Olá meu povo, como estamos? Devido a problemas
técnicos, o projeto #12livrospara2022
teve um pequeno atraso esse mês.
Mas missão dada é missão cumprida e cá estou eu com a
leitura de março. O tema era “Livro Escrito Por Uma Mulher” e o mais votado
pelo público foi ‘As Viúvas’ de Lynda La Plante.
Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna |
Obs. Esse livro pode ter gatilhos de violência contra
a mulher e maus tratos aos animais.
15/24
Livro: As Viúvas
Autora: Lynda La Plante
Editora: Intrínseca
Ano: 2018
Páginas: 400
Dolly, Linda e Shirley não eram grandes amigas nem tinham nada em comum até que os maridos morrem juntos operando uma tentativa de assalto. Cada uma a seu modo está enfrentando o luto quando Dolly é surpreendida por descrições detalhadas de todos os roubos realizados e planejados pelo marido. Ela se vê diante de uma encruzilhada: pode se livrar daquilo tudo e voltar à sua vida pacata ou entregar a descoberta aos criminosos que querem tomar o lugar do falecido. Mas ninguém cogitaria sua aposta em uma terceira alternativa: recrutar as outras viúvas e concluir aquela última missão. Sozinhas e sem experiência no mundo do crime, as três começam os preparativos para a operação, porém o caminho até o roubo perfeito não se mostra exatamente simples. Mesmo com o cenário ideal para o crime ideal, será que mulheres de luto conseguirão concretizá-lo?
Harry Rawlins, Joe Pireli e Terry Miller são o terror
de Londres há quase 20 anos. Seus crimes são perfeitos e milimetricamente
planejados, permitindo saídas espetaculares de invasões e roubos dos mais
diversos tipos.
Com todo o esquema montado para assaltar um carro
forte, o “trabalho” renderia milhões para o bando. Porém algo deu errado e
todos morreram na hora.
Dolly, a esposa de Harry, se vê sozinha no mundo. O
grupo tinha a missão de cuidar dela e lhe garantir uma boa vida caso algo
acontecesse ao líder.
Mas o que fazer quando nem eles sobreviveram?
Porém a sorte parece virar para seu lado quando ela
descobre uma espécie de herança que seu marido deixou: os livros contábeis,
contendo todos os planos dos assaltos já efetuados, inclusive o que levou ao
fim de sua vida.
Ela poderia fazer qualquer coisa com os achados, mas o
mais improvável seria levar o “ofício” do marido adiante.
Com a proposta de honrar
a memória do falecido, a viúva vê nisso um meio de se manter e levar os
negócios adiante. Resta saber até que ponto o plano pode dar certo.
Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna |
Achei esse livro muito por acaso, enquanto olhava a
plataforma de trocas no Skoob. A capa me chamou bastante atenção e fiquei
interessada, sem ao menos olhar a sinopse.
Infelizmente, não tive tempo de
conferir a obra logo que chegou aqui em casa e ficou encalhado na estante desde
então.
Mas a oportunidade surgiu quando foi mais votado para março no 12 Livros
e, enfim, pude matar minha curiosidade.
Em ‘As Viúvas’, conhecemos as histórias de Dolly
Rawlins, Linda Pireli e Shirley Miller. Três mulheres que tem seus destinos
cruzados ao serem convocadas para reconhecerem os corpos de seus maridos,
ligados a um assalto malsucedido.
Descobrindo da pior forma possível de onde vinha o
dinheiro dos rapazes, elas estavam tentando seguir adiante, lidando com a dor.
Mas o universo parecia conspirar contra isso, especialmente para Dolly.
Eis que Harry (líder do grupo) era bastante organizado
e tinha a cidade na mão, graças aos seus livros contábeis bem detalhados.
As
anotações são tão valiosas, que quem as encontrar primeiro domina o submundo de
Londres.
Assim começa uma corrida dos candidatos a novos “donos
da cidade”, capazes de tudo para colocar a mão no tesouro.
Além disso, a
polícia também se mostra bastante interessada. Pois não apenas os crimes
perfeitos de Rawlins seriam, enfim, provados, como vários outros de seus
inimigos listados cairiam do pedestal.
E todos vêm atrás da viúva de Harry, a única capaz de
saber onde o criminoso teria escondido as anotações.
"Ela não conseguia acreditar que homem que relutava tanto em recolher as roupas sujas do chão do quarto pudesse ser tão organizado quando se tratava de assaltar um carro-forte..."
Cansada de ser subestimada
por todos que lhe procuram atrás dos livros, Dolly decide refazer o esquema do
último assalto planejado pelo marido, como uma espécie de homenagem póstuma.
Para isso, recorre a Linda e Shirley. Afinal, Dolly não é a única viúva dessa
história.
"O que Dolly faria com aquela informação dizia respeito a ela, e somente a ela."
A obra tem, no total 400 páginas, com uma narrativa em
terceira pessoa e gira em torno de três núcleos principais: das viúvas, da
polícia e dos Fisher (que querem o lugar de Rawlins).
Assim temos um panorama
mais amplo do que está acontecendo.
Fui surpreendida em diversos momentos durante a
leitura. O enredo é bem bolado e me lembrou o filme ‘Oito Mulheres e Um
Segredo’, que gosto bastante, aliás.
Então não foi surpresa quando me falaram
que havia uma adaptação de ‘As Viúvas’ para o cinema também.
Aqui a ideia é parecida, onde a esposa resolve manter
o legado criminoso do marido e se junta a outras mulheres para tal.
Linda e
Shirley são as viúvas mais jovens e se viram como podem. Enquanto a primeira
tenta não enlouquecer como caixa de bilheteria num fliperama irregular, a outra
vive correndo atrás de trabalhos de modelo e concursos de beleza, que sua mãe
arranja desesperadamente.
E o fim da picada foi receberem a proposta quase
indecente de Dolly, a única que “se deu bem” e herdou uma vida confortável.
Elas custam a acreditar que a senhora Rawlins planeja, de fato, remontar o
assalto. Mas entram na onda, como uma forma de compartilharem o luto pela perda
dos maridos juntas.
Contudo, as coisas ficam mais perigosas a cada dia que
o plano se torna mais real. Especialmente quando cutucam alguns nomes de gente
grande no processo.
Agora estão num caminho sem volta e vão precisar lidar com
um mundo do qual só conheciam pelos jornais.
A trama tem como tema principal o suspense, mas também
tem espaço para falar sobre o luto e diversos temas polêmicos e mais sensíveis,
o que deu uma combinação interessante (apesar de desejar ter um aviso de
gatilho antes).
As viúvas lidam com a dor da perda de uma forma única, embora,
nem sempre, racional.
São mulheres de personalidade própria, o que rende
discussões acaloradas em diversos momentos, mas nem por isso são inimigas.
Elas
conseguem formar uma espécie de rede de apoio, dando um exemplo de sororidade e
força, que se mostrou eficaz em momentos mais delicados.
Embora não concorde com a solução que elas arranjaram
para os problemas, elas foram fortes e inteligentes o bastante para lidar com
as consequências de seus atos.
Isso me chamou atenção, pois a autora poderia
muito bem se encaminhar para o lado da comédia e do Chick-Lit, deixando tudo “mais fofinho” e leve, só que não fez.
Ela manteve a narrativa fluida, mas, ao mesmo tempo,
sólida, real e até cruel. Isso tornou as personagens mais humanas e eu achava
que encontraria com elas na próxima esquina.
E foi uma boa sacada, já que, mesmo sem dizer as
palavras “lugar de mulher é onde ela quiser”, a autora deixou a mensagem bem
clara.
"[...] todos pareciam pensar que podiam tratá-la com tamanho desdém e saírem impunes."
Isso porque, além do golpe em si, elas precisam lidar com situações que,
embora pareçam pequenos detalhes aleatórios, são ocasiões que mulheres encaram
todos os dias e só elas são capazes de entender.
Confesso que me senti mal
durante a leitura nessas cenas, especialmente por ter presenciado uma situação
constrangedora semelhante no mesmo dia.
Apesar de desconfortável, em momento algum eu diria
que a experiência foi ruim. Muito pelo contrário.
É uma leitura interessante,
com personagens bem construídas e marcantes. A trama também foi muito bem
elaborada, com um suspense mais sombrio, sujo e digno, porém até a página 2.
Uma coisa que já reparei nas séries de investigação
europeias é que o detetive sempre é passado para trás.
Vendo as coisas pelo
ângulo literário, parece que não se fazem mais detetives como Sherlock Holmes e
Hercule Poirot.
Sei que o auge era nas viúvas mostrando a que vieram,
porém esperava um pouco mais por parte do detetive, que só conseguiu ser feito
de palhaço por todo mundo.
Teria um pouco mais de emoção se ele fizesse o
trabalho dele de verdade e parasse de caçar o Ruivo Hering, para variar.
Também fiquei incomodada com a parte dos Fisher,
apesar de entender sua importância para a trama em si.
Mas a autora passou
tanto tempo detalhando cenas dos personagens atrás de ternos de seda (que pelas
cores que usavam, me pareciam mais que iam desfilar numa escola de samba),
entre outras coisas dispensáveis, que só deixou os capítulos um tanto
cansativos.
Poderia ter aproveitado melhor as páginas e dado mais
espaço para as cenas de ação e o desfecho, que me pareceram corridos e não
tiveram a emoção esperada.
Além disso, vários personagens foram esquecidos ao
longo da trama, como se nunca tivessem existido.
O que me decepcionou um pouco,
pois pareciam ter um grau de importância antes e sumiram sem explicação.
Assim como personagens que apareceram aos 45 do segundo
tempo, como se tivessem sido comentados a trama toda, e fiquei perdida sem
saber de onde surgiram.
Isso me deu a sensação de pontas soltas e o final meio
aberto também não ajudou muito.
Falando sobre o livro em si, li em formato físico.
Então posso dizer que gostei da capa, bem chamativa por sinal e parecendo
pôster de filme.
A revisão está bem feita, com uma fonte legível e páginas
amareladinhas e mais grossas, o que deixou a experiência de leitura mais
confortável.
Em resumo, ‘As Viúvas’ é uma trama interessante e que
recomendo, especialmente por ir além do suspense e protagonistas bem
construídas. Mas não espere um final espetacular.
E as leituras do projeto seguem assim:
Não esqueçam de conferir as leituras do mês, escolhidas no MãeLiteratura e Pacote Literário também!
E vocês, já conheciam esse livro? E o filme? Me contem aí!
Olá, Hanna. Eu ainda não conhecia esse livro, nem o filme.
ResponderExcluirQuando comecei a ler a resenha fiquei bem surpresa, pq pelo nome do livro eu não imaginava que o enredo era dessa maneira, nem havia me atentado à capa. Achei a proposta bem interessante.
Também não gosto muito de sentir pontas soltas, por isso acho importante o cuidado com os personagens que aparecem. E desfechos corridos realmente não sou muito fã.
Em todo caso, parece um livro bom. Adorei a resenha, sempre muito completa.
Beijos,
Dear Masen
Sim, é um livro bom, mas não perfeito. Ainda assim recomendo. Que bom que gostou da resenha. =)
ExcluirOí, Hanna. Tudo bem? Parece uma obra bastante interessante. Que bom que gostou da leitura. Abraço!
ResponderExcluirhttps://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/
Sim, é bastante interessante ^^
ExcluirUaaaal eu achei bem interessante e realmente isso das viúvas continuarem com os crimes dos maridos falecidos é um enredo que tem tudo pra prender a atenção de quem lê!
ResponderExcluirParece um ótimo livro!
https://www.heyimwiththeband.com.br/
Realmente foi algo diferente e interessante, viu?
ExcluirOi Hanna
ResponderExcluirEu já tinha visto esse livro pelo Skoob e tenho um pouco interesse de ler ele.
Gostei bastante da sua resenha ,acho que tem chances de que eu goste dessa leitura
Beijos
https://mundinhoquaseperfeito.blogspot.com
Acho que vai curtir sim, amiga. =)
ExcluirOlá, Hanna.
ResponderExcluirEu recebi esse livro em uma caixa literária que eu assinava e li ele logo que chegou aqui. E gostei mais do que você porque minha nota foi cinco hehe. Mas super concordo com você sobre os detetives. Eu estou achando os últimos que tenho lido que os detetives deixam muito a desejar. Não é possível serem tão tapados assim hehe.
Prefácio
Oi Sil, que bom que gostou da leitura também. ^^ Pois é, ele só não levou cinco estrelas por conta do final corrido e do detetive tapado. E o problema é da geração, pelo visto, só pode, hehe.
ExcluirHanna, adorei a resenha com suas impressões sempre sinceras e muito detalhadas. De fato, também percebo que essa leva de editores do tipo Holmes já passou. Também tenho reparado outro ponto: outros profissionais (que não detetives) investigando crimes com mais esperteza e habilidade que eles próprios, em muitos livros de suspense, o que não sei se é interessante na Literatura. Mas que bom que, mesmo com tantos detalhes e o despertar de sentimentos complexos, foi uma boa leitura! Adoro a nossa tag e já estou ansiosa para o próximo mês! Beijão!
ResponderExcluirQue bom que gostou Karlinha =).
ExcluirSim! Não se fazem mais detetives como Holmes, parece até que entraram em extinção, haha.