Olá meu povo, como estamos? Não sei se vocês se lembram de algumas resenhas que fiz por aqui, sobre os Assassinos de Anúbis. A trilogia ainda não está toda publicada, mas enquanto isso, podemos conferir um conto com dois personagens bem inusitados desse grupo de justiceiros: Lobo Vermelho e Samurai Noturno - Acima do medo, do autor nacional Everton Gullar.
Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna |
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Livro: Samurai Noturno e Lobo Vermelho - Acima do medo
Autor: Everton Gullar
Editora: UICLAP
Ano: 2020
Páginas: 131
Surge um herói, perdemos outro. É assim que recomeça a guerra contra o crime organizado na Capital. As revelações serão ainda mais impactantes, a luta mais sangrenta. A Samurai Noturna e Lobo Vermelho seguem em busca do CABEÇA, o tempo está acabando, os Assassinos de Anúbis sumiram, e terminar com o GRUPO A é o único objetivo.
Caso você tenha caído de paraquedas por aqui e não sabe quem são os Assassinos de Anúbis, farei um breve resumo.
Os Assassinos de Anúbis são um grupo de justiceiros, que agem como na mitologia egípcia, onde o deus do submundo julgava os corações dos mortos, para guiá-los ao seu destino, dependendo do que fizeram na terra em vida.
No caso dos Assassinos, as ditas "pessoas ruins" são "julgadas" e seus órgãos enviados para o Hospital Estadual de Transplantes.
No caso, as "pessoas ruins" são todos os políticos ou outros poderosos que vivem de esquemas de corrupção e prejudicando os mais pobres do país.
Ao entrar para a liga dos Assassinos de Anúbis, as pessoas abandonam seus nomes e histórias, e passam a usar um codinome, que tenha a ver com algo que marque sua vida.
Em 'Acima do medo', temos uma dupla, Lobo Vermelho e Samurai Noturno, que vão contar parte de suas histórias.
"Somos homens com loucuras e oportunidades diferentes, estamos acima do medo."
Ao contrário dos dois primeiros volumes, aqui temos um conto curtinho, porém com o mesmo estilo das outras histórias.
'Acima do medo' é na verdade uma espécie de Spin-Off da trama, então os Assassinos de Anúbis propriamente ditos não tem muitos holofotes.
Lobo Vermelho e Samurai Noturno estão na missão de suas vidas, pois precisam identificar o líder do chamado GRUPO A, conhecido apenas como o CABEÇA. O GRUPO A participa de um grande esquema de tráfico de drogas, prostituição e exploração de menores.
Logo, se conseguirem capturar o CABEÇA, todo o esquema cai. O problema é que ninguém sabe quem é o CABEÇA, então todo cuidado é pouco.
Ainda no clima de thriller/noir que se passa em um Brasil alternativo, o autor traz o já conhecido livro de mistério com toque mais sombrio.
Assim como em 'Assassinos de Anúbis', todos os personagens aqui são fictícios, porém inspirados em políticos que vemos normalmente nos jornais, então enxergamos aqui um toque bem crítico do cenário que temos atualmente.
Apesar do modo nada convencional, Lobo Vermelho e Samurai Noturno são verdadeiros heróis dos mais vulneráveis, talvez porque eles também fossem considerados assim quando não estão vestindo suas roupas de guerra.
Quando andam na rua como "civis", Lobo Vermelho se chama Hérbio e Samurai Noturno se chama Leona.
"Tenho medo desta loucura. Parece que estamos num mundo paralelo, enquanto as pessoas vivem felizes, nós sofremos e perdemos amigos na batalha."
Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna |
Hérbio sofreu um acidente e perdeu uma mão. Mas sua vida continua muito bem, especialmente quando ele usa sua prótese, fornecida pelos Assassinos em seus tempos de glória.
Vivendo com sua mãe, Hérbio tenta ser um bom filho e um bom cidadão, mas diante de tanta coisa acontecendo com pessoas próximas a ele, fica difícil ficar quieto diante das situações que vê no Lata de Lixo, um bairro extremamente pobre e cada vez mais esquecido pelo governo.
"Sim, sabe, as pessoas precisam de heróis, em quem acreditar."
Já o Samurai Noturno original era o namorado de Leona, que morreu enquanto procurava por CABEÇA e a moça resolve assumir o manto para continuar honrando seu nome, ao lado do Lobo Vermelho.
- Leia também: Assassinos de Anúbis
Leona é uma mulher trans, que vive na pele o que é ser discriminada pela própria família. Sua mãe foi a única pessoa que lhe apoiou.
E é por ela que Leona resolve fazer justiça quando veste o manto e usa o codinome do Samurai Noturno.
Leona e Hérbio partem em busca de CABEÇA, se dizendo heróis, mas aqui eu só vi vingança por motivos pessoais.
Muita coisa está em jogo, especialmente quando eles descobrem quem é CABEÇA e o quanto custaria desbaratar o seu esquema.
Fazer isso requer um ato muito grande de coragem, um caminho sem volta, do qual eles podem se arrepender amargamente.
Com uma escrita fluida e direta, o autor nos faz embarcar nessa jornada com os personagens e lutar ao lado deles.
Envoltos em cenas de muito "tiro, porrada e bomba", essa dupla vai mostrar que não está para brincadeira e nunca se sabe o que pode acontecer, quando estão em um dia de fúria, movidos pela raiva e revolta de uma vida inteira.
"Sonhava com um conto de fadas e caí dentro do inferno, fui enganada por homens gananciosos e imundos. Conheci o pior das pessoas e do mundo."
Com capítulos curtos e narrados pelo ponto de vista não apenas de Lobo Vermelho e Samurai Noturno, mas também de Telma, uma personagem secundária, podemos enxergar os acontecimentos de ângulos diferentes, o que nos torna mais próximos dos personagens e temos, também, uma visão menos enviesada.
Ler esse conto me deu a sensação de estar num filme de ação, coisa que há muito tempo não sentia e gostei bastante da experiência.
O final é meio aberto, porém é satisfatório e dá aquele quê de "tudo bem, quem sabe nos vemos por aí novamente?"
- Leia também: Olho de Hórus
O tempo inteiro, percebi também a revolta por parte do próprio autor, que transparece seu desgosto com o cenário político sem medo de se expressar.
Ao mesmo tempo, eu achei legal que, ao final do conto, ele teve todo o cuidado de alertar que em momento algum defendia os atos de Lobo Vermelho nem de Samurai Noturno, apesar de eles refletirem a angústia e a revolta de boa parte da nação, diante de alguns acontecimentos.
Acabou ficando mais como aquele recadinho de "não tentem isso em casa, crianças!", que achei legal, ainda mais em tempos sombrios que vivemos, onde tudo é levado muito ao pé da letra e precisa ser explicado direto e reto.
Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna |
Falando sobre o livro em si, li em formato digital, pelo Kindle Unlimited. A capa traz a Telma, Leona e Hérbio, como se estivessem partindo para o combate.
Apesar da leitura ser fluida, eu senti falta de mais carinho na revisão do texto, que tem vários errinhos que me incomodaram um pouco na leitura.
Além disso, fiquei perdida em alguns diálogos, que poderiam estar melhor organizados, para eu saber quem era o personagem que estava falando no momento.
A não ser isso, foi uma leitura rápida e com bastante ação, do início ao fim, com várias mensagens para refletir sobre o que queremos para nosso futuro.
Já tinham lido algum dos livros da trilogia Capital? Curtem histórias mais nesse estilo noir? Me contem aí.
Oi!
ResponderExcluirNão conhecia a trilogia Capital, mas já que gostei da premissa com inspiração na mitologia egípcia e ando gostando bastante de thrillers vou anotar a dica!
Beijão
https://deiumjeito.blogspot.com/
Espero que goste da leitura ^^
ExcluirOi, Hanna. Tudo bem? Parece muito interessante. Fiquei tentado a lê-lo. Que bom que você tenha se agradado da obra. Abraço!
ResponderExcluirQue bom que gostou da resenha Luciano, espero que curta a leitura também. ^^
ExcluirOi Hanna,
ResponderExcluirNão li nenhum livro não e acho que não faz tanto meu estilo, mas tenho uma amiga que goste do estilo noir, então acho que pode ser uma boa pedida para ela! Ainda mais que o termo está na 'moda'.
beeeijos
http://estante-da-ale.blogspot.com/
Boa Ale, espero que sua amiga curta a leitura. ^^
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