1. Quem é Talita Vasconcelos?
R. Um mistério até para mim, rs.
Durante
muito tempo eu pensei que seguiria o caminho das artes visuais. Sempre gostei
de desenhar, principalmente moda, mas depois descobri que as palavras são minha
verdadeira paixão.
2. Conta um pouquinho de sua história
como escritora para a gente. Quando e como começou a escrever?
R. Comecei mais ou menos aos cinco anos,
escrevendo e desenhando histórias em quadrinhos. A maioria eram bobinhas,
baseadas em contos de fadas, ou em episódios do Chaves, ou nos desenhos que eu
assistia na época. Gostava de criar histórias em mundos medievais, assombrados
por bruxas, com um herói valente montado num cavalo, ou com crianças lutando
contra o mal – realmente, acho que eu via desenhos demais, rs.
Mas aí, aos dez anos, depois de ler
boa parte dos livros da biblioteca da minha escola, resolvi escrever um. Foi
uma aventura chamada “Férias Na Fazenda” (olha que título super original, rs).
Eu mesma ilustrei e encadernei, e mostrei para todo mundo. E acabou que eu
gostei tanto da experiência que decidi continuar escrevendo, sempre na mesma vibe ecológica e aventureira com “De
Volta à Fazenda”, que era a continuação do primeiro, e “Salvando a Floresta”,
onde um grupo de crianças se engajava num projeto para lutar contra o
desmatamento.
Claro que, nessa época, eu ainda não
tinha ambições de me tornar escritora; eu apenas gostava de criar histórias,
ver os livrinhos prontos, e saber que tinha feito uma coisa legal.
Foi só aos quinze anos, quando
escrevi meu primeiro livro sério, um
romance policial ainda não publicado, que eu decidi transformar meu hobby em
carreira.
3. Seu primeiro livro foi escrito bem
cedo. O que te levou a escrevê-lo? E como foi a sensação de saber a opinião de
sua família e amigos na época a respeito dele?
R. Acho que eu só queria mesmo saber se
eu levava jeito para a coisa, e colocar umas ideias no papel. Eu sempre gostei
de contar histórias, até brincando com os meus coleguinhas na escola e em casa,
eu gostava de fazer teatrinho e inventar histórias ali, na hora, de improviso.
Hoje em dia acho que estou mais contida nesse sentido, gosto de pensar mais
antes de externar uma história.
Eu lia aquele monte de livros da
biblioteca da escola – Coleção Vaga-lume
foi uma das grandes responsáveis pela minha paixão pela leitura –, e pensava
“eu posso fazer isso”. E foi como eu comecei a escrever, tentando criar
histórias tão bacanas quanto as daqueles autores que eu admirava.
Quando comecei a exibir meus livrinhos
para os meus amigos e para os meus professores foi uma festa. Minha professora
parecia ter achado um pote de ouro no fim do arco-íris; cada vez que eu
aparecia com um livrinho novo – eles eram bem curtinhos na época – ela me
levava na sala do diretor para mostrar para todo mundo, na secretaria, na
biblioteca, para as tias da cozinha... Era um barato! Acho que eu frequentei
mais a diretoria da escola naquele ano do que muito bagunceiro, rs.
E isso foi importante para me
incentivar a continuar criando, praticando, melhorando minha maneira de
escrever. Claro que, naquela época, ninguém realmente botava fé, nem falava que
eu ia ser a próxima Maria José Dupré – ninguém nunca disse isso –, mas as
pessoas me incentivavam, riam dos textos cômicos que eu escrevia, e me
impulsionavam a prosseguir. Claro que eu ainda estou muito longe de onde eu
quero chegar, mas sei que quando eu alcançar meus objetivos, vou olhar para
trás e ser grata a cada uma dessas pessoas que sempre me botaram para a frente.
4. Atualmente você tem tanto livros
quanto contos publicados. Qual você acha mais fácil de criar? Por quê?
R. Acho que nenhum é cem por cento
fácil. Os contos são mais rápidos, por serem curtos, mas nem por isso são
fáceis. Acho que eu nunca escrevi um conto, mesmo que ele tivesse só uma
página, que eu tenha terminado em quinze minutos – redação do ENEM não conta, o
relógio é meu inimigo, rs. Eu sempre anoto um monte de coisas, daí eu
desenvolvo, reviso, corto, reescrevo, modifico, reviso de novo, releio, releio
e releio mil e novecentas vezes até ter certeza de que está tudo certo.
Nos contos principalmente, com
exceção dos românticos, gosto de brincar com a atenção do leitor, e seguir o
conceito de que o narrador nem sempre é uma pessoa confiável. Por isso tenho
preferência por escrever contos de suspense e mistério, onde posso convencer o
público a respeito de uma versão da história, e depois revelar um final que
estava ali, claro como água, mas que acaba sendo surpreendente pela maneira
como a narrativa foi sendo conduzida, o que não é muito fácil de fazer.
Quanto aos livros, eles costumam ser
difíceis porque nem sempre a ideia vem inteira. Já escrevi um livro inteiro em
cima da ideia de uma frase, sem saber direito para onde a história ia me levar.
Nem sempre eu consigo escrever um resumo completo da história antes de começar
a desenvolver o livro, o que não raramente me faz pausar algumas histórias em
andamento por me colocar em becos sem saída, para depois de alguns meses
retomá-los com uma ideia tão simples, ou às vezes tão nítida que eu não sei
como não pensei nela antes. É coisa de doido, rs.
5. Você gosta de autores celebres, como
os clássicos Oscar Wilde e Sir Arthur Conan Doyle. Algum deles te inspira na
criação dos seus personagens hoje em dia?
R. Às vezes. Tem um pouco do Dorian Gray em certos personagens de As
Noivas de Robert Griplen, como o George Griplen, Jonathan Davenport e até no
próprio Robert. Minha primeira protagonista, a detetive Agatha Werner foi
parcialmente inspirada em Sherlock Holmes,
e tenho personagens de livros ainda não publicados inspirados em outras obras
desses autores. Doyle, principalmente, é uma fonte de inspiração constante,
sobretudo para os meus contos. E também o Maurice Leblanc, autor da série de
livros sobre Arsène Lupin, que é a
contraparte criminosa de Sherlock Holmes, um charmoso ladrão de casaca francês,
que eu também adoro. Edgar Alan Poe também é uma grande fonte de inspiração
para os meus contos. E estou trabalhando numa série de aventura com piratas que
teve, entre outras inspirações, o clássico A
Ilha do Tesouro, de Robert Louis Stevenson.
Quando se fala em inspiração, gosto
de buscar o conselho dos mestres.
6. E falando em inspirações, tem algum
“ritual” para te inspirar no processo criativo (música, mania, etc.)?
R. Chocolate é o clichê dos clichês
quando estou bloqueada, rs. Dizem que ele age numa parte do cérebro que auxilia
no processo criativo. Não sei se é verdade, mas tem funcionado comigo.
Também gosto de ler histórias
relacionadas ao tema sobre o qual estou escrevendo e ver filmes com temática
parecida. E depois de sofrer uma overdose de informações sobre o tema, eu leio
um livro ou vejo um filme sobre um assunto completamente diferente, e é ele
quem acaba me inspirando a resolver meus becos sem saída.
Juro, nunca vou conseguir entender
essa lógica ilógica da criação, rs.
Cabeça de escritor é um troço que nem Freud explica.
7. Tem algum projeto futuro?
R. Vários. Como mencionei, estou
trabalhando numa série de livros com piratas. O primeiro, “O Galeão Fantasma”
já está prontinho, e o segundo, “O Tesouro do Rei” está em processo de revisão.
Ainda estou trabalhando no esqueleto do terceiro, e se tudo correr bem, serão
cinco, mais um spin-off. Também estou perto de terminar uma fantasia medieval,
e já estou com um romance fantástico contemporâneo bem encaminhado. Além da
série de comédia “Se Contar, Ninguém Acredita”, de que já publiquei dois
livros, e já tenho outros em andamento. E mais uma meia dúzia de projetos em stand by – porque nem todo bloqueio se
resolve com chocolate, rs.
8. Tem algum recadinho para deixar aos
leitores do blog?
R. Comprem meus livros! Rs.
Falando sério agora: façam aquilo que
vocês amam! A vida já é um porre sem que a gente precise abrir mão do que
gosta. Ela dificulta o percurso, põe pedras no caminho, finge que vai te ajudar
depois te dá uma rasteira, e sempre tem quem vai te dizer que não vale a pena
gastar tanta energia tentando fazer uma coisa que não está dando certo. Mas
vale! Se você ama o que você faz, vale a pena, sim! Vale a galinha inteira,
aliás! Só você sabe o quanto deseja os seus sonhos, então, siga o conselho de
Patrick Verona: não deixe ninguém te convencer de que você não merece o que
quer. Você quer, você busca, você pode! Isso se aplica em qualquer situação na
vida.
Se você ama livros, leia; se ama
escrever escreva, se ama desenhar, desenhe; enfim... A vida é curta demais para
ser desperdiçada com medo de tentar. Uma tentativa tem 50% de chance de dar
certo. Se não tentar, tem 100% de chance de dar errado. Na dúvida, acredite
sempre no seu potencial. Vai que você está certo... ;)
O que acharam da entrevista? E da autora? Conta aí! 😉
Até mais!
Olá Hanna, como vai?
ResponderExcluirEu amo entrevista, principalmente com autores, é uma oportunidade única que temos de conhecer um pouco sobre eles, antes de comprarmos os seus livros.
Não conheço a autora ou as obras dela, pretendo conhecer a partir de agora, gostei muito das respostas sinceras que ela deu na entrevista.
Fico feliz que tenha aberto espaço no seu blog para autores nacionais, também faço isso no meu e tenho ficado feliz com os resultados.
Beijos e abraços
http://vickyalmeida.blogspot.com.br/
Ownt, que fofa Vick. Obrigada! Eu acho super legal conhecer um pouco mais sobre as mentes que escrevem nossos preciosos livros. E fico muito feliz sabendo que "estou no caminho certo". Obrigada flor e seja sempre bem vinda por aqui! =)
Excluir