Os Seis Grous | Elizabeth Lim

em 23 junho 2022

    Olá meu povo, como estamos? Hoje trago a resenha de uma obra de fantasia oriental que descobri junto ao grupo de leitura “Mundos Fantásticos”. O livro se chama ‘Os Seis Grous’, de Elizabeth Lim.



Os Seis Grous | Elizabeth Lim
Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna






31/24

Livro: Os Seis Grous 

Autora: Elizabeth Lim 

Editora: Plataforma 21 

Ano: 2022 

Páginas: 416 



Shiori’anma é a única princesa do reino de Kiata e guarda consigo um segredo: a magia corre em suas veias. Geralmente, ela esconde bem seus poderes, mas na manhã de sua cerimônia de noivado, a jovem perde o controle. No início, seu erro parece um golpe de sorte, já que ajuda a impedir o casamento que ela nunca quis.
Mas o ocorrido também chama a atenção de Raikama, sua madrasta feiticeira, que bane a jovem princesa e transforma seus irmãos em grous. Raikama ainda alerta Shiori: ela não deve falar sobre isso com ninguém, pois a cada palavra que escapar de seus lábios, um de seus irmãos transformado em pássaro morrerá.
Desamparada, sem voz e sozinha, Shiori precisa quebrar o feitiço, salvar os irmãos e, enfim, conseguir voltar para casa. Em sua jornada, a princesa acaba descobrindo uma conspiração a fim de tomar o trono. Somente ela será capaz de trazer a paz ao reino, mas deverá confiar em uma ave feita de dobraduras de papel, em um dragão e até no rapaz com quem lutou tanto para não se casar. E Shiori precisará assumir, finalmente, a magia que escondeu por toda a vida – custe o que custar.
'Os Seis Grous' é o primeiro volume desta aguardada série de Elizabeth Lim. A autora nos transporta para um universo fantástico cuidadosamente construído com elementos da mitologia asiática, em um inesquecível reconto do clássico ‘Os Seis Cisnes’, dos Irmãos Grimm.


Os Seis Grous | Elizabeth Lim




   Shiori’anma é uma princesa de Kiata. Única mulher entre sete irmãos. Ela só queria ser livre, mas é cobrada todos os dias para cumprir suas obrigações com o reino. Uma delas é se casar com Takkan Bushian, um príncipe prometido a ela desde que nasceu.
   Embora o acordo estivesse feito entre os reinos, desde o seu nascimento, a mocinha não o cumpre, por conta de coisas muito estranhas acontecendo a sua volta, especialmente que ela descobre sobre si mesma
   A situação inusitada leva a um incidente internacional, mas também a muitos mistérios, os quais estariam bem escondidos nas Montanhas Sagradas, mas agora ganham força e podem mergulhar o mundo em trevas.
   Não bastasse isso, Shiori faz uma descoberta terrível sobre Raikama, a madrasta má que se mostra uma feiticeira poderosa e lança uma maldição sobre o palácio
   Shiori é condenada a usar uma tigela mágica na cabeça e ao silêncio para não ser reconhecida, pois a cada palavra que diga pode matar seus irmãos
   Estes, por sua vez, são condenados a se transformarem em grous a cada amanhecer, voando pelos céus de Kiata e sem poder assumir o trono que lhes é de direito.
   A princesa e seus irmãos precisam encarar vários desafios para descobrirem como se libertar da maldição e recuperar o reino deles, antes que seja tarde demais. 
  Mas como farão isso, se Raikama está cada dia mais forte e dominando o reino?

 

“Que nossos fios estivessem emaranhados e unidos. Não era irônico que eu – uma garota que sempre quis fazer as próprias escolhas – agora não quisesse nada além de me render ao destino?”

 

   Pelo que me lembre, nunca tinha lido um livro que trouxesse a mitologia oriental. Quando vi o tema do mês no grupo de leitura, resolvi dar uma chance, especialmente para me redimir, já que minha primeira experiência com os livros que escolheram não foi boa e acabei por abandoná-lo.
   Aqui, já cheguei sabendo que se tratava de uma trama pendendo mais para o YA, então não criei muitas expectativas a respeito. 
   Apesar de ser uma fantasia, vendo que era inspirado nos contos de Grimm, eu esperava algo bem sombrio e com um “final feliz” mirabolante.
   E a autora fez exatamente isso. Como não li o conto original, não posso afirmar se a ideia foi seguida à risca não. 
   No entanto, posso afirmar que ela me levou a mergulhar num mundo que eu jamais imaginei.
   A trama se passa em Kiata, um país que me lembra a China. Com toques ora de Grimm, ora de Mulan (na versão Disney), conhecemos os acontecimentos pelo ângulo de Shiori, somente.
   Ela é uma jovem de 16 anos, prestes a se casar com alguém que mal conhecia. Embora saiba que é sua obrigação, não apenas com o país, mas também com seu pai, ela faz de tudo para fugir do compromisso, arrumando as desculpas mais esfarrapadas para evitar o inevitável.
   Porém, uma de suas fugas envolve uma descoberta que ela jamais imaginaria: a de que tem o dom da magia, algo abominável em Kiata. 
   Segundo seu pai, a magia corrompe os homens e os transforma em demônios, para depois mergulhar o mundo em trevas. 
   As lendas contam muitas histórias sobre pessoas que foram para lá e nunca mais voltaram, o que lhe dá muito medo, mas ao mesmo tempo, curiosidade.
   Por causa disso, Shiori acaba usando a magia quando ninguém vê e dá vida para um grou (uma espécie de cisne) de papel, a Kiki. 
   Embora seja de papel, a pequena tem bastante energia e personalidade, o que faz Shiori se meter em muitas confusões, tentando manter seu segredo.
   Numa dessas, a mocinha quase morre afogada em um lago do jardim, no momento de seu noivado. Embora ela afirme que foi salva por um dragão de olhos amarelos, o príncipe Takkan se retira com raiva e os países quase entram em guerra, devido “a uma mentira deslavada de uma princesa atrevida”.
   Shiori continua contando a história do dragão misterioso, enquanto busca provas para que seu pai e seus irmãos não a chamem de mentirosa. 
   Porém, nesse meio tempo, a princesa descobre segredos dentro do próprio palácio, envolvendo Raikama, atual esposa do imperador. 


Os Seis Grous | Elizabeth Lim
Foto: Hanna Carolina/Mudinho da Hanna




   A Rainha Sem Nome é um poço de mistérios e parece ser a única que acredita em Shiori.
   Entretanto, falar sobre dragões e magia dentro do palácio tem um preço muito alto, que a princesa descobre da pior forma possível. 
   Tanto ela quanto seus irmãos são amaldiçoados e o reino inteiro é ameaçado pelo retorno de demônios antigos e poderosos, a começar pela própria Raikama, a responsável por enfeitiçar os enteados e mandá-los para os confins de Kiata.
   Shiori e os seus irmãos precisam voltar para casa e lutar contra as forças das trevas. Mas antes disso, vão precisar enfrentar dilemas do passado, os quais não podem mais ser ignorados
   Além disso, Shiori vai aprender que existem coisas muito piores no mundo do que as jogadas políticas de seu pai.
   Se ninguém tivesse me contado de onde veio a inspiração da autora, eu teria a impressão de ser um conto de fadas típico do país dela. 
   Com esse clima de bem x mal, já é um tanto óbvio que teremos um “final feliz”. Mas como ele iria acontecer foi o que mais me chamou atenção.

 

“Eu daria qualquer coisa para mudar isso, mas nem a magia mais poderosa do mundo pode mudar o passado.”

 

    Para começar, eu não fui muito com a cara da Shiori e, vendo as coisas pelo lado dela, não ajudou muito também. 
   Concordo que ser forçada a se casar para manter alianças políticas é um pesadelo na vida de qualquer pessoa, mas esse era o menor dos problemas nesse livro.
   Por ser a única filha do imperador, sempre teve todas as regalias possíveis ao seu dispor. Isso a mostra como uma adolescente extremamente mimada e atrevida, o que me fez revirar os olhos em diversos momentos. 
   Porém, quando foi banida de Kiata, com a tigela na cabeça, percebe que as coisas não são um mar de rosas e muito menos fáceis.
   Sem poder dizer uma única palavra, com a ameaça de ser a responsável por matar seus irmãos, é obrigada a ficar calada e aguentar diversas situações assustadoras e nojentas. 
   Sua única companhia é Kiki, criada em um momento a la “Aprendiz de Feiticeiro”.
   O pequeno grou parece ser o personagem mais sensato de toda a trama. Embora tenha toda aquela alegria de quem está descobrindo o mundo, a pequena também é bastante sincera e fala o que lhe dá na telha.
   Por isso, Shiori leva mais puxões de orelha do que os costumes do palácio e códigos de etiqueta que aprendeu jamais seriam capazes de lhe ensinar.
   Também, quando a jovem se vê sozinha e sem voz, precisa se virar para sobreviver e não ser feita de boba. 
   O que não é nada fácil, ao perceber como as pessoas são tratadas quando não tem um título de nobreza para expor


Os Seis Grous | Elizabeth Lim
Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna




   São cenas tristes, tocantes e até um tanto pesadas em alguns momentos. Mas que serviram para Shiori amadurecer e notar que o mundo não gira em torno de seus vestidos e sapatilhas de seda.
   Embora sejam cenas importantes, confesso que me deu nos nervos algumas vezes. 
   Shiori passava muito tempo imaginando o que faria em certas situações, com nariz empinado e mandando em todos.    
   Isso me deu agonia e eu só queria dar uns tapas nela, para ver se acordava para a vida e crescia.
Felizmente esses momentos eram intercalados com cenas mais divertidas em que Kiki aparecia e o próprio mistério central, envolvendo o motivo de Shiori ter sido amaldiçoada.
   Conforme a princesa vai tentando sobreviver à sua jornada de volta para casa e buscando seus irmãos, vamos descobrindo pistas para entender o que levou às atitudes de Raikama. Aos poucos, percebemos que ninguém é o que parece ser
   A própria Shiori é um exemplo disso, pois é uma princesa de pele delicada e hábitos sofisticados, tendo que se virar nas cozinhas sujas e dormir em porões cheios de ratos, pois era tida como uma “conjuradora de demônios” e vivia momentos de superstição e preconceito por onde passava.
  Os irmãos de Shiori e o Seryu (o dragão misterioso) também são um caso à parte. Eles aparecem quando devem aparecer, e saem de cena para a princesa brilhar. 
  Algo que é curioso, já que nos contos de Grimm as princesas são sempre frágeis e salvas no final. Aqui notei o oposto, Shiori deveria crescer, aparecer e ser a sua própria heroína.
  Quando percebi isso, tentei dar uma chance para a personagem e fazer as pazes com a princesa. Ainda acho que ela precisa crescer muito ao longo dos outros volumes, mas para esse primeiro, me convenceu.
   Quem também me impressionou foi Takkan. O príncipe também é um adolescente e queria seguir “suas obrigações” com o reino do pai. 
   No entanto, se mostra um herói de verdade em diversos momentos.
   Aliás, ouso dizer que, se todo príncipe encantado dos contos de fadas fossem que nem Takkan, as gerações de meninas teriam crescido sabendo o que é um romance de verdade, em vez de só acharem que bastava aparecer num cavalo branco e tudo estava resolvido.
  Takkan é um jovem com veia artística, sonhador e muito romântico. Mesmo que seu casamento fosse uma aliança política, ele queria ver o lado bom das coisas e poder viver um amor de verdade com Shiori. 
   Ver como o príncipe sofre pelo desaparecimento da princesa é de partir o coração e eu só torcia o tempo todo para que ele se ligasse nas pistas e percebesse que as coisas estavam bem debaixo do seu nariz.
   O clima de romance e de coração partido impera quase o livro todo, mas também dá espaço para as cenas de magia e dos mistérios, que parecem nunca ter fim. 
   O desfecho é mais ou menos fechado, porém dá margem de um “tem mais coisa’, para os próximos volumes.

 

“Cerque-se de quem sempre vai te amar, mesmo com seus defeitos e suas falhas.”

 

   No entanto, apesar de amarrar algumas pontas, eu não concordei com a forma como isso aconteceu. Eu sei que era um livro juvenil e certas coisas seriam superficiais mesmo.
   Mas a autora lidou muito bem com assuntos pertinentes, tais como seitas, crenças cegas, preconceito e até o romance, então poderia ter caprichado um pouco mais na cena que eu mais esperava, o embate entre Raikama e Shiori. 
   Fiquei um tanto decepcionada com essa parte e senti falta de muitas (muitas mesmo) respostas.
   A não ser isso, foi um “tijolinho” que gostei de ler. Falando sobre o livro em si, li em versão digital. Então, posso dizer que a revisão está bem feita, assim como a diagramação.
  A capa também é bem bonita e parece mais um quadro, que certamente teria na minha parede.








   E aí, o que acharam do livro? Já leram algum outro trabalho da autora? Me contem aí! 


Obs.: Texto revisado por Emerson Silva 

8 comentários:

  1. Oi, Hanna! Como vai? Parece uma obra interessante. Fiquei curioso. Abraço!


    https://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/

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    1. Que bom que gostou, Luciano. Foi uma boa leitura, apesar das ressalvas

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  2. Olha, não é muito o tipo de livro que eu gosto. Mas conheço muita gente que ama, então agora já tenho o que indicar pra eles! Bjks

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  3. Oie Hanna, tudo bem? Gente que obra impressionante. Também nunca li algo voltado para esta cultura e depois do seu post me chamou muito a atenção dando até vontade de lê-lo. Amei demais mesmo a resenha e gostei das pontuações que fez criticando um pouco a obra.
    Beijinhos, Tham
    4 You Books Mania

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    1. Ownt, que ótimo que gostou e ficou curiosa, =). Realmente a Ásia é rica em cultura, e nem pensamos muito nisso, né?

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  4. Olá, Hanna.
    Por isso prefiro o blog ao Instagram. Eu li essa sua resenha por lá, mas aqui sim que dá para colocar todos os detalhes, nossos sentimentos e se já queria ler o livro depois dessa resenha eu preciso dele. Só vou esperar uma promo como falei por lá hehe. Eu já li um outro livro inspirado nesse conto que amei e acho que vou gostar desse também.

    Prefácio

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    1. Concordo com você, Sil. Lá tem o limite de caracteres, que impede um pouco nossas opiniões. Por isso sempre levanto a bandeira do blog, haha. Espero que goste da leitura também, =).

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