Olá meu povo, como estamos? Hoje temos entrevista com um de nossos autores parceiros, Viktor Waewell, a mente por trás do romance histórico Novo Mundo em Chamas, que foi resenhado aqui no blog uns dias atrás.
Foto: Arquivo pessoal/Viktor Waewell |
1. Quem é Viktor Waewell?
R. De todos os meus
valores, talvez o principal seja o da amizade. Nos meus aniversários, eu
promovo um campeonato de piadas entre os amigos. Com júri e troféu. Alguns
chegam a pedir pra sair, quando dói a barriga de tanto rir. Adoro viajar, por
sinal, dei uma volta ao mundo com mochila nas costas há alguns anos. Apaixonado
por literatura, história, psicologia e filosofia. Nessa ordem. Tenho saudades
da época antes da pandemia, quando eu podia frequentar o teatro e a
filarmônica, depois um barzinho. Também sinto falta da turma reunida. Na
pandemia, saí de Belo Horizonte e me mudei para um lugar bem pequeno no
interior de Minas, perto de cachoeiras, com minha companheira e dois gatos.
Entre lá e cá, adotamos um cachorro. Aparentemente, a mudança de ares que foi
definitiva. Sou muito específico com meu gosto musical e com literatura, mas
não me importo tanto com lixo pop em filme ou série. Não suporto televisão
desde que me entendo por gente. Além de escritor, sou roteirista e diretor de
vídeo. Também gosto dessas atividades.
2. O livro Novo Mundo em
Chamas foi uma verdadeira volta no tempo, na qual vemos uma parte importante da
História do Brasil. O que te levou a se enveredar pelo gênero de Romance
Histórico?
R. Eu sempre fui
atraído por conteúdos que se passam em tempos passados. Mas a produção nacional
é bastante reduzida nisso. Em algum momento, eu percebi que, por ler tanta
ficção histórica de outros países, eu sabia mais da História de lá do que a de
cá, e olha que sou uma pessoa que lê livros de História por pura diversão. É
que quando aprendemos através da ficção, é num nível emocional, a gente sente
como era a vida. Foi por isso que decidi fazer isso para o Brasil. Foi como um
chamado, um momento de inspiração, que descobri uma missão de vida.
3. No final do livro,
temos uma espécie de diário, no qual podemos ver um pouco de sua viagem pelos
locais abordados no livro. Além disso, tem várias notas explicativas sobre os
cenários e personagens citados, sejam reais ou fictícios. Conta para a gente
como foi esse processo de pesquisa? Quanto tempo ele durou?
R. Eu abracei de
coração a fase da pesquisa. São diversos aspectos, cada um poderia virar tema
de um livro inteiro ou tese. Exemplos: a culinária, as estratégias militares, a
cultura dos palmarinos, a dos indígenas, a dos portugueses, a dos holandeses. Como
uma pessoa fazia festa? Se um rapaz quiser paquerar uma garota, como ele faria?
Como as pessoas adoravam seus deuses? Como eram as relações familiares? E assim
por diante. Cada parágrafo do livro tem um detalhe ali que às vezes eu levei um
bom tempo para pesquisar. Tudo tem que estar bem claro na minha imaginação,
para os personagens e o mundo serem verossímeis. Então, li muitos historiadores,
clássicos ou contemporâneos. Depois, busquei na Capes, que tem um catálogo
nacional de Teses e Dissertações, por variadas palavras-chaves. Fiquei um ano
praticamente apenas pesquisando, continuei fazendo isso depois que comecei a
escrever. Eu considero que o meu trabalho faz uma espécie de ponte entre a
pesquisa acadêmica e o público amplo.
4. Uma coisa que ficou
marcada foi a personalidade dos personagens nesse livro, especialmente os que
de fato existiram. Como foi esse processo de “dar vida” a alguém que realmente
existiu? Tinha alguma fonte pela qual você imaginou como seria a personalidade
deles?
R. Esse foi um desafio e
tanto! As pessoas que realmente existiram, quase sempre só podemos conhecê-las
através dos seus atos que entraram para a História. Assim, o padrão para
estabelecer as suas personalidades é o mesmo que eu uso para os acontecimentos
e que também é usado na academia pelos historiadores. Primeiro, é necessário observar
o que conhecemos, quais são os indícios materiais. Em seguida, eu, assim como o
historiador, tenho a liberdade para imaginar uma narrativa que abarque tudo
aquilo, desde que não contradiga os próprios fatos. É como se os indícios
materiais tivessem poder de veto, ou que eles afunilassem as interpretações
possíveis. Assim é para os grandes acontecimentos, assim como para os mais
íntimos pensamentos de uma pessoa, para um resultado verossímil e historicamente
apurado.
Foto: Hanna Carolina/Mundinho da Hanna |
5. 5. O livro parece ter um
final fechado, embora sabemos que é apenas uma parte de nossa História.
Pensando assim, podemos esperar uma continuação de Novo Mundo em Chamas?
R. Você captou! Sim, pretendo fazer continuações e eu já até sei como a história se desenvolve e termina. Mesmo assim, optei por fazer um livro que é, de certa forma, de volume único, com uma história fechada. É do que eu particularmente gosto como leitor!
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6. Quais são os estilos literários que você mais gosta de ler? Tem algum(a) autor(a) que te inspira em seus trabalhos?
R. Eu sou apaixonado pelos dois gêneros que considero irmãos: a ficção histórica e a ficção científica. Um olha para o passado e o outro, para o futuro, mas as temáticas costumam ser semelhantes. O autor que tenho mais curtido é o Ken Follet, considero um clássico vivo. Eu me sinto atraído pelo que não é da banda rica do mundo ocidental, acho refrescante autores como o García Márquez, a Isabel Allende ou a Chimamanda. No Brasil, o autor mais legal que li nos últimos tempos é a Ana Paula Maia, acho gostosa demais a escrita dela. No geral, prefiro ação, de roer as unhas, em oposição a tramas muito psicológicas, embora haja exceções, como a nossa Clarice Lispector.
7. Falando em estilos literários, você pretende focar mais em Romances Históricos, ou gostaria de se aventurar em outro gênero literário um dia?
R. Por enquanto, vou seguir com Romances Históricos, acho que é algo que eu simplesmente devo continuar fazendo. Estou convencido de que precisamos disso no Brasil. Por outro lado, será que eu tenho uma trama de ficção científica pronta para ser escrita? Sim, eu tenho.
8. Você tem algum “ritual” para te inspirar no processo criativo (música, mania, etc.)?
R. Eu penso assim: o livro é legal se o autor for legal. Mas alguém é legal com fome? Não! E a pessoa com muito sono é divertida? Não mesmo! Então, primeiramente, é bem importante um corpo satisfeito. Isso significa alimentação, exercício físico e sono em dia. Isso vale para tudo na vida, mas certamente é importante ao fazer algo que fica, como a escrita de um livro. Eu gosto de ter um esqueleto da cena pronto com pelo menos um dia de antecedência, para o meu subconsciente já ir trabalhando. Logo antes de escrever, eu medito. Levo uns 15 minutos para entrar num estado emocional neutro. Em seguida, mais uns 10 minutos para direcionar minhas emoções para o que for dominante na cena. Por exemplo, se será sob o ponto de vista de uma pessoa dominada pela raiva, eu me rumo a isso na meditação. Quem já leu Novo Mundo em Chamas pode imaginar os momentos que eu passei escrevendo certas cenas.
9. Ser autor independente é bem difícil, especialmente no Brasil. E você já começou com uma obra belíssima, e ainda com livro impresso. Conta um pouco para gente como foi esse processo de editoração.
R. Muito obrigado pelo elogio! Olha, ser autor independente é um desafio legal demais. Eu particularmente amei ter o controle do processo, gostei de ir à gráfica para ver se estava saindo do meu jeito, adoro conversar com leitores. A sensação de alguém ler o livro e mandar uma mensagem elogiosa é até difícil de descrever, às vezes é de marejar os olhos de alegria. Eu não recomendo nada para ninguém, até porque ser autor não é algo a ser recomendado, só a pessoa pode refletir e decidir. O que posso dizer é que eu amo. Não digo que jamais assinaria com uma editora, mas no momento não está nos meus planos.
- Leia também: Entrevista com a autora Talita Salvador
10. Tem algum recadinho para deixar aos leitores do blog?
R. Em breve teremos mais um lançamento, que estou amando fazer! Vai se chamar “Guerra dos Mil Povos”, uma história que se passa no litoral do Sudeste do país, logo no início da colonização, quando eram os nativos lutando contra portugueses. Tem batalhas navais entre canoas indígenas e naus portuguesas, em plana Baía da Guanabara. Acompanhe pra não perder mais esta história!
E essa foi a postagem de hoje. O que acharam da entrevista? Já tinham lido Novo Mundo em Chamas?
Oi, Hanna. Tudo bem? Que entrevista bacana! Eu não li o livro, mas certamente é uma obra que me agradaria se viesse a ler, pois gosto do gênero. Sucesso ao autor e parabéns ao entrevistado e a entrevistadora. Abraço!
ResponderExcluirhttps://lucianootacianopensamentosolto.blogspot.com/
Oi Hanna, tudo bem?
ResponderExcluirAdorei a entrevista. Deu pra sentir quando estudo e dedicação foram necessários para criar o livro. Admiro autores que investem nisso pra construir uma história crível.
Beijos,
Priih
Infinitas Vidas
Sim! Foi realmente um trabalho árduo, e que rendeu frutos muito bons. Uma verdadeira aula de História, viu? ^^
ExcluirQue entrevista maravilhosa! Adorei a vibe do autor e fiquei curiosa sobre sua obra!
ResponderExcluirBjs
Imersão Literária
Que bom que gostou! ^^
ExcluirQue incrível, ainda não conhecia o trabalho do Viktor, mas amei a história abordada no livro! <3
ResponderExcluirwww.kailagarcia.com
Realmente é uma história incrível... e nossa História... rs
ExcluirMuito bacana as entrevista que você costuma nos trazer aqui no blog.
ResponderExcluirArrasou :)
https://www.heyimwiththeband.com.br/