As primeiras aventuras de Arsène Lupin, O ladrão de casaca

em 12 maio 2020

   Olá meu povo, como estamos? Hoje temos a resenha da minha última leitura durante a quarentena e, também, a participação no projeto #12livrospara2020. Esse projeto acontece todo mês por aqui, em parceria com as meninas do MãeLiteratura e Pacote Literário


Arsène Lupin, O ladrão de casaca
Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna



15/12

Livro: As primeiras aventuras de Arsène Lupin, O ladrão de casaca

Ator: Maurice Leblanc

Editora: Zahar 

Ano: 2016 (edição original em 1907)

Páginas: 267



Brilhante, audacioso, sedutor, mestre do disfarce e do jiu-jítsu, Arsène Lupin é a irônica resposta francesa a Sherlock Holmes: um ladrão refinado e anarquista, espécie de Robin Hood da Belle Époque. Nas nove histórias que compõem essas primeiras aventuras, o irresistível anti-herói atormenta seus oponentes, zomba das convenções estabelecidas, ridiculariza a burguesia e ajuda os mais fracos. E ainda enfrenta um grande detetive inglês, não por acaso chamado Herlock Sholmes. 



Arsène Lupin, O ladrão de casaca



    Quem é Arsène Lupin? Você pode muito bem ter cruzado com ele em algum momento de sua vida e nem sabia... Isso porque Arsène Lupin pode ser qualquer pessoa: uma velhinha que te pede ajuda para atravessar a rua, o rapaz solícito que te ajuda a se recuperar depois de uma topada na calçada, o segurança do prédio que entrou... pode ser qualquer pessoa mesmo! 
   Com uma capacidade para disfarces sem igual, ele consegue entrar e sair de qualquer lugar, sem ser visto, a não ser que ele realmente queira que isso aconteça. E o que ele faz com essa capacidade? Bem, ele é um ladrão profissional, ora bolas!  



"[...] Às vezes me pergunto por que nem todo mundo escolhe ser ladrão. Com um pouco de habilidade e reflexão, não existe trabalho mais sedutor. [...] Cômoda demais... chega a ser maçante."



   Não apenas é um ladrão profissional, como é o criminoso mais famoso e mais respeitado de toda a França, conhecido também como o "ladrão de casaca". Arsène Lupin nem é seu nome verdadeiro, mas seu nome artístico, podemos assim dizer... e também o mais próximo que teremos dele, já que em momento algum ele revelará seu nome verdadeiro. Apenas Arsène Lupin basta para colocar medo até nos bandidos mais perspicazes que a Europa já viu. 




Arsène Lupin, O ladrão de casaca
Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna



    E, para nos ambientar em suas aventuras, o autor Maurice Leblanc nos apresenta seu personagem mais famoso através de nove contos, os quais narram as primeiras aventuras de Arséne Lupin na literatura. Mal sabia ele que seu personagem ganharia fama mundial e renderia vários livros. Talvez a fama mundial aconteceu por seu personagem ter uma relação com Sherlock Holmes, o detetive mais inteligente que o mundo também já viu. 
   Mas, enquanto Holmes é um cara que, apesar de muito inteligente, é egoísta, mesquinho e cheio de manias, Lupin é um ladrão anarquista e bem refinado. Seus crimes são perfeitos, nunca deixam falha, a não ser que ele queira levar a fama por isso, deixando bilhetes irônicos de agradecimento ou despedida para suas vítimas. 
  Essa foi a primeira vez que li um romance policial onde nosso protagonista era um "vilão" querendo escapar da polícia. 
  Enquanto normalmente tentamos desvendar quem seria o culpado, meio que tentando solucionar as pistas junto com o detetive, que é nosso mocinho, aqui nós temos os bastidores da cena do crime. Isso porque Lupin tem todo um planejamento antes de realizar um assalto. 
  Porém, apesar de todos o temerem num primeiro momento, afinal ele é um ladrão e mestre dos disfarces, que pode entrar na tua casa, sendo convidado por você mesmo, depois que o conhecemos passamos a torcer por ele. 
  Isso porque ele nos é apresentado no decorrer da leitura, não como um vilão, mas como um anti-herói. 
  Em todos os contos, nosso desafio é descobrir qual personagem é Arsène Lupin, que está presente em todos os cantos, em todos os momentos, vendo tudo o que acontece. E é num desses contos que somos apresentados a Lupin antes de conceder a ele mesmo esse nome. 
  Quando sabemos do seu passado, ainda que sem um nome certo (afinal qualquer um pode ser ele), entendemos o motivo de ele ser mais um anti-herói do que um vilão. Arsène Lupin é a resposta que todos nós queríamos dar em vários momentos de nossas vidas. Podemos dizer até que ele seria uma espécie de Robin Hood moderno, já que sempre dá um jeito de roubar dos ricos para dar aos pobres. 
  Lupin gosta muito de perturbar seus inimigos, deixando eles maluquinhos quando se sentem ameaçados de serem roubados pelo ladrão de casaca. Além disso, como bom anarquista que é, Arsène Lupin ri e faz de gato e sapato todas as convenções estabelecidas pela sociedade do início do século XX, ridiculariza a burguesia metida e ajuda sempre os mais fracos.  
  E, como um bom ladrão, tem sempre um detetive que busca prender Lupin. Assim temos Ganimard, o policial cujo trabalho da vida é caçar e prender Arsène Lupin. Ele é o único que se arrisca a identificar o ladrão de casaca... às vezes erra, às vezes acerta... mas ele fica tão pasmo com os planos infalíveis de Lupin, que eu mesma duvido que ele queria que o rapaz seja preso. 
  Mesmo assim, todos os crimes que acontecem na França, Ganimard faz questão de dizer que é tudo culpa de Lupin, de uma forma até obsessiva. Sinceramente, nesses momentos, eu só me lembrava do desenho 'O pequeno Scooby Doo", onde tudo era culpa do Ruivo Hering! 


Ruivo Hering



  Isso porque seja com seu charme, inteligência, e seus planos que sempre dão certo... Arsène Lupin acaba sendo bastante sedutor, e é bem difícil não cair em sua lábia. 
  Além disso, é meio difícil condenar Lupin por tantos crimes, pois em dados momentos, acabamos dando razão a ele, quando o mesmo decide nos contar os motivos de ter tomado tais atitudes. Então a gente acaba torcendo por ele. 
  Porém, seus golpes são tão bem dados, e estão ficando tão famosos ao redor do mundo que, acreditem se quiserem, mas até Sherlock Holmes corre o risco de tomar uma volta do ladrão de casaca! 
  Sim meu povo, claro que o ladrão mais inteligente de todos os tempos deveria ser testado pelo detetive consultor mais famoso de todos os tempos... seria no mínimo justo! 
  Porém, embora citado como tal nos primeiros contos, o Maurice Leblanc depois teve problemas com direitos autorais. Afinal Holmes é do autor inglês Conan Doyle, que não curtiu muito seu personagem sendo citado assim na França. Então, em contos seguintes que ele venha a aparecer, recebeu a nova alcunha de Herlock Sholmes, mas sabemos exatamente de quem se trata mesmo assim. 
  O que eu posso dizer sobre esse livro? Bom, apesar de ser da mesma época de Sherlock Holmes e um clássico da literatura mundial, só vim conhecer o personagem no ano passado, quando vi a edição feita pela Zahar. E, como boa admiradora de Holmes, claro que fui também seduzida pelo seu inimigo. 
  O que mais gosto nos clássicos da editora Zahar é que eles sempre fazem as edições de bolso e de colecionador. Ambas são em capa dura e sempre tem um perfil psicológico e uma biografia do autor da história. Assim, caso não possamos ter a edição de colecionador, a de bolso é tão bonita quanto e num preço bem mais acessível. =) 
  Logo pela capa, somos apresentados ao nosso ladrão de casaca, usando uma cartola e uma bengala, clássicos da nobreza no início do século XX. Mas, como ele pode ser qualquer pessoa, temos apenas a sua sombra, o que foi uma bela sacada da editora e deu super certo, num fundo em vermelho e azul formando mandalas. Além disso, o navio no final da capa nos é apresentado logo no primeiro conto, o conto também da primeira aparição de Lupin na literatura. 
  As histórias se passam nos idos de 1900, quando algumas coisas estão começando a se tornar comuns em investigações criminais, como impressões digitais, por exemplo. Então, os casos narrados por Lupin acabam sendo bem detalhados, mostrando dados como se fosse nas séries de CSI da TV. O que achei incrível, dada a época em que a história se passa.  
  Claramente criado como uma resposta à altura a Sherlock Holmes, Arsène Lupin é completamente o oposto do detetive consultor. Enquanto Holmes é peculiar ao escolher seus crimes para resolver, Lupin é peculiar ao escolher suas vítimas. Holmes escolhe seus casos por quem é mais interessante no quesito de desafiar sua inteligência. Já Lupin escolhe os mais ricos que tenham sacaneado algum pobre mais próximo seu. 
  Holmes quer prestígio por ser inteligente, enquanto Lupin quer apenas que as pessoas tenham direitos iguais, nem que para isso ele tenha que usar disfarces para fazer a justiça pelas suas próprias mãos, do jeito que ele acha que tem que ser. 
  Arsène Lupin não quer ser famoso, mas quer ter seu nome na História, por ser uma espécie de justiceiro. Por isso, em vários contos tem uma manchete que sai no Echo de France, o jornal mais famoso da época, contando alguma coisa no estilo "Arsène Lupin salva o dia mais uma vez". O que é bem louco, já que ele é um ladrão, não um herói. Mas acaba que ele faz isso, meio que para chamar a atenção da polícia da época, dizendo que está a vários passos a frente e é mais inteligente. 


"[...]Quando se trata de um adversário como Arsène Lupin, Herlock Sholmes não aproveita oportunidades... ele as engendra..."


  Isso sem contar um tipo de adaptação do personagem de Conan Doyle; enquanto o narrador das histórias de Holmes é seu parceiro e fiel escudeiro Watson, Lupin quer ter suas aventuras escritas, e escolhe um narrador para elas, narrador esse que é quem nos apresenta Lupin inclusive. 
 
     


Arsène Lupin, O ladrão de casaca
Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna


  Ele não tem nome, mas dá-se a entender que é um homem a quem Lupin iria fazer de sua vítima, mas acabou se compadecendo e até criando vínculo de amizade com ele. Assim, temos uma troca: Lupin não o assalta, e em resposta o rapaz escreve suas histórias para a posteridade. 
  Como temos a história contada apenas pela cabeça de Lupin, não consigo imaginá-lo como um ladrão, embora ele mesmo goste de se chamar de ladrão de casaca. Ele tem a mão leve, isso é lá verdade, mas seu coração consegue ser tão grande, que por várias vezes me esquecia que ele deveria ser o vilão, não o mocinho (rsrsrs).     Talvez, se fosse na Idade Média, Lupin fizesse parte mesmo do bando de Robin Hood... ou se fosse mais no futuro, ele seria o protótipo do Batman, já que Lupin também sabe lutar jiu-jitsu como ninguém.  
  Com relação ao livro em si, já falei da capa dura belíssima, e agora falando sobre o texto, ele está muito bem revisado, com uma fonte bem legível e impresso em papel offwhite de 70g/m². No começo temos uma apresentação sobre quem é o autor Maurice Leblanc e o que o levou a criar Arsène Lupin. E, no final, temos uma história sobre por que criar Arsène Lupin. Eu achei bem legal isso, pois assim temos também uma ideia do que se passava na cabeça do autor e o que ele queria falar para o público com seu personagem. 
  É uma leitura rápida e de escrita bem fluida, especialmente se você curte suspense e mistério policial. Somando a capa, revisão, a história e o próprio personagem, dou nota máxima ao livro e espero ansiosa para ler o segundo volume, na próxima edição do projeto #12livrospara2020. =)  



   


    Para quem se lembra do nosso cronograma, esse é o nosso andamento até agora. 



12 livros para 2020




    E essa foi nossa postagem de hoje. O que acharam? Já tinham lido as histórias de Arsène Lupin? Gostam de livros de suspense com investigação assim? E quando é contado pelo lado do "culpado"? 
   




19 comentários:

  1. Como eu não li esse livro ainda? Eu adoro suspense e mistério policial, preciso muito ler esse livro. Adorei a resenha!

    Beijo.
    Cores do Vício

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    1. Não te julgo, pois eu também só conheci no ano passado e ele é beeem antigo... rsrs
      Mas espero que goste da leitura, tanto quanto eu. ^^

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  2. Que dica mais bacana, Hanna!
    Eu adoro livros com títulos diferentes e fiquei super curiosa para ler este aqui.
    Dica anotada.
    Todo mês espero com a maior expectativa nossa TAG, adoro!
    Bjs e até junho
    Claudia

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  3. Oi Hanna, tudo bem?
    Adoro Sherlock, mas nunca tinha ouvido falar nesse personagem.
    E agora já quero conhecer! Adorei a proposta de ser um anti-herói protagonizando as histórias e fiquei curiosa pra conferir. Ótima dica!
    Beijos,

    Priih
    Infinitas Vidas

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  4. Esse livro já está na minha lista desde que você falou dele pela primeira vez. Já vejo que vou gostar por conter referências a personagens que amo.

    Beijos

    Imersão Literária

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  5. Oi, Hanna!

    Caramba, que bacana a história! Um ladrão que se disfarça de qualquer um, pra prendê-lo certamente vai precisar de um detetive muito bom. Fiquei curiosa pra conferir a obra!

    xx Carol
    https://caverna-literaria.blogspot.com/

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    1. Ah, vai mesmo precisar de um bom detetive, Carol, rsrsrs.
      Se ler, depois me conta o que achou?

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  6. Oi
    não conhecia e fiquei interessada, ainda mais porque o protagonista é um ladrão aparentemente inteligente, que bom que gostou de realizar a leitura.

    http://momentocrivelli.blogspot.com/

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  7. Eu adorei a indicação! Gostos desses livros desafiadores que intrigam o leitor, esse parece cumprir o papel! Beijoss

    Primavera Agridoce ♥️♥️♥️

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  8. Oi, Hanna como vai? Eu não li este livro, mas me parece ser uma obra maravilhosa. Abraço!

    https://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/

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  9. Adorei a resenha, o livro parece ser muito divertido! Apesar de hoje em dia ter vários filmes e séries do ponto de vista dos ladrões, não acho muito comum ver livros assim. Essa briga de gato e rato até me lembrou um pouco o anime Death Note. Eu acho ótimo que a edição da Zahar tenha não só essas versões em capa dura, mas também digital, pois fica mais acessível ainda. Também adoro quando a editora trás mais informações sobre as histórias. Esse com certeza vai ser um clássico que vai pra minha lista!
    Abraço,
    Liv | Resenhas Caóticas | A Odisseia | Instagram

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    Respostas
    1. Oi Liv, sim, é um livro bem divertido de ler. Concordo que essa visão pelo lado do vilão é rara nos livros, por isso me chamou a atenção esse... que ainda é um clássico que ficou ofuscado pelo seu arqui-inimigo... rs Sou apaixonada pelos livros da editora exatamente por essas ideias incríveis que eles tem com os livros e, sim, lembra um pouco Death Note em alguns momentos. ^^

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