Admirável mundo novo | Aldous Huxley

em 06 outubro 2020

    Olá meu povo, como estamos? Hoje temos resenha de mais um livro, lido em parceria com a Babi, do Meu mundinho quase perfeito. A gente sempre escolhe aqueles clássicos da literatura, que marcaram gerações, mas não temos coragem de ler sozinhas (rsrsrs). 


Admirável mundo novo | Aldous Huxley
Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna


    Dessa vez, a obra clássica escolhida foi Admirável mundo novo, de Aldous Huxley, um clássico do scifi, mais precisamente distopia.  

32/12

Livro: Admirável mundo novo

Autor: Aldous Huxley 

Editora: Abril Cultural

Ano: 1982

Páginas: 310



Admirável Mundo Novo: Um extraordinário romance de ficção, no qual Huxley nos dá a mais trágica, profética e aterradora visão do mundo, de uma civilização escravizada pela máquina e dominada pela tecnologia. Uma sociedade onde crianças são geradas em laboratório e especialmente treinadas para desempenhar futuras funções no meio social.
Um mundo em que foi abolida a família e onde não há lugar para os sentimentos e para o amor.

Admirável mundo novo | Aldous Huxley

 

    Imagine um futuro no qual as pessoas são felizes. Isso mesmo, você não leu errado. As pessoas são felizes, simples assim. 
    É algo que parece bem desejável, né? As pessoas são felizes, calmas, não tem mais guerras, não tem mais doenças, não sofrem de depressão. 
    Mas você já parou para pensar em quais sacrifícios foram necessários para chegar a essa dita felicidade? 
    Alguns governos do planeta pensaram. Através de muitas pesquisas, chegaram à conclusão de que, para viverem bem, as pessoas não podem ser ambiciosas, não podem sonhar em ter uma profissão diferente, ou mesmo conhecer novos mundos. Elas só precisam ser quem são, até morrerem.
    Para começo de conversa, mulheres não engravidam mais. Isso é uma vergonha pública. Todos nascem de provetas e são condicionados, ainda como embriões, a saberem qual o seu lugar no mundo.   
   Com a sociedade toda montada desse jeito, ela vive perfeitamente bem, todas as pessoas são felizes e vão morrer felizes, num mundo que funciona... até a página 2... 
   
     


   
"E é aí [...] que está o segredo da felicidade e da virtude: gostar daquilo que se é obrigado a fazer." 


   'Admirável mundo novo' não estava na minha lista de leitura desse ano. Para falar a verdade, nem sonhava em ler esse livro tão cedo. 
    Mas depois de ler uma resenha sobre ele, acabei ficando bem curiosa e procurei o livro na mesma hora para conferir a história. 
    Por ser, não apenas um daqueles "clássicos que você deve ler antes de morrer",  mas também um dos mais importantes livros de distopia que o mundo já viu (junto de 1984, que ainda não li, O conto de Aia e Fahrenheit 451), nem preciso dizer que estava com bastante medo de encarar ele sozinha... (rsrsrs)
    Então, convidei minha amiga Babi Bueno, para fazer uma leitura coletiva desse clássico. E, meu povo... que clássico. 
    Não vou dizer que gostei dele, na verdade senti exatamente o oposto. Eu fiquei com um ódio muito grande de como os governo lidou com a situação da "infelicidade das pessoas" e paz mundial.  


"Quando o indivíduo sente, a comunidade ressente-se."


Admirável mundo novo | Aldous Huxley
Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna

      Esse não é um livro fácil de ser lido. É um livro triste, sofrido e que te dá agonia o tempo todo. 
     Primeiro, ele parece ser muito nonsense, com diálogos bem soltos entre núcleos de personagens bem diferentes, que te pegam de surpresa, no meio do capítulo. 
     Mas o que eu pensei ser problema da edição que baixei, parecia ter sido feito de propósito, pois os diálogos nonsense refletiam uma população nonsense.  
    Conforme algumas gerações foram crescendo, a sociedade promissora de viver sem guerras e sempre na ilusão de felicidade acabou se tornando uma coisa tida como a única certa no mundo. 
    As pessoas que vivem na cidade são condicionadas a só serem felizes se viverem a base de Soma, uma espécie de droga legal, distribuída pelo próprio governo, para impedir que as pessoas sejam "infelizes". 
   Está triste? Toma Soma. Está com raiva? Toma Soma que passa. Está com medo? Soma resolve. Está se sentindo só? É só um comprimido de Soma e tudo resolvido. 
   O problema é que o Soma não "some" apenas com os problemas, ele some com os sentimentos também. 
  As pessoas não sentem mais nada, literalmente, uma pela outra, muito menos por elas mesmas. 
  Sendo assim, não tem sentido em ter uma família, filhos com que se preocupar ou mesmo amigos. Todos vivem juntos, mas todos vivem solitários, disfarçados numa nuvem de Soma, que dá ilusão de alegrias momentâneas, até você ir trabalhar novamente. 
   As pessoas não sentem, e não pensam mais. Então, para quê questionar governos? Para quê questionar sua situação, se você está feliz com o condicionamento que teve ainda numa proveta. 
   Mas Bernard Marx pode mudar tudo isso, quando ele para de se preocupar com a hora de tomar Soma e acaba "sendo infeliz" por alguns momentos. 
   Nesses momentos, ele encontra John, um Selvagem, que pode lhe dizer muito mais com o que se preocupar no mundo, além da rotina que nunca acaba.   
 
    



   John, ou apenas o Selvagem, é um indígena que não segue essas regras da cidade. Ele não toma Soma, o que lhe dá liberdade de questionar "A vida, o universo e tudo mais", sem medo. 
   E são esses questionamentos que vão levar a respostas que, devo dizer, são perturbadoras. Com ele, vemos o quanto um governo pode manipular as pessoas para obedecerem a ele sem questionar, nem que para isso, precisem de uma ilusão de felicidade coletiva. 


"[...] É este gênero de ideias [...] que poderia fazê-los perder a fé na felicidade como supremo bem [...]." 

   Essas ilusões levam a uma falta de empatia entre os personagens que incomoda o leitor. Não apenas isso, mas a falta de raciocínio das pessoas, mesmo quando estimuladas a isso, é assustadora! 
  O diferente e inesperado da natureza é assustador, pois não foi condicionado ao Soma. As pessoas não precisam saber como as coisas funcionam no mundo, basta saber que funcionam, não é do escalão delas saber e fica por isso mesmo. 
  Ciência, conhecimento, filosofia, arte e mesmo religião... tudo o que te faz pensar ficou no passado. Nada disso tem mais valor, pois é difícil, faz as pessoas pensarem e, quando pensam, elas precisam voltar a ser condicionadas, com uma boa dose de Soma, para resolver o problema. 


"É preciso escolher entre felicidade e o que outrora se chamava a grande arte." 


"A beleza atrai, e nós não queremos que as pessoas sejam atraídas pelas coisas velhas. Queremos que amem as coisas novas."


  É uma realidade assustadora demais e, sinceramente, não estamos muito longe de conseguir essa situação... =/   
 Concordo que seríamos mais avançados se parássemos de brigar entre nós mesmos e passássemos a trabalhar mais juntos. 
  Mas essa ilusão de felicidade, escondida numa escravidão de Soma e tecnologia de filmes perceptíveis, não é uma realidade muito agradável também. 
  Esse realmente é um livro assustador, profético, como fala a própria sinopse, e que vai te incomodar muito. Principalmente porque uma realidade dessas me dá muito, muito medo mesmo.  
  Falando sobre o livro em si, eu li a versão digital. Então posso falar que não foi um livro fácil de ler, pois além da história em si, que precisei ler bem devagar e digerir com calma, a edição não está das melhores. 
  Estava em Português de Portugal, mas não tem aviso. Só percebi por causa de alguns termos que foram aparecendo do nada e notei que não era brasileira a tradução. 
  Além disso, a revisão carece de muitos cuidados. Apesar de ser uma versão de 1982, creio que as mais recentes estão com revisão melhor e com as páginas mais certinhas. Por causa disso, tirei uma estrela da nota final da obra, dando 4 estrelas no final. 
  
  

   
   A não ser isso, recomendo a leitura desse livro, especialmente se você curte uns clássicos de distopia e gosta de livros que mexem com você. 




    E essa foi a postagem de hoje. Vocês já tinham lido esse livro? 

   O que acham desses clássicos distópicos que mais parecem uma realidade próxima? Me contem aí! 😉




29 comentários:

  1. Olá, Hanna.
    Eu acredito que lemos a mesma resenha porque eu que não sou fã de clássicos e fiquei morrendo de vontade de ler esse livro. Eu gosto de quando uma história mexe assim com a gente e ainda quero muito conferir esse livro. E o medo que dá é o tempero hehe.

    Prefácio

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    1. hahahahha
      Será que lemos a mesma resenha? =p Espero que goste do livro, ele mexeu bastante comigo, viu?

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  2. Oi, Hanna tudo bem? Eu li este livro já faz um tempo. E ao ler sua resenha deu vontade de lê-lo novamente. Eu particularmente gostei muito deste livro, apesar de ser uma leitura triste e bastante assustadora. Existem muitos livros de Sci-fi que são maravilhosos. Este gênero de livro infelizmente ainda desperta pouco interesse dos leitores, uma pena. Amei sua resenha. Que bom que curtiu. Abraço!



    https://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/

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    1. Pois é, ainda são raras as pessoas que curtem scifi. Mas são livros fantásticos e que recomendo.

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  3. Me julgue, mas nunca li essa obra. Preciso mudar isso o quanto antes, deve ser mesmo incrível.
    Pena que teve alguns problemas com a revisão. =\

    Beijo!
    Cores do Vício

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    1. Não te julgo, pois eu também demorei anos para conhecer esse livro... rs

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  4. Oi, acho que não é o meu momento de ler esse livro tão sofrido que vai mexer demais com a minha emoção. Isso me lembrou há uma série que assisti.
    Gostei do contexto e a dica está anotada para uma futura leitura.
    Beijos.


    https://www.parafraseandocomvanessa.com.br/

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    1. Se não é seu momento, não é bom ler mesmo. Mas quem sabe um dia? ;)

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  5. Ainda não li esse clássico, mas já vi recomendações e várias pessoas me recomendaram. Tenho medo da escrita ser mais densa por ser uma obra mais antiga.

    Abraço

    Imersão Literária

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    1. Ele realmente tem uma escrita mais pesada, mas creio que seja por causa da edição que li, que era mais antiga também. Quem sabe uma edição mais recente não tenha esse detalhe.

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  6. Oi Hanna, tudo bem?

    Confesso que apesar de ser muito comentando, nunca dei muito atenção para esse livro. Porém depois de ler a sua resenha comecei a reavaliar a minha opinião. Clássicos nunca são minha primeira escolha, mas posso tentar da uma chance no futuro.

    Beijos;*
    Ariane Reis | Blog My Dear Library.

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    1. Eu também costumo fugir dos clássicos, mas esse me surpreendeu bastante, viu?

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  7. Eu acho que já escutei falar desse livro e lembro de ter visto um filme que lembra um pouco, mas acho que não tinha esse nome não. Distopias nos assustam, porque algumas semelhanças são tão visíveis no mundo real, né? Dá medo mesmo! E todos os sentimentos importam e acrescentam, acho que ser feliz o tempo todo, tem o lado bom, mas também tem a parte não tão boa. Enfim, acho que um equilíbrio seria melhor hahaha! Acho que não embarcaria no momento, mas quem sabe depois? E achei a resenha bem completinha e livros que mexem desse jeito com a gente são ótimos, porque faz a gente notar o que pode mudar e tal. :)

    Beijos, Carol
    www.pequenajornalista.com

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    1. Que bom que gostou da resenha. Eu não sei dizer se tem filme dele, mas tem uma série a respeito.

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  8. Oi Hanna, tudo bem?
    Ganhei esse livro de aniversário uns anos atrás e ainda não priorizei pra ler, mas depois da sua resenha fiquei com vontade de colocá-lo na frente da fila. Eu amei 1984, recomendo muito a leitura, e se é tão profético quanto eu acho que vou amar (e me apavorar rs).
    Beijos,

    Priih
    Infinitas Vidas

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    1. Já eu estou curiosa para ler 1984. Mas ainda bate o medinho de ser ainda mais assustador que Admirável mundo novo... =s

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  9. Nunca vi esse clássico, mas parece ser excelente. Tenho 2 livros com Português de Portugal,as palavras são um pouco diferentes mesmo. Essa edição é bem antiguinha hein! Gostei da sua resenha.

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    1. Sim, a edição é bem antiguinha... kkkk
      Mas a leitura acabou valendo bastante a pena! ;)

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  10. Desejo demais ler esse clássico, com certeza deve ser uma história que te prende na leitura, incrível!!!

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  11. Oioi! Eu AMO distopias. Minha favorita da vida é Laranja Mecânica, mas sempre quis ler AMN e 1984. No entanto, nunca tinha parado pra prestar mais atenção ao enredo até me deparar com a sua resenha. Imagino que deve ser mesmo uma leitura muito angustiante, o que, no caso de distopias, é um ponto que conta bastante a favor. Além disso, quanto mais próximo de nós, mais fácil criar uma conexão com e, ao mesmo tempo, temer a história. Tudo que você falou só me deixou mais ansiosa pra começar essa leitura, pois é exatamente meu tipo de livro. Ótima resenha. Abs!

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  12. oi, Hanna. Eu amo AMN, é um dos meus clássicos preferidos do sec. XX. Husxley fez uma crítica genial e que pode muito bem ser trazida ao nosso contexto. soma, soma, soma... nada muito diferente do que vemos hoje, basta olhar ao redor e enxergar a maneira como a sociedade se deixa conduzir pelos Somas diários...
    parabéns pela resenha.
    Tschuss...

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  13. Você usou a palavra agonia e ao meu ver, descreve bem esse livro, não é simples de ler, foi a sensação que tive a primeira vez que li, hoje, não sei mais como seria hoje, mas sua resenha despertou a vontade de reler e certamente terei uma perspectiva mais madura que tive na primeira leitura.

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  14. Clássicos da literatura que marcaram gerações é comigo mesma. Adorei o post e as considerações que você fez sobre o livro. Vou procurar uma versão com a revisão melhor pra ler. E gostei bastante de saber que tirando isso, você super recomenda para quem curte distopia! Ou de livros que mexem com a gente de alguma forma impactante. Pois, é o meu caso.

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  15. Oii! Uma mega obra, né? Falar da felicidade... ou ao menos de um ideal a se alcançar através de aparentes sacrifícios. Até que ponto vale a pena!? Me peguei a pensar ao ler sua resenha. E essa "ilusão de felicidade" que você muito bem menciona me faz associar às redes sociais e o que almejamos ao acompanhar algumas (mini) celebridades. Muitas vezes as pessoas querem ser, ouso dizer, como nós, quando vê nossas fotos. Mas não é como muitos idealizam. Somos de carne e osso. Temos problemas, defeitos... mas os filtros e as fotos mostram, na maioria das vezes, uma outra realidade por trás da lente.
    Leio poucas, ou quase nada, de distopias. Essa é uma que ainda quero conferir!

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    1. Falou tudo agora menina! Eu também me pego fazendo isso às vezes, é uma questão de policiamento constante para não cair nessa ilusão de felicidade. Agora imagina quem vive isso 24h por dia, induzido pelo próprio governo?! Dá até medo de viver numa sociedade assim, viu?

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  16. Oi Hanna, tudo bem? O que mais gosto em projetos literários é a possibilidade de ler em companhia. Bem como você falou... as vezes não nos animamos em ler uma obra sozinhos (risos). Ainda mais quando a leitura é intensa e exige mais de nós. Não conhecia o escolhido da vez mas achei interessante trazer distopia como tema. Me fez lembrar O conto da Aia. Aliás uma bem intensa por sinal. Sempre que lembro daquela "realidade" me questiono do que o ser humano é capaz. Ou até onde podem ir para alcançar seus objetivos. Ansiosa pelo próximo livro. Um abraço, Érika =^.^=

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    1. Ele lembra beeeeem de longe O conto de Aia, mas são realidades completamente diferentes, embora possíveis. Acho que isso é o que dá mais medo ao ler esses livros.

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  17. Amei a sua resenha amiga.
    Até agora não decidi se esse foi um livro que gostei ou não , mas confesso que não estava nos meus planos ler ele em 2020 .

    Realmente , quase desisti da leitura naquela hora que começou vários dialagos diferentes ao mesmo tempo .Pensei que o livro tinha erro de edição

    Beijos

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