínseca 

Ano: 2018

Páginas: 400



Dolly, Linda e Shirley não eram grandes amigas nem tinham nada em comum até que os maridos morrem juntos operando uma tentativa de assalto. Cada uma a seu modo está enfrentando o luto quando Dolly é surpreendida por descrições detalhadas de todos os roubos realizados e planejados pelo marido. Ela se vê diante de uma encruzilhada: pode se livrar daquilo tudo e voltar à sua vida pacata ou entregar a descoberta aos criminosos que querem tomar o lugar do falecido. Mas ninguém cogitaria sua aposta em uma terceira alternativa: recrutar as outras viúvas e concluir aquela última missão. Sozinhas e sem experiência no mundo do crime, as três começam os preparativos para a operação, porém o caminho até o roubo perfeito não se mostra exatamente simples. Mesmo com o cenário ideal para o crime ideal, será que mulheres de luto conseguirão concretizá-lo?




As Viúvas | Lynda La Plante


    Harry Rawlins, Joe Pireli e Terry Miller são o terror de Londres há quase 20 anos. Seus crimes são perfeitos e milimetricamente planejados, permitindo saídas espetaculares de invasões e roubos dos mais diversos tipos.
   Com todo o esquema montado para assaltar um carro forte, o “trabalho” renderia milhões para o bando. Porém algo deu errado e todos morreram na hora.
   Dolly, a esposa de Harry, se vê sozinha no mundo. O grupo tinha a missão de cuidar dela e lhe garantir uma boa vida caso algo acontecesse ao líder. 
   Mas o que fazer quando nem eles sobreviveram?  
   Porém a sorte parece virar para seu lado quando ela descobre uma espécie de herança que seu marido deixou: os livros contábeis, contendo todos os planos dos assaltos já efetuados, inclusive o que levou ao fim de sua vida.
   Ela poderia fazer qualquer coisa com os achados, mas o mais improvável seria levar o “ofício” do marido adiante
   Com a proposta de honrar a memória do falecido, a viúva vê nisso um meio de se manter e levar os negócios adiante. Resta saber até que ponto o plano pode dar certo.

 

As Viúvas | Lynda La Plante
Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna


 

    Achei esse livro muito por acaso, enquanto olhava a plataforma de trocas no Skoob. A capa me chamou bastante atenção e fiquei interessada, sem ao menos olhar a sinopse. 
   Infelizmente, não tive tempo de conferir a obra logo que chegou aqui em casa e ficou encalhado na estante desde então. 
   Mas a oportunidade surgiu quando foi mais votado para março no 12 Livros e, enfim, pude matar minha curiosidade.
   Em ‘As Viúvas’, conhecemos as histórias de Dolly Rawlins, Linda Pireli e Shirley Miller. Três mulheres que tem seus destinos cruzados ao serem convocadas para reconhecerem os corpos de seus maridos, ligados a um assalto malsucedido.
   Descobrindo da pior forma possível de onde vinha o dinheiro dos rapazes, elas estavam tentando seguir adiante, lidando com a dor. 
   Mas o universo parecia conspirar contra isso, especialmente para Dolly.
   Eis que Harry (líder do grupo) era bastante organizado e tinha a cidade na mão, graças aos seus livros contábeis bem detalhados. 
   As anotações são tão valiosas, que quem as encontrar primeiro domina o submundo de Londres.
    Assim começa uma corrida dos candidatos a novos “donos da cidade”, capazes de tudo para colocar a mão no tesouro
   Além disso, a polícia também se mostra bastante interessada. Pois não apenas os crimes perfeitos de Rawlins seriam, enfim, provados, como vários outros de seus inimigos listados cairiam do pedestal.
   E todos vêm atrás da viúva de Harry, a única capaz de saber onde o criminoso teria escondido as anotações. 



"Ela não conseguia acreditar que homem que relutava tanto em recolher as roupas sujas do chão do quarto pudesse ser tão organizado quando se tratava de assaltar um carro-forte..."


   Cansada de ser subestimada por todos que lhe procuram atrás dos livros, Dolly decide refazer o esquema do último assalto planejado pelo marido, como uma espécie de homenagem póstuma
   Para isso, recorre a Linda e Shirley. Afinal, Dolly não é a única viúva dessa história.


"O que Dolly faria com aquela informação dizia respeito a ela, e somente a ela."


   A obra tem, no total 400 páginas, com uma narrativa em terceira pessoa e gira em torno de três núcleos principais: das viúvas, da polícia e dos Fisher (que querem o lugar de Rawlins). 
   Assim temos um panorama mais amplo do que está acontecendo.
   Fui surpreendida em diversos momentos durante a leitura. O enredo é bem bolado e me lembrou o filme ‘Oito Mulheres e Um Segredo’, que gosto bastante, aliás. 
  Então não foi surpresa quando me falaram que havia uma adaptação de ‘As Viúvas’ para o cinema também.
   Aqui a ideia é parecida, onde a esposa resolve manter o legado criminoso do marido e se junta a outras mulheres para tal. 
   Linda e Shirley são as viúvas mais jovens e se viram como podem. Enquanto a primeira tenta não enlouquecer como caixa de bilheteria num fliperama irregular, a outra vive correndo atrás de trabalhos de modelo e concursos de beleza, que sua mãe arranja desesperadamente.
   E o fim da picada foi receberem a proposta quase indecente de Dolly, a única que “se deu bem” e herdou uma vida confortável. 
   Elas custam a acreditar que a senhora Rawlins planeja, de fato, remontar o assalto. Mas entram na onda, como uma forma de compartilharem o luto pela perda dos maridos juntas.
   Contudo, as coisas ficam mais perigosas a cada dia que o plano se torna mais real. Especialmente quando cutucam alguns nomes de gente grande no processo. 
   Agora estão num caminho sem volta e vão precisar lidar com um mundo do qual só conheciam pelos jornais.
   A trama tem como tema principal o suspense, mas também tem espaço para falar sobre o luto e diversos temas polêmicos e mais sensíveis, o que deu uma combinação interessante (apesar de desejar ter um aviso de gatilho antes). 
   As viúvas lidam com a dor da perda de uma forma única, embora, nem sempre, racional.
   São mulheres de personalidade própria, o que rende discussões acaloradas em diversos momentos, mas nem por isso são inimigas. 


As Viúvas | Lynda La Plante
Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna



   Elas conseguem formar uma espécie de rede de apoio, dando um exemplo de sororidade e força, que se mostrou eficaz em momentos mais delicados.
   Embora não concorde com a solução que elas arranjaram para os problemas, elas foram fortes e inteligentes o bastante para lidar com as consequências de seus atos. 
   Isso me chamou atenção, pois a autora poderia muito bem se encaminhar para o lado da comédia e do Chick-Lit, deixando tudo “mais fofinho” e leve, só que não fez.
   Ela manteve a narrativa fluida, mas, ao mesmo tempo, sólida, real e até cruel. Isso tornou as personagens mais humanas e eu achava que encontraria com elas na próxima esquina.
   E foi uma boa sacada, já que, mesmo sem dizer as palavras “lugar de mulher é onde ela quiser”, a autora deixou a mensagem bem clara. 



"[...] todos pareciam pensar que podiam tratá-la com tamanho desdém e saírem impunes."


   Isso porque, além do golpe em si, elas precisam lidar com situações que, embora pareçam pequenos detalhes aleatórios, são ocasiões que mulheres encaram todos os dias e só elas são capazes de entender.    
   Confesso que me senti mal durante a leitura nessas cenas, especialmente por ter presenciado uma situação constrangedora semelhante no mesmo dia.
   Apesar de desconfortável, em momento algum eu diria que a experiência foi ruim. Muito pelo contrário. 
   É uma leitura interessante, com personagens bem construídas e marcantes. A trama também foi muito bem elaborada, com um suspense mais sombrio, sujo e digno, porém até a página 2.
   Uma coisa que já reparei nas séries de investigação europeias é que o detetive sempre é passado para trás. 
   Vendo as coisas pelo ângulo literário, parece que não se fazem mais detetives como Sherlock Holmes e Hercule Poirot.
   Sei que o auge era nas viúvas mostrando a que vieram, porém esperava um pouco mais por parte do detetive, que só conseguiu ser feito de palhaço por todo mundo
   Teria um pouco mais de emoção se ele fizesse o trabalho dele de verdade e parasse de caçar o Ruivo Hering, para variar.
   Também fiquei incomodada com a parte dos Fisher, apesar de entender sua importância para a trama em si. 
   Mas a autora passou tanto tempo detalhando cenas dos personagens atrás de ternos de seda (que pelas cores que usavam, me pareciam mais que iam desfilar numa escola de samba), entre outras coisas dispensáveis, que só deixou os capítulos um tanto cansativos.
   Poderia ter aproveitado melhor as páginas e dado mais espaço para as cenas de ação e o desfecho, que me pareceram corridos e não tiveram a emoção esperada
   Além disso, vários personagens foram esquecidos ao longo da trama, como se nunca tivessem existido.   
   O que me decepcionou um pouco, pois pareciam ter um grau de importância antes e sumiram sem explicação.


As Viúvas | Lynda La Plante
Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna




   Assim como personagens que apareceram aos 45 do segundo tempo, como se tivessem sido comentados a trama toda, e fiquei perdida sem saber de onde surgiram. 
   Isso me deu a sensação de pontas soltas e o final meio aberto também não ajudou muito.
   Falando sobre o livro em si, li em formato físico. Então posso dizer que gostei da capa, bem chamativa por sinal e parecendo pôster de filme. 
   A revisão está bem feita, com uma fonte legível e páginas amareladinhas e mais grossas, o que deixou a experiência de leitura mais confortável.
   Em resumo, ‘As Viúvas’ é uma trama interessante e que recomendo, especialmente por ir além do suspense e protagonistas bem construídas. Mas não espere um final espetacular.






    E as leituras do projeto seguem assim: 




12 livros para 2022







   Não esqueçam de conferir as leituras do mês, escolhidas no MãeLiteratura e Pacote Literário também! 
    E vocês, já conheciam esse livro? E o filme? Me contem aí!














12 comentários:

  1. Olá, Hanna. Eu ainda não conhecia esse livro, nem o filme.
    Quando comecei a ler a resenha fiquei bem surpresa, pq pelo nome do livro eu não imaginava que o enredo era dessa maneira, nem havia me atentado à capa. Achei a proposta bem interessante.
    Também não gosto muito de sentir pontas soltas, por isso acho importante o cuidado com os personagens que aparecem. E desfechos corridos realmente não sou muito fã.
    Em todo caso, parece um livro bom. Adorei a resenha, sempre muito completa.

    Beijos,
    Dear Masen

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    1. Sim, é um livro bom, mas não perfeito. Ainda assim recomendo. Que bom que gostou da resenha. =)

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  2. Oí, Hanna. Tudo bem? Parece uma obra bastante interessante. Que bom que gostou da leitura. Abraço!



    https://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/

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  3. Uaaaal eu achei bem interessante e realmente isso das viúvas continuarem com os crimes dos maridos falecidos é um enredo que tem tudo pra prender a atenção de quem lê!
    Parece um ótimo livro!

    https://www.heyimwiththeband.com.br/

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  4. Oi Hanna
    Eu já tinha visto esse livro pelo Skoob e tenho um pouco interesse de ler ele.
    Gostei bastante da sua resenha ,acho que tem chances de que eu goste dessa leitura

    Beijos

    https://mundinhoquaseperfeito.blogspot.com

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  5. Olá, Hanna.
    Eu recebi esse livro em uma caixa literária que eu assinava e li ele logo que chegou aqui. E gostei mais do que você porque minha nota foi cinco hehe. Mas super concordo com você sobre os detetives. Eu estou achando os últimos que tenho lido que os detetives deixam muito a desejar. Não é possível serem tão tapados assim hehe.

    Prefácio

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    1. Oi Sil, que bom que gostou da leitura também. ^^ Pois é, ele só não levou cinco estrelas por conta do final corrido e do detetive tapado. E o problema é da geração, pelo visto, só pode, hehe.

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  6. Hanna, adorei a resenha com suas impressões sempre sinceras e muito detalhadas. De fato, também percebo que essa leva de editores do tipo Holmes já passou. Também tenho reparado outro ponto: outros profissionais (que não detetives) investigando crimes com mais esperteza e habilidade que eles próprios, em muitos livros de suspense, o que não sei se é interessante na Literatura. Mas que bom que, mesmo com tantos detalhes e o despertar de sentimentos complexos, foi uma boa leitura! Adoro a nossa tag e já estou ansiosa para o próximo mês! Beijão!

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    1. Que bom que gostou Karlinha =).
      Sim! Não se fazem mais detetives como Holmes, parece até que entraram em extinção, haha.

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