Olá meu povo, como estamos? Hoje trago a resenha de uma obra de fantasia
oriental que descobri junto ao grupo de leitura “Mundos Fantásticos”. O livro
se chama ‘Os Seis Grous’, de Elizabeth Lim.
Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna |
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Livro: Os Seis Grous
Autora: Elizabeth Lim
Editora: Plataforma 21
Ano: 2022
Páginas: 416
Shiori’anma é a única princesa do reino de Kiata e guarda consigo um segredo: a magia corre em suas veias. Geralmente, ela esconde bem seus poderes, mas na manhã de sua cerimônia de noivado, a jovem perde o controle. No início, seu erro parece um golpe de sorte, já que ajuda a impedir o casamento que ela nunca quis.Mas o ocorrido também chama a atenção de Raikama, sua madrasta feiticeira, que bane a jovem princesa e transforma seus irmãos em grous. Raikama ainda alerta Shiori: ela não deve falar sobre isso com ninguém, pois a cada palavra que escapar de seus lábios, um de seus irmãos transformado em pássaro morrerá.Desamparada, sem voz e sozinha, Shiori precisa quebrar o feitiço, salvar os irmãos e, enfim, conseguir voltar para casa. Em sua jornada, a princesa acaba descobrindo uma conspiração a fim de tomar o trono. Somente ela será capaz de trazer a paz ao reino, mas deverá confiar em uma ave feita de dobraduras de papel, em um dragão e até no rapaz com quem lutou tanto para não se casar. E Shiori precisará assumir, finalmente, a magia que escondeu por toda a vida – custe o que custar.'Os Seis Grous' é o primeiro volume desta aguardada série de Elizabeth Lim. A autora nos transporta para um universo fantástico cuidadosamente construído com elementos da mitologia asiática, em um inesquecível reconto do clássico ‘Os Seis Cisnes’, dos Irmãos Grimm.
Shiori’anma é uma princesa de Kiata. Única mulher entre sete irmãos. Ela
só queria ser livre, mas é cobrada todos os dias para cumprir suas obrigações com
o reino. Uma delas é se casar com Takkan Bushian, um príncipe prometido a ela
desde que nasceu.
Embora o acordo estivesse feito entre os reinos, desde o seu nascimento,
a mocinha não o cumpre, por conta de coisas muito estranhas acontecendo a sua
volta, especialmente que ela descobre sobre si mesma.
A situação inusitada leva
a um incidente internacional, mas também a muitos mistérios, os quais estariam
bem escondidos nas Montanhas Sagradas, mas agora ganham força e podem mergulhar
o mundo em trevas.
Não bastasse isso, Shiori faz uma descoberta terrível sobre Raikama, a
madrasta má que se mostra uma feiticeira poderosa e lança uma maldição sobre o
palácio.
Shiori é condenada a usar uma tigela mágica na cabeça e ao silêncio
para não ser reconhecida, pois a cada palavra que diga pode matar seus irmãos.
Estes, por sua vez, são condenados a se transformarem em grous a cada
amanhecer, voando pelos céus de Kiata e sem poder assumir o trono que lhes é de
direito.
A princesa e seus irmãos precisam encarar vários desafios para
descobrirem como se libertar da maldição e recuperar o reino deles, antes que seja
tarde demais.
Mas como farão isso, se Raikama está cada dia mais forte e
dominando o reino?
“Que nossos fios estivessem emaranhados e unidos. Não era irônico que eu – uma garota que sempre quis fazer as próprias escolhas – agora não quisesse nada além de me render ao destino?”
Pelo que me lembre, nunca tinha lido um livro que trouxesse a mitologia
oriental. Quando vi o tema do mês no grupo de leitura, resolvi dar uma chance,
especialmente para me redimir, já que minha primeira experiência com os livros
que escolheram não foi boa e acabei por abandoná-lo.
Aqui, já cheguei sabendo que se tratava de uma trama pendendo mais para
o YA, então não criei muitas expectativas a respeito.
Apesar de ser uma
fantasia, vendo que era inspirado nos contos de Grimm, eu esperava algo bem
sombrio e com um “final feliz” mirabolante.
E a autora fez exatamente isso. Como não li o conto original, não posso
afirmar se a ideia foi seguida à risca não.
No entanto, posso afirmar que ela
me levou a mergulhar num mundo que eu jamais imaginei.
A trama se passa em Kiata, um país que me lembra a China. Com toques ora
de Grimm, ora de Mulan (na versão Disney), conhecemos os acontecimentos pelo
ângulo de Shiori, somente.
Ela é uma jovem de 16 anos, prestes a se casar com alguém que mal
conhecia. Embora saiba que é sua obrigação, não apenas com o país, mas também
com seu pai, ela faz de tudo para fugir do compromisso, arrumando as desculpas
mais esfarrapadas para evitar o inevitável.
Porém, uma de suas fugas envolve uma descoberta que ela jamais
imaginaria: a de que tem o dom da magia, algo abominável em Kiata.
Segundo seu
pai, a magia corrompe os homens e os transforma em demônios, para depois
mergulhar o mundo em trevas.
As lendas contam muitas histórias sobre pessoas
que foram para lá e nunca mais voltaram, o que lhe dá muito medo, mas ao mesmo
tempo, curiosidade.
Por causa disso, Shiori acaba usando a magia quando ninguém vê e dá vida
para um grou (uma espécie de cisne) de papel, a Kiki.
Embora seja de papel, a
pequena tem bastante energia e personalidade, o que faz Shiori se meter em
muitas confusões, tentando manter seu segredo.
Numa dessas, a mocinha quase morre afogada em um lago do jardim, no
momento de seu noivado. Embora ela afirme que foi salva por um dragão de olhos
amarelos, o príncipe Takkan se retira com raiva e os países quase entram em
guerra, devido “a uma mentira deslavada de uma princesa atrevida”.
Shiori continua contando a história do dragão misterioso, enquanto busca
provas para que seu pai e seus irmãos não a chamem de mentirosa.
Porém, nesse
meio tempo, a princesa descobre segredos dentro do próprio palácio, envolvendo
Raikama, atual esposa do imperador.
A Rainha Sem Nome é um poço de mistérios e
parece ser a única que acredita em Shiori.
Entretanto, falar sobre dragões e magia dentro do palácio tem um preço
muito alto, que a princesa descobre da pior forma possível.
Tanto ela quanto
seus irmãos são amaldiçoados e o reino inteiro é ameaçado pelo retorno de
demônios antigos e poderosos, a começar pela própria Raikama, a responsável por
enfeitiçar os enteados e mandá-los para os confins de Kiata.
Shiori e os seus irmãos precisam voltar para casa e lutar contra as
forças das trevas. Mas antes disso, vão precisar enfrentar dilemas do passado,
os quais não podem mais ser ignorados.
Além disso, Shiori vai aprender que
existem coisas muito piores no mundo do que as jogadas políticas de seu pai.
Se ninguém tivesse me contado de onde veio a inspiração da autora, eu
teria a impressão de ser um conto de fadas típico do país dela.
Com esse clima
de bem x mal, já é um tanto óbvio que teremos um “final feliz”. Mas como ele
iria acontecer foi o que mais me chamou atenção.
“Eu daria qualquer coisa para mudar isso, mas nem a magia mais poderosa do mundo pode mudar o passado.”
Para começar, eu não fui muito com a cara da Shiori e, vendo as coisas
pelo lado dela, não ajudou muito também.
Concordo que ser forçada a se casar
para manter alianças políticas é um pesadelo na vida de qualquer pessoa, mas
esse era o menor dos problemas nesse livro.
Por ser a única filha do imperador, sempre teve todas as regalias
possíveis ao seu dispor. Isso a mostra como uma adolescente extremamente mimada
e atrevida, o que me fez revirar os olhos em diversos momentos.
Porém, quando
foi banida de Kiata, com a tigela na cabeça, percebe que as coisas não são um
mar de rosas e muito menos fáceis.
Sem poder dizer uma única palavra, com a ameaça de ser a responsável por
matar seus irmãos, é obrigada a ficar calada e aguentar diversas situações
assustadoras e nojentas.
Sua única companhia é Kiki, criada em um momento a la
“Aprendiz de Feiticeiro”.
O pequeno grou parece ser o personagem mais sensato de toda a trama.
Embora tenha toda aquela alegria de quem está descobrindo o mundo, a pequena
também é bastante sincera e fala o que lhe dá na telha.
Por isso, Shiori leva
mais puxões de orelha do que os costumes do palácio e códigos de etiqueta que
aprendeu jamais seriam capazes de lhe ensinar.
Também, quando a jovem se vê sozinha e sem voz, precisa se virar para
sobreviver e não ser feita de boba.
O que não é nada fácil, ao perceber como as
pessoas são tratadas quando não tem um título de nobreza para expor.
São cenas
tristes, tocantes e até um tanto pesadas em alguns momentos. Mas que serviram
para Shiori amadurecer e notar que o mundo não gira em torno de seus vestidos e
sapatilhas de seda.
Embora sejam cenas importantes, confesso que me deu nos nervos algumas
vezes.
Shiori passava muito tempo imaginando o que faria em certas situações, com
nariz empinado e mandando em todos.
Isso me deu agonia e eu só queria dar uns
tapas nela, para ver se acordava para a vida e crescia.
Felizmente esses momentos eram intercalados com cenas mais divertidas em
que Kiki aparecia e o próprio mistério central, envolvendo o motivo de Shiori
ter sido amaldiçoada.
Conforme a princesa vai tentando sobreviver à sua jornada de volta para
casa e buscando seus irmãos, vamos descobrindo pistas para entender o que levou
às atitudes de Raikama. Aos poucos, percebemos que ninguém é o que parece ser.
A própria Shiori é um exemplo disso, pois é uma princesa de pele delicada e
hábitos sofisticados, tendo que se virar nas cozinhas sujas e dormir em porões
cheios de ratos, pois era tida como uma “conjuradora de demônios” e vivia
momentos de superstição e preconceito por onde passava.
Os irmãos de Shiori e o Seryu (o dragão misterioso) também são um caso à
parte. Eles aparecem quando devem aparecer, e saem de cena para a princesa
brilhar.
Algo que é curioso, já que nos contos de Grimm as princesas são sempre
frágeis e salvas no final. Aqui notei o oposto, Shiori deveria crescer,
aparecer e ser a sua própria heroína.
Quando percebi isso, tentei dar uma chance para a personagem e fazer as
pazes com a princesa. Ainda acho que ela precisa crescer muito ao longo dos
outros volumes, mas para esse primeiro, me convenceu.
Quem também me impressionou foi Takkan. O príncipe também é um
adolescente e queria seguir “suas obrigações” com o reino do pai.
No entanto,
se mostra um herói de verdade em diversos momentos.
Aliás, ouso dizer que, se todo príncipe encantado dos contos de fadas
fossem que nem Takkan, as gerações de meninas teriam crescido sabendo o que é
um romance de verdade, em vez de só acharem que bastava aparecer num cavalo
branco e tudo estava resolvido.
Takkan é um jovem com veia artística, sonhador e muito romântico. Mesmo
que seu casamento fosse uma aliança política, ele queria ver o lado bom das
coisas e poder viver um amor de verdade com Shiori.
Ver como o príncipe sofre
pelo desaparecimento da princesa é de partir o coração e eu só torcia o tempo
todo para que ele se ligasse nas pistas e percebesse que as coisas estavam bem debaixo
do seu nariz.
O clima de romance e de coração partido impera quase o livro todo, mas
também dá espaço para as cenas de magia e dos mistérios, que parecem nunca ter
fim.
O desfecho é mais ou menos fechado, porém dá margem de um “tem mais
coisa’, para os próximos volumes.
“Cerque-se de quem sempre vai te amar, mesmo com seus defeitos e suas falhas.”
No entanto, apesar de amarrar algumas pontas, eu não concordei com a
forma como isso aconteceu. Eu sei que era um livro juvenil e certas coisas seriam
superficiais mesmo.
Mas a autora lidou muito bem com assuntos pertinentes, tais como seitas,
crenças cegas, preconceito e até o romance, então poderia ter caprichado um
pouco mais na cena que eu mais esperava, o embate entre Raikama e Shiori.
Fiquei um tanto decepcionada com essa parte e senti falta de muitas (muitas
mesmo) respostas.
A não ser isso, foi um “tijolinho” que gostei de ler. Falando sobre o
livro em si, li em versão digital. Então, posso dizer que a revisão está bem
feita, assim como a diagramação.
A capa também é bem bonita e parece mais um quadro, que certamente teria
na minha parede.
E aí, o que acharam do livro? Já leram algum outro trabalho da autora? Me contem aí!
Obs.: Texto revisado por Emerson Silva
Oi, Hanna! Como vai? Parece uma obra interessante. Fiquei curioso. Abraço!
ResponderExcluirhttps://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/
Que bom que gostou, Luciano. Foi uma boa leitura, apesar das ressalvas
ExcluirOlha, não é muito o tipo de livro que eu gosto. Mas conheço muita gente que ama, então agora já tenho o que indicar pra eles! Bjks
ResponderExcluirBoa! Assim todo mundo fica feliz! =)
ExcluirOie Hanna, tudo bem? Gente que obra impressionante. Também nunca li algo voltado para esta cultura e depois do seu post me chamou muito a atenção dando até vontade de lê-lo. Amei demais mesmo a resenha e gostei das pontuações que fez criticando um pouco a obra.
ResponderExcluirBeijinhos, Tham
4 You Books Mania
Ownt, que ótimo que gostou e ficou curiosa, =). Realmente a Ásia é rica em cultura, e nem pensamos muito nisso, né?
ExcluirOlá, Hanna.
ResponderExcluirPor isso prefiro o blog ao Instagram. Eu li essa sua resenha por lá, mas aqui sim que dá para colocar todos os detalhes, nossos sentimentos e se já queria ler o livro depois dessa resenha eu preciso dele. Só vou esperar uma promo como falei por lá hehe. Eu já li um outro livro inspirado nesse conto que amei e acho que vou gostar desse também.
Prefácio
Concordo com você, Sil. Lá tem o limite de caracteres, que impede um pouco nossas opiniões. Por isso sempre levanto a bandeira do blog, haha. Espero que goste da leitura também, =).
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